30 novembro 2018

Jorge Amado, José Saramago e Alberto Moravia em retratos feitos por Setúbal em P&B.

ALBERTO MORAVIA/ Versão 1. Moravia, italiano de Roma, foi escritor, jornalista, roteirista de cinema, crítico cinematográfico, membro do Parlamento Europeu. Retrato executado com bico de pena, fundo feito com nanquim passado sobre aplicação de vela em papel Westerprint 120g.
ALBERTO MORAVIA/ Versão 2. Alguns dos muitos livros que o escritor italiano Moravia escreveu, foram adaptados para o cinema, a exemplo de O desprezo, dirigido por Jean-Luc Godard, e O conformista, de Bernardo Bertolucci. Retrato esboçado em papel Opaline 120 g com grafite 2B, arte-finalizado com caneta nanquim, pincel e nanquim Talens.
 JORGE AMADO, escritor brasileiro, nascido na Bahia, cultuado em todo o mundo. Seus romances tiveram adaptações para a TV, em novelas e minisséries, e para as telas do Cinema. Retrato feito em papel Opaline 120 g, esboçado com grafite 2B e arte-finalizado com caneta nanquim. Fundo feito com retícula xerocada.
JOSÉ SARAMAGO, escritor português, considerado o principal responsável pelo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa. Foi o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1998. Retrato feito sobre papel Schoeller Hammer / 1G/1R 150g, tendo sido esboçado com grafite B e arte-finalizado com caneta nanquim. Fundo feito com retícula xerocada.

29 novembro 2018

Jorge Luis Borges, Affonso Romano de Sant'Anna e Lina Bo Bardi retratados em cores por Setúbal.

 JORGE LUIS BORGES, escritor, poeta, tradutor, crítico literário e ensaísta argentino. Esboço com grafite B, arte-final com caneta nanquim, cores feitas com ecoline à maneira de aquarela. Clicando sobre esta e as demais ilustrações você as amplia.
AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA, escritor e poeta brasileiro, nascido em Minas Gerais. Esboçado com grafite 2B, arte-finalizado com caneta nanquim, pintado com tinta ecoline.
Achilina Bo, mais conhecida como LINA BO BARDI, arquiteta modernista ítalo-brasileira, nascida em Roma, Itália. Foi Lina quem projetou o MASP e idealizou e dirigiu o MAMB. Retrato esboçado com lápis e pintado com tinta guache.

27 novembro 2018

Literataços, poetaços e cartunistaços / Postagem no Facebook number 5

Anos e anos de trabalho ilustrando toda sorte de texto para jornais, revistas e livros me possibilitaram a fortuna de manusear e ler em primeira mão originais escritos por quem domina a difícil arte de bem saber escrever. Em injusta contrapartida - hélas, hélas! - também fui obrigado a assistir a um interminável desfile de escribas ilegítimos que se julgam detentores da raríssima habilidade de tratar com intimidade e maestria as palavras. E assim pensando nos impingem uma profusão de escritos, invariavelmente alambicados, acacianos e rebarbativos, acometidos que são por deletérios achaques literários que certamente fazem o velho e bom Machado revirar-se no mausoléu qual um irrequieto dançante de hip-hop. O mais das vezes por tais pretensos literatos ignorarem que são portadores de um grave mal, muito comum neste século, de nome científico egoinfladozitis exasperantis, enfermidade que nem sempre é silenciosa, como muitas vezes é estridente. Empunhando impunemente penas, esferográficas e teclados saem por aí de forma inadvertida atropelando o vernáculo, estuprando métricas e sintaxes incautas, violentando as mais inocentes ortoépias. Tudo tem um limite nessa vida. Foi por não suportar mais conviver com essa gente e suas veleidades malsãs que decidi abandonar meu trabalho na imprensa tupiniquim e desistir de vez de continuar morando em um país de tanta mediocridade travestida de mérito, tanto tráfico de influência torpe, tanta incompetência premiada indevidamente. Hoje, confortavelmente instalado no Soho, aqui na Big Apple, sou a própria imagem da realização. Ah, pobre literato Lima Barreto, pobre Isaías Caminha, obrigado pela necessidade a desperdiçar seus dias em uma redação com aquela corja de peralvilhos. Se houvesse largado tudo e se mandado para um centro mais evoluído como fiz, certamente alcançaria sucesso similar ao que consegui. Hoje, meus céus são de brigadeiro, meus mares são de almirante, minha vida é um mar de rosas e aqui da minha cobertura no Soho, saboreando um maravilhoso Romanée-Conti safra 1892, olho o mundo de cima.
 ***Torcida brasileira, é a última volta do ponteiro! Hoje é o derradeiro dos cinco dias das minhas postagens conforme o inviolável regulamento aqui proposto, se é que há alguma coisa inviolável nesse país. Posto três caricas que publiquei em gazetas e revistas. Cada arte vem acompanhada da respectiva técnica utilizada, não há segredos. Meus mais respeitáveis agradecimentos ao indômito cacique paraense Biratan pelo convite de participar nesse projeto de artistas publicando sua arte no Facebook.

1. AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA E MÁRCIO SOUZA. Papel Opaline, 180 gramas, grafite B, caneta de ponta porosa, tinta Ecoline, lápis Caran D’ache e algumas migalhas de Photoshop.
2. GILBERTO GIL, MARIA BETHÂNIA, CAETANO VELOSO, GAL COSTA no show OS DOCES BÁRBAROS, em sua primeira versão. Papel Opaline, 180 gramas, grafite B, caneta nanquim descartável, tinta Ecoline, lápis Caran D'ache, algumas migalhas de Photoshop.
3. IRMÃ DULCE. Papel Opaline 180 gramas, grafite B, tinta Ecoline, lápis Caran D'ache e umas gotículas de Photoshop.
(12/02/15)

Ramona Fradon, uma desenhista de quadrinhos norte-americana, e seus desenhos maravilhosos / Texto 1.


O mundo das Histórias em Quadrinhos, como qualquer manifestação ou segmento da nossa sociedade, artístico ou não, traz em si sinais evidentes do comportamento humano predominante, sejam positivos ou negativos. Jornais, revistas e TV quando noticiam ou deixam de noticiar qualquer coisa fazem a notícia chegar ao público com as marcas de suas influências, forma de pensar, conveniências, seus interesses comerciais e políticos. Por vezes não noticiar algo também é indicativo claro desses interesses sejam individuais ou de grupos, que no mais das vezes não correspondem aos interesses da população.  Não fosse isso o bastante, ainda há nas coisas veiculadas sinais indicativos do pensamento pessoal, individual de quem escreveu o texto a ser veiculado ou do editor que determinou o tipo de enfoque a ser dado na matéria ou artigo a ser publicado. Para uma multidão de leitores desatentos ou mesmo alienados, tais coisas passam despercebidas. No entanto, há os mais antenados, os atentos, os que leem além do que geralmente se publica, que sabem perceber as coisas contidas nas entrelinhas ou decifrar verdades na forma como foi escrito um texto. Assim é que ódios diversos, preconceitos religiosos ou de cor ou de etnia ou de gênero costumam ser engolidos, consumidos, digeridos, assumidos por milhões de pessoas mundo afora, sem serem filtrados pela mente, com a necessária atenção e bom-senso. E esses ódios e preconceitos são digeridos de forma muito rápida e quase instantaneamente se instalam nos cérebros desses seres mais desavisados. Pessoas assim não conseguem enxergar nos textos e notícias veiculados o racismo, a misoginia, a homofobia,a exclusão social, o reacionarismo, as palavras de ordem do extremismo, a exaltação de líderes nefastos, a propagação de ideias repletas de aberrações sociais e políticas ou coisas menos graves mas, ainda assim, nocivas. Evidentemente um assunto tão complexo como esse não se esgota em uma pequena postagem como essa. Longe, muito longe disso. Mas esse meandro todo serve para colocar em questão o tratamento diferenciado e injusto dado às profissionais mulheres em relação aos homens. E aí volto às histórias em quadrinhos, já que quero me referir especificamente a uma profissional dos quadrinhos de altíssima qualidade, dona de uma extensa e extensa produção dentro do universo da chamada Nona Arte. Essa profissional, uma norte-americana, chama-se Ramona Fradon. Quem?!?, é a pergunta que muitos quadrinhomaníacos se farão por saberem de cor uma extensa lista de nomes e nomes de famosos desenhistas de quadrinhos e  não terem jamais lido algo sobre essa extraordinária desenhista. Justamente porque o tratamento dado a uma mulher profissional não é o mesmo dedicado a homens, como na imensa maioria dos setores profissionais, artísticos ou não artísticos. Como se fosse natural, homens são endeusados e mulheres tratadas como seres que merecem apenas o papel de coadjuvantes e que devem se conformar com isso. Posto aqui alguns desenhos de Ramona para que vejam a fera que ela é e sempre foi. Certamente a reação de muitos será de surpresa ao ver que, sim, já conheciam e admiravam tão lindos desenhos, apenas não sabiam se tratar de uma mulher. Não uma mulher qualquer, uma mulher que provou ao longo de sua vasta e ininterrupta produtividade ao longo de seus atuais 90 anos, que o talento e o poder de realização da bela e sempre amada arte das HQs não é um campo restrito a privilegiados do gênero masculino. Viva, Ramona Fradon com seu maravilhoso talento!
(26/08/16)

Norman Rockwell / Uns caras que eu amo 3

Na Internet temos todos acesso a um incalculável número de belíssimas ilustrações digitais. Artistas realmente habilidosos produzem-nas com inegável competência e é sempre bom ver muitas delas porque são realmente magníficas, deliciosas. Mas uma ideia me ocorre sempre: Norman Rockwell era um artista fantástico que fazia tudo isso que fazem os grandes ilustradores de agora, mas fazia sem utilizar computador algum. Não usava nada além de prosaicos pincéis, tintas e telas. Para ele isto bastava para atingir a fama incontestável de gênio que a faz jus. Com uma vantagem sobre os atuais ilustradores e pintores: ele não se limitava a fazer reproduções perfeitas como muitos o fazem, ele ia muito, muito mais além, tendo uma capacidade de transmitir em minúcias, cenas do sonho americano, o tal american way of life, os anseios, alegrias, emoções de pequenos instantes da vida comum dos cidadãos aos quais dava uma dimensão sem precedentes. A paixão, o preconceito, as descobertas de infância e adolescência, a solidão, os temores, o amor materno e todos os demais amores, a ansiedade, a angústia, a maledicência, a solidariedade, o preconceito mais indizível, a comoção, as certezas, as esperanças. Tudo isto e muito mais traduzindo como ninguém o sentimento do americano médio, do pobre, do rico e da raça humana como um todo. Mostrava ele um olhar atento ao seu tempo, à vida como um todo. Sem jamais esquecer apaixonantes pitadas de humor e a mais refinada ironia. Fazer belos trabalhos gráficos muitos fazem e o computador em muito ajuda nisto. Mas ter o olhar atento e aguçado e ser tão talentoso quanto Norman Rockwell, bem... aí é outra história.
(040513)

26 novembro 2018

As Histórias em Quadrinhos e seus implacáveis inimigos

É inegável que a linguagem das histórias em quadrinhos é envolvente e extremamente comunicativa. Tão impactante é que a grande maioria das pessoas que leem uma HQ pela primeira vez costuma se apaixonar de cara por essa forma de expressão, seduzida pelo seu aspecto visual cheio de alternativas, pelo texto que se alia aos desenhos instigantes, pela criatividade que geralmente os personagens contém, bem como pela forma dinâmica de narrar que aguça a curiosidade dos leitores a cada página lida, assemelhando-se à narrativa do cinema. Essa paixão, que ocorre literalmente à primeira vista, costuma ser duradoura na vida dos que se iniciaram na leitura das histórias em quadrinhos. Mas nem tudo são flores no universo da chamada Nona Arte. Em meados do século passado, quando os quadrinhos começaram a ser publicados em larga escala nos Estados Unidos, logo começaram a alcançar uma grande parcela de leitores e um abrangente espaço no panorama cultural. Tudo corria bem até surgirem ferrenhos opositores da nova linguagem que nela enxergavam uma arma maligna e poderosa capaz de destruir corações, mentes e o próprio país. Um dos mais lamentáveis  ataques aos quadrinhos nos EUA partiu do psiquiatra Frederic Wertham, que em 1954 escreveu e publicou o  livro "A Sedução dos Inocentes", em que atacava impiedosamente os quadrinhos, neles só vendo enormes malefícios. Além dele, um grande número de políticos arrivistas, de religiosos, setores mais conservadores da sociedade ianque  e grupos reacionários colocavam as pessoas em pânico propagando que a sociedade estaria seriamente ameaçada por inimigos tenebrosos, infiltrados silenciosamente em diversas atividades da vida cotidiana dos ianques, prontos a destruir o país e seus inocentes cidadãos. O setor cultural foi uma grande vítima dessa absurda e estapafúrdia mentalidade paranoica. Livros, filmes, peças de teatro, artes plásticas foram atingidos de forma impiedosa pelos ditames de grupos retrógrados sob o pretexto de defender o país e sua coletividade, a moral e os bons costumes, de um ataque maligno que só eles enxergavam com suas mentes equivocadas. Tendo criado o clima de medo e apreensão, os reacionários empreenderam uma pretensa cruzada em nome da moralidade e dos bons costumes, fazendo linchamentos morais e cometendo toda sorte de injustiças contra artistas e escritores, censurando peças de teatro, filmes, fotografias, livros e tudo que eles entendessem como sendo antiamericano.  Perseguição ainda mais devastadora sofreram os quadrinhos, já que contra eles os detratores não se limitavam ao absurdo de impor uma sufocante censura, queriam erradicá-los sumariamente da face da Terra, numa trama maligna idêntica aos planos maquiavélicos dos mais sórdidos supervilões das HQs.
Felizmente para os mais racionais, se essa mentalidade retrógrada influenciou uma parcela menos informada da população, também provocou forte indignação entre pessoas de reconhecido valor nas áreas culturais, bem como de respeitados intelectuais, gente com visão mais equilibrada e vanguardista que se insurgiram contra tanto reacionarismo e possibilitaram aos quadrinhos a possibilidade de existir como o notável meio de comunicação que é. Ruim para os reacionários de plantão, ótimo para os apaixonados pelos quadrinhos. 
(28/10/15)

16 novembro 2018

Confissão de padre pra padre / Humor de graça

Novela e polícia / Humor de graça

(30/04/12)

Dedo-duro convicto / Humor de graça

(221013)

Quentin Tarantino e oito pessoas com motivos de sobra para serem odiadas.

Por algumas décadas, ali pelos anos quarentas aos sessentas, filmes de farwest eram vistos por milhões de pessoas em todo esse planeta azulzinho. Imensa era a legião de apaixonados por tais películas com seus elencos sempre formados por grandes astros, feito John Wayne e Randolph Scott, e por clássicos como Shane, No tempo das diligências, Rio Vermelho, Matar ou morrer. Os tempos foram mudando, as pessoas, idem, os gostos e interesses mudaram junto. E vieram os filmes sobre o velho oeste feitos na Europa, notadamente na Itália. Mostravam um novo jeito de se fazer westerns, com closes e big closes, protagonizados por sujeitos com barba por fazer, cabelos despenteados, roupas empoeiradas, habitualmente uns anti-heróis de caráter dúbio, para dizer o mínimo. Viraram uma febre mundial. Essa nova onda durou um bom número de anos, mas acabou passando também e hoje o filão já não domina o cardápio do público consumidor, mas filmes de farwest ainda são uma paixão de muitos e, ainda que sem ter a mesma aceitação popular de antes, o gênero não morreu. Volta e meia um bom cineasta resolve revisitar o tema. Dois desses moviemakers são Jim Jarmusch, com Dead Man, estrelado por Johnny Depp, e ainda o diretor Quentin Tarantino, com The hateful eight (Os oito odiados), de 2015, que traz um grande elenco, onde se sobressaem Samuel L. Jackson, Kurt Russel, Michael Madsen, Tim Roth, Jennifer Jason Leigh. Quentin Tarantino, em verdade, não é um estreante nos westerns, já havia feito Django Livre, de 2013. Em ambos ele se vale de personagens negros, trazendo à tona as questões raciais, coisa nada encontradiça nos westerns tradicionais - a não ser nos tempos dos Race Movies e na fase Blaxploitation - um ingrediente extra nas suas tramas intricadas, cheias de mistérios e segredos, onde as pessoas nem sempre são o que parecem ser. Em Os oito odiados, a exemplo dos spaghetti westerns, Quentin lança mão de toda sorte de anti-heróis, caçadores de recompensas, quadrilheiros, assassinos frios. A mentira, violência e o sangue jorram fartamente em em meio a um cenário em que toneladas de neve e uma incessante nevasca tornam-se parte importante da trama. Para a trilha sonora, Tarantino chamou ninguém menos do que o consagrado compositor Ennio Morricone, de enorme talento e uma vasta e irretocável contribuição para o cinema, tendo na sua rica bagagem uma expressiva participação nas mais belas trilhas sonoras de westerns made in Italy, como a de Il bello, Il brutto, Il cattivo, que consagrou de vez Clint Eastwood como ator, seguramente a mais bela e conhecida trilha musical já feita para filmes sobre o velho oeste. Essa semana me deliciei revendo o filme de Quentin, uma autêntica jóia da sétima arte. Para você que sabe o que é bom, esse filme é encontrável no Youtube, com direito a áudio original, legendas em espanhol, e imagem em HD. Não importa o gênero que resolva filmar, Tarantino sempre nos brinda com filmes que fazem o deleite dos que amam a grande arte do Cinema.

15 novembro 2018

O futebol e seu pitoresco idioma, ilustrações e paixões

Futebol e desenho são duas das minhas grandes paixões. O primeiro anda meio em baixa, notadamente o meu amado Timão, que não faz muito encantou o mundo sendo, com todos os méritos, campeão mundial interclubes em Tokyo, mas que, no momento em que faço esta postagem, anda em maré baixíssima, flertando com a série B do Brasileirão, nossa velha conhecida, com a qual a Fiel Torcida não quer conta nem intimidades. Quanto ao desenho, segue em alta em mi corazón de melón, de melón, melón, melón, melón. Desenhar é paixão antiquíssima, imorredoura, um prazer enorme que vem desde o mais tosco dos rafes até à arte final, em P&B ou a cores, em um programa de computador ou na base da old fashion way, rabiscando no papel com lápis ou lapiseira e grafite, arte-finalizando com pena G ou mosquito ou com canetas de nanquim. Estas duas ilustrações foram feitas para o livro A língua da bola, escrito por Edilson de Lucena, de quem sou fiel parceiro nessa empreitada literário-futebolística. Usei nelas grafite 2B, caneta nanquim do tipo descartável. As ilustrações do livro são em P&B, e para postá-las aqui, coloridas, vali-me de umas gotículas de Photoshop, idolatráveis leitores.

13 novembro 2018

Batman em luta titânica contra todos os fundamentalistas

 
Nos quadrinhos, na telona do cinema, na telinha da TV, Batman sempre agradou. Muitos são os fãs que preferem a versão que mostra o cara como um herói soturno, sombrio, misterioso e implacável em filmes e HQs. Já eu, geminiano da gema, sempre curti de montão aquele Batman dos seriados plenos de humor e onomatopeias com Adam West e Burt Ward, que deixam de cabelos em pé tais fãs mais ortodoxos e, de quebra ainda, magotes de fundamentalistas que se assumiam como inimigos de qualquer herói de HQs, além das próprias HQs, claro é. Sim, eles já existiram e hoje, se não extintos, conservam-se silentes devido à imensa paixão que atualmente a maioria das pessoas professa ter pelas histórias em quadrinhos. Hoje dizer que os quadrinhos são arte do diabo, que desencaminham criancinhas desavisadas pega muito mal e ninguém faz sucesso com um discurso arcaico e equivocado desses. Mas um dia, pasmem, isso já aconteceu e de com força. Os tais fundamentalistas num passado não muito distante mostravam suas caras assustadores e eram tão malucos quanto qualquer fundamentalista. Muito devido a estes caras e a maneira como viam o Bat-seriado e muitas HQs, foi que surgiu a tal teoria contida no livro "Seduction of the innocent", de Frederic Wertham - o Diabo o conserve - que redundariam no Comics Code Authorithy, de triste memória, e no Código de Ética, versão brasileira desta insanidade criada para salvar nossas almas do inferno e que só fez foi dar mais um golpe no movimento pela nacionalização dos quadrinhos neste patropi abençoá por Dê e bonipornaturê, prejudicando em muito os desenhistas dessas plagas tupinanquins, digo, tupiniquins. Usei neste desenho uma bat-caneta nanquim 0.5, um bat-pincel seco, um bat-reticulado e um precioso bat-graminha de Photoshop. Santa informática, Batman!
(Publicado originalmente em 29/03/14, antes, bem antes que o Grande Morcego subisse aos céus)

Floriano Teixeira, um artista plástico maravilhosamente iluminado.

Nas artes plásticas brasileiras sempre despontaram soberbos desenhistas. Geralmente também exímios na feitura de gravura e artes afins, esses talentosos artistas tinham como marca maior a criatividade, a excelência no conteúdo das idéias, a busca pelo ineditismo, a elegância e a extrema beleza do traço. Não se limitavam ao talento natural com que eram dotados, empenhavam-se arduamente na tarefa de terem os conhecimentos, as qualidades e as necessárias habilidades de serem os melhores. Desses virtuoses do desenho é possível citar de memória os magistrais Poty, Aldemir Martins, Carybé e Floriano Teixeira. Não por coincidência, todos eles brilharam quando usaram seus desenhos para ilustrar livros de notáveis literatos. Jorge Amado, escritor consagrado mundialmente, era grande amigo de Floriano e o convidou para ilustrar romances seus. Santa amizade, bendito convite! O expressivo número de exemplares vendidos possibilitou que milhares de pessoas tivessem acesso ao elegante desenho de Floriano e a consagração nacional veio fazer jus ao talento desse artista que nasceu no Maranhão, viveu no Ceará e veio morar na Bahia. Essas ilustrações para os romances de Jorge Amado deram de fato uma grande visibilidade ao talento de Floriano, no entanto é preciso ressaltar-se que sua arte já era apurada, madura, premiada e consagrada por onde era exibida, quer fossem pinturas em telas, painéis, esculturas, linóleo, gravuras e quaisquer outros meios, já que seu trabalho sempre foi extremamente diversificado. Em todos imprimia a mesma excelência, vez que destinava a cada um deles cuidado igual, produzindo-os com vagar e paciência, usando de extremo acuro para assim manter em qualquer peça produzida a mesma qualidade excepcional. No desenho, seu traço tinha como marca uma rara elegância. Sua linha refinada, inigualável, única, nos conduzia com delicadeza a um universo por vezes pitoresco, sempre pleno de sensualidade, crítica social e um humor sutil da melhor qualidade em que toda a fauna humana brasileira desfilava. O homem comum, o magnata, o operário, o burguês, pescadores, bêbados, noctívagos, pistoleiros, jagunços, coronéis, padres, polacas, morenas frajolas, mulatas, negras, ricos e pobres, a cara e o espírito do Brasil surgindo de seu traço ora limpo e claro, algumas vezes intencionalmente forte e mais carregado, outras vezes com longos espaços preenchidos por caprichadas hachuras. Entre os materiais empregados, canetas para bico-de-pena, pincéis diversificados, lápis os mais variados, meios que serviam para que o desenho de Floriano gritasse bem alto o talento incomparável desse grande Mestre. Suas cores suaves e belas e suas criações, oníricas e sensuais, nos faziam sonhar sonhos felizes e não poucas vezes, lúbricos. Sonhos maravilhosos, pleno de cores e de belezas inesquecíveis, como a arte de Floriano Teixeira.
(10/11/15)

Os afegãos em burca do Sexo perdido / U Sexu nu mundo 8


A vida sexual dos afegãos sempre foi um marasmo, ficando muito, muito agitada e atribulada em tempos recentes devido à presença ostensiva das tropas americanas em seu país, armadas até os dentes e xeretando tudo e mais um pouco. O marido afegão, mesmo não tendo barba, quando estava fazendo sexo oral na sua esposa muitas vezes era confundido pelos ianques com o Osama Bin Laden, se é que vocês me entendem. Aí era tanto tiro para cima dele que o pobre afegão não conseguia mais manter sua torre gêmea em pé.
(011010)

Humor de graça / Bat-sinal acidental

101213


A palavra de Deus, os pescadores de homens e a Rede. / Humor de graça

(20/02/2012)

11 novembro 2018

De Israel, um pouquinho mais do fantástico Hanoch Piven





E como o que é bom deve ser visto sempre, vão aqui mais estas caricas divertidíssimas da lavra do caricaturista israelense Hanoch Piven, um cara que brinca com colagens e que de forma assaz original consegue fazer estas maravilhas contidas nestas postagem mostrando o genial Woody Allen, que um dia dirigiu um filme chamado "Bananas", e mais Bob Dylan, Keit Richards, com sua língua sempre viperina, Iggy Pop e até o nosso brasileiríssimo ídolo Ronaldinho Gaúcho, quando arrasava pelo Barcelona. Vão ao site do cara que lá tem muito mais procês:
 http://www.pivenworld.com
(Publicado originalmente em 29/11/2013)

10 novembro 2018

Gonçalo Júnior e as panelinhas, um mal dos Quadrinhos

Sou fã de Gonçalo Júnior, um cara sério, jornalista competente que entende tudo de Histórias em Quadrinhos e do seu universo, autor consagrado de diversos livros com tal temática. Li este texto escrito por ele e achei por bem reproduzir aqui neste bloguito, devidamente não autorizado, para que leitores conscientes das HQs, desenhistas e demais profissionais da área e todos os interessados no tema possam ler.
O tabu das panelinhas, um mal dos Quadrinhos.
Por Gonçalo Junior

 Você faz parte de alguma panelinha dos Quadrinhos? Ou melhor, acredita que existam panelinhas no meio de quem faz, publica ou estuda Quadrinhos no Brasil? Quando pensei em escrever sobre esse tema, imaginei a primeira reação da parte de quem pararia para ler estas linhas: isso não existe, é exagero, não é bem assim, etc. Na verdade, há panelinhas do bem e do mal, digamos assim. Quase sempre, são grupos de amigos que lutam por objetivos comuns.
Como em qualquer atividade profissional humana, porém, existem as panelinhas nefastas, aquelas que atropelam valores éticos e morais em nome do se dar bem a qualquer custo para seus acampados membros. Ou pelo simples prazer de destruir o próximo. Quem é jornalista sabe bem que muitas vezes o comando das redações é revezado por participantes de poderosas panelas que tomam conta de jornais e revistas. É a turma que está sempre por cima porque um ajuda o outro, acolhe o outro. Se não há vagas, demita-se alguém. Talento? Isso é um mero detalhe, cara-pálida. Em 15 anos de profissão, posso falar com tranqüilidade sobre onde as boas relações levam certos jornalistas. Mas interessa aqui o segmento de gibis. Nesse mercado, talvez o assunto venha embrulhado em desfaçatez, de boicote, de intrigas e fofocas. Canso de ouvir comentários destrutivos sobre alguém que não se deu bem em algum projeto. É como uma vitória pessoal do “Eu não disse? Eu não avisei?”.
A panelinha é uma instituição no mundo dos Quadrinhos Brasileiros e não nasceu ontem. Faz tempo. Num evento que fui recentemente, ouvi uma piada de um amigo que procurava justificar o deserto que havia na platéia: “Era possível juntar numa ante-sala de uma cafeteria de São Paulo os artistas que faziam Quadrinhos no país. Mas não se recomendava fazer o mesmo com os editores, pois eles se matariam e dificilmente um sairia de lá vivo”. Injustiça com os editores, claro. Entre artistas, comerciantes e colecionadores, não é diferente esse tipo de hostilidade que, muitas vezes, tem a ver com panelinhas. Quadrinhos no Brasil são como torcida de futebol. Se um caiu para a segunda divisão, os outros querem vê-lo na terceira. Ou mesmo extinto. Se bem que, entre amigos, os torcedores apenas tiram um saudável sarro. Com os Quadrinhos é diferente. Como diria Raul Seixas, é muita estrela para pouca constelação em alguns casos. É muito ego para pouco espaço. Não me refiro apenas a determinados editores. Falo do "pessoal" de Quadrinhos de modo geral. Quero dizer: como aves de rapina, alguns ficam sobre a cerca de arame na torcida para que o outro literalmente se dane.
Os boicotes são o que há de mais sintomático nisso. É preciso boicotar o evento do outro para que ele aprenda a lição e não faça mais isso. Não me esqueço do dia em que circulou a informação de que uma editora de um amigo havia acabado. Foi uma festa geral, como se todos os outros estivessem acima do bem e do mal. É lamentável notar que momentos ideais para encontros de confraternização e troca de contatos, de aproximação, fiquem sempre vazios. Costumo dividir a "humanidade" e, conseqüentemente, a turma dos Quadrinhos, em três categorias: os que fazem, os que não fazem e os que só fazem falar. O grupo intermediário é a galera do bem, os leitores, os consumidores de gibis, os fãs. Enfim, a ala que realmente me interessa e em quem sempre penso quando escrevo um livro. O terceiro reúne os chamados espíritos de porco, fofoqueiros, intrigueiros, paranóicos, psicóticos. São criaturas que agem pela internet, criam personagens fictícios para ofender, destratar, difamar. Muitas vezes, alguns me colocam em saia justa. Não é fácil trafegar em todos esses meios, uma vez que exige certo tato, certo zelo para não ferir vaidades.
Um problema causado pelas panelinhas é que seus participantes perdem o senso crítico. Em sua visão do mundo, não interessa o que é melhor, mas se foi feito por alguém que tem afinidade com o seu grupo. Ninguém me tira isso da cabeça. Só assim consigo compreender porque eleições como as do HQ Mix causem tanta polêmica, uma vez que confio na idoneidade de Jal e Gualberto, seus organizadores, quanto ao processo de seleção. A rede de amigos tem uma força decisiva nos resultados desse e de outros prêmios. O que não quer dizer que se trata sempre de panelinhas. Mas, dentre os votantes, um número razoável faz parte delas e fecham os olhos para quem está competindo. Não interessa o que os outros fazem. E ponto final. É óbvio, portanto, que o sistema de votação se torna frágil porque fica vulnerável à força de interesses mesquinhos, das torcidas uniformizadas da Panela Futebol Clube. Não se indica ou não se vota numa obra de um editor ou autor "inimigo". Não importa o seu valor, repito.
Não é fácil entrar numa panelinha. Você precisa provar lealdade, que é alguém realmente confiável, sincero, que traga a cabeça de um rival numa bandeja. Quer um exemplo pessoal? Lancei quatro livros num determinado lugar e não me lembro de ter tido o prazer de contar com a presença de um único editor "concorrente" – que foram amigavelmente convidados. A não ser Eloyr Pacheco e Wagner Augusto. Sem querer ofender, isso parece coisa de gangue de rua. Ninguém pinta no pedaço do outro. Patético. Aonde quero chegar? Nos malefícios que todo esse joguinho rasteiro do boicote traz para o mercado de Quadrinhos. Conheço pessoas que dizem de boca cheia: não compro os livros de tal editora. E daí, meu irmão? Não sabe o que está perdendo. O buraco é mais embaixo. Ao invés de arregimentar leitores detonando o concorrente ou a editora que compete com a panelinha que faz parte, acredito que o caminho seja discutir saídas a médio e longo-prazos, pois vejo uma bolha se formar no horizonte.
Essa mesquinharia vai matar o mercado. Não acredito que o número de compradores regulares de gibis tenha aumentado. Pelo contrário. Vejo um sacrifício imposto a um universo reduzido de consumidores, com alto poder aquisitivo, por editores que não competem de forma saudável. Por outro lado, falta a preocupação de que daqui a dez ou quinze anos esse público se renove. A molecada adolescente que lê gibis está sendo desprezada. E tenho dito: adulto não descobre os Quadrinhos, o gosto vem da infância e da adolescência. Ou discutimos esses temas e procuramos revitalizar o mercado, a começar pelo o fim dos boicotes – e mostramos força no setor – ou nos entrincheiramos dentro de uma panelinha, a olhar pela borda e a torcer para que o mundo lá fora se dane."
(Public. origin. 20/09/14)

04 novembro 2018

Wladimir Maiakóvski, Fernando Pessoa, Caetano Veloso e um certo Edu. Pequenos equívocos sobre grandes poetas / Parte 1 de 2

Foi por saber que erra e erra muito, que desde os tempos de Sêneca o homem criou para si o axioma “errar é humano.” Isso parece dar a ele, na verdade a todos nós, seres humanos, certa “licença poética” para incorrer em erronias e equívocos, uma, duas, algumas vezes. Dá-se que muitos abusam da sua salvaguarda para cometerem sucessivos e incontáveis erros, erros à mancheia, que faz o povo pasmar. Dos errinhos pequenininhos, quase imperceptíveis, aos mais grosseiros e paquidérmicos. Uma vaga imensa deles, um tsunami, deslizes de todos os calibres, pesos e medidas, em todos os tipos de assuntos, a começar pelos mais prosaicos. Até mesmo equívocos que versam sobre a Cultura, o que torna tudo mais estranho, pois é de se acreditar que se uma pessoa resolve transitar pelos terrenos culturais, presumível é que essa dita pessoa haja se preparado para emitir opiniões consistentes, embasadas, procedentes, verdadeiramente cultas, como se pretendem. Na prática, isso é diferente, por vezes, muito, muito. Por exemplo, uma considerável parcela dos leitores brasileiros sabe muitíssimo bem que o poema No caminho com Maiakóvski foi escrito pelo poeta vanguardista russo Vladimir Vladimirovich Maiakóvski. Orgulham-se de saber disso. Jactam-se por sabê-lo. Mas... não, o poema não foi escrito pelo grande poeta russo, é da autoria de um poeta brasileiro chamado Eduardo. E não me perguntem como é que alguém, conhecido pelos amigos mais próximos como Edu, tenha podido escrever em 1964, em plena era de chumbo, um poema tão denso, tão forte, tão belo. Digno de um Maiakóvski. Pois Edu, Eduardo Alves da Costa, fez isso. E as pessoas, ainda hoje, mesmo sendo alertadas sobre o equívoco, mesmo sendo esclarecidas sobre quem é o verdadeiro autor do poema, insistem em dizer que ele é de Maiakóvski. Deliberadamente, persistem no erro. Errar pode ser desumano. Ainda no terreno da poesia, as pessoas insistem em atribuir ao maravilhoso Fernando Pessoa a criação da célebre frase “Navegar é preciso”. E não param por aí, de quebra, dão a Pessoa uma luxuosa parceria com o compositor baiano Caetano Veloso, na música Os argonautas, um fado belíssimo, pungente, capitoso, que é um deslumbre escutá-lo, muito especialmente na voz de certas cantoras lusitanas que o interpretam com o coração de fadista, coisa de arrepiar. 
A canção é maravilhosa, a letra é um deslumbre. Mas as coisas são um tanto diferente do que supõe alguns, como bem podemos ver na parte 2 deste post.

03 novembro 2018

Orangotango no tangolomango / Postagem no Facebook number 2

Densa e impenetrável é a selva que me cerca, indecifrável, ameaçadora, ruidosa. Dentre as miríades de ruídos meus ouvidos treinados distinguem o som dos tambores selvagens da amazônica tribo Papaxibé. Mister se faz aqui esclarecer que me refiro à única jângal que conheço, a selva de pedra da Big Apple, onde moro desde tenra infância, tendo aqui sido criado por um orangotango, primata assim chamado por gostar de ouvir o ritmo musical consagrado por Gardel. Quanto ao som de tambor, trata-se meramente do toque do meu celular de última geração, presente que recebi do cacique Biratan, verdadeiro silvícola alencariano, espadaúdo e viril de fazer babar qualquer Ceci. Eis que ele me liga exigindo que eu poste mais três de trabalhos meus no Facebook na qualidade de participante de um projeto envolvendo artistas gráficos. Pois aqui vão eles, preclaro morubixaba.

1. MACHADO DE ASSIS, cidadão brasileiro, mulato, considerado por muitos o maior escritor brasileiro de todos os tempos. Arte feita em papel Opaline, 180 gramas, grafite B, caneta de ponta porosa, cópia xerocada e pintada com ecoline, lápis Caran d'Ache, brilhos e luzes feitas com guache branco e pincel Kolinsky bem como com líquido corretor. Publicado no caderno cultural de uma gazeta.
2. MORTE DE LAMPÍÃO, uma fakexilo, que é uma simulação da arte da xilogravura, feita com guache branco sobre papel preto. Cansa bem menos do que esculpir a madeira com goivas. Ilustração para livro Dadá, do escritor e cineasta José Umberto Dias.
3. GLAUBER ROCHA E ANTONIO DAS MORTES, desenho feito com grafite B, caneta nanquim descartável, recortado e montado sobre retícula xerocada. Ilustração para livro.
(11/02/2015)

Um autóctone brasileiro em Nova York / Postagens no Facebook number 1

Em noite do mais argênteo plenilúnio estava eu aqui em minha cobertura no Soho, Big Apple, empenhado no labor de livrar-me de incômodos pruridos em minhas pudendas partes, quando eis que me chega às mãos uma infomensagem de sinal de fumaça enviada pelo intimorato cacique-cartunista Biratan, nobre aborígene paraense que sói desfilar seu garbo varonil pela jângal, paramentado com seu cocar feito com penas...de nanquim. O nobilárquico silvícola Papaxibé me deixa claro que tenho que postar nesse espaço três rabiscos diários durante cinco luas. Ou é isso ou ele declara guerra contra minha tribo baiana, os índios Akarajés.
1. NELSON RODRIGUES, grafite B, caneta nanquim descartável, alguns vidros de ecoline e um tostão de Photoshop.
2. GARI, lápis HB2, tinta acrílica sobre tela e um grama de Photoshop.
3. ORELHÃO, grafite B, canetas nanquim descartáveis, pincel Kolinsky number 2, um trapinho manchado de nanquim sobre papel Opaline 180 gramas e uma espórtula de Photoshop. 
(11/02/2015)

O cangaceiro ilustrado e MacGyver / Arte que se reparte 1

A imagem do homem do cangaço ficou conhecida mundialmente com o sucesso que acompanhou o filme O cangaceiro, do cineasta Lima Barreto, laureado no Festival de cinema de Cannes em 1953. Essa película conquistou a admiração de cinéfilos dos mais variados países, sendo que foi comprada por mais de 80 países e exibido com êxito absoluto, notadamente na França, onde o sucesso foi tão grande que o filme ficou em cartaz por quase cinco anos seguidos, façanha que nenhum blockbuster da indústria cinematográfica hollywoodiana conseguiu superar ou mesmo igualar.
***E como esse negócio de Photoshop e Illustrator são para os fracos, fiz este desenho utilizando um papel Opaline bem encorpado, com 240 gramas, esboçado com grafite B, sendo que utilizei pincel Kolinsky e um guache branco que logo foi coberto com alguns litros de nanquim preto e enxaguado debaixo de torneira com água corrente para conseguir a textura pretendida. Alguém aí na plateia sabe quem é MacGyver, personagem de antiga série televisiva cuja característica era se safar de qualquer situação usando as coisas mais improváveis que encontrasse em qualquer ambiente que estivesse? Lembro dele ao usar esta técnica que descrevi. MacGyver perde fácil, fácil.
(180215)