21 fevereiro 2022

Cartunistas que optam pelo fascismo, o escritor João Ubaldo Ribeiro, o golpe de 2016 e a verdade apunhalada..


Tenho alguns amigos em alta conta, estimo-os, a eles dedico sincero e desmedido afeto. Que imenso iceberg de tristeza toca minh'alma quando qualquer um deles me revela suas concepções políticas com argumentos oriundos de noticiários de revistas e mídias asquerosamente falaciosas tal como a revista Veja, que já teve dias melhores nos tempos dos Civittas, mas sempre fez opção pelos mais ricos, privilegiados e poderosos, categoria em que se inserem. Esses amigos aos quais me refiro, também costumam cultivar o nada salutar hábito de beberem sofregamente na fontes envenenadas da Rede Globo, JN e GloboNews, comentários da nada digerível de Miriam Leitão. A Rede Globo, sabemos todos muito bem, é propriedade 
da mafiosíssima famiglia Marinho, sendo um dos maiores mananciais de desinformação -e, não raramente, até de fakenews - deste patropi, e de deplorável manipulação dos fatos, sempre ocultando, sonegando ou distorcendo informações por interesses escusos. Recentemente veio à tona a participaçào direta dos Marinhos/ Rede Globo na conspiração em atos de lesa-Pátria feitos sordidamente em cumplicidade com certos juízes, procuradores, CIA e FBI, coisa de estarrecer. Tal conspiracionismo possibilitou o golpe de 2016, uma sabotagem contra a democracia brasileira que colocara no poder um partido ligado ao trabalhismo, coisa que os ricos, os privilegiados e os manipulados soem abominar. 
Voltando aos referidos amigos meus, quando alguns deles me fazem indagações sobre a atual política, partindo do lixo plantado em suas cabeças que creem iluminadas, eles o fazem munidos de absurdas inverdades e vão, convictos, despejando cachoeiras de sofismas ao usarem como argumento as falaciosas acusações veiculadas pelos ditos "órgãos de imprensa", assim com aspas mesmo, por serem valhacoutos de gentes que, a troco de polpudos numerários, lançam mão das mais desonestas falácias, dos mais aberrantes textos putativos e apócrifos para convencer os incautos de que o que dizem e pregam é a expressão da verdade. Desta forma, os citados amigos, nivelam-se àqueles que não podendo frequentar escolas, cresceram profundamente alienados. Disse que sigo gostando desses amigos e gosto muito por qualidades que possuem, mas diante dessas derrapadas diminuíram em muito no conceito que deles eu tinha anteriormente, constrange-me vê-los acomodados - e em péssima companhia - numa canoa furada. Para se aboletar em tão perfurada embarcação, só mesmo quem não é dotado de poder de discernimento, ou quem desconhece a História e as tenebrosas malfeitorias dos mafiosos Marinhos et caterva, com seus envolvimentos, digamos, suspeitosos com a abjeta ditadura militar brasileira de triste memória para quem não engrossa o cordão do autoritarismo. Lamentável é dizer que por aqui não faltam multidões de estultos e de escrotos que glorifiquem essa infame ditadura e que bradem pelo retorno de tão infaustos dias. Fui me tornando um cartunista por admirar o talento, a consciência, a lucidez e a coragem dos meus ídolos do cartum, gigantes como Millôr, Ziraldo, Henfil, Jaguar, Angeli, Laerte. Cartunistas sempre se caracterizaram por mostrarem em seus cartuns grande consciência social e política, desnudando o rei ante seus súditos, por livrar a cara dos desvalidos, dos injustiçados, dos que foram colocados à margem da sociedade. Mas atualmente é espantoso constatar que muitos e muitos que se entitulam cartunistas, de uma forma lamentável pautam seus cartuns, charges diárias e caricaturas pelo conteúdo veiculado pelas mídias mais falaciosas, contribuindo para induzir a um equivocado entendimento dos fatos a nossa população, por mais absurdo que isto possa soar. Dia desses meu amigo Santiago, genial cartunista gaúcho, publicou texto em sua rede social mostrando uma charge torpe de um velho desenhista que publicava na extinta revista Mad, em sua versão brasileira. Fiquei estarrecido ao constatar que o cara concebe e veicula ideias absurdamente fascistas 
 através de seus desenhos que, diga-se, são bons desenhos,  ainda que visivelmente calcados nos de Mort Drucker. As charges que vi deste cara são um poço de ódios, de visão deturpada dos atos e fatos e de preconceitos abjetos, coisa aberrante. Pior é saber que ele não está só, que outros usam o humor para caminhar de braços dados com o obscurantismo como vergonhosamente o fizeram, durante a construção do golpe de 2016, uns caricaturistas da supracitada Veja. 
Voltando às fontes, elas têm fundamental importância na formação dos nossos pensamentos, escolhas, postura política e social. Daí a importância de saber se a fonte em que você bebe é salutar, confiável, ou se é venenosa. Pensar o Brasil, buscar entendê-lo em suas minúncias, seus mistérios, mazelas, tesouros ocultos, males entranhados desde antanho, acertos e descaminhos, não é tarefa fácil como querem muitos precipitados em seus julgamentos levianos e superficiais alimentados pelas falácias ditas em TVs e revistas pertencentes a grupos mancomunados com os sórdidos que nos empurram goela abaixo suas torpezas. É necessário que usemos de cautela e que busquemos ler e ouvir o que dizem as pessoas idôneas com uma história de vida comprovadamente confiável. Gente cônscia, de grande inteligência, que conhece a nacão em seus mais intrincados pormenores, gente de ilibado proceder, que nos fale com clareza as palavras que possam nos conscientizar e nos livrar das mentiras convenientes aos arrivistas e venais, que beneficiem a todos com a verdade dos fatos. Como as encontráveis nos textos do respeitabilíssimo escritor e cartunista Luís Fernando Veríssimo, por exemplo. Ou como as do consagrado escritor João Ubaldo Ribeiro que estão neste texto direto em que ele discorre sobre as chamadas ''reformas de base'', esclarecedor, lúcido, acima dos conceitos ideológicos de esquerda e direita, em uma crônica intitulada "Se reformarem, é para pior", que é encontrável na internet, da qual repassarei, em futura postagem, trechos do que pensou e escreveu JUR a respeito do assunto. Mas já adianto aqui e agora o link para que vocês possam ler na íntegra o que o notável autor de "Viva o povo brasileiro" escreveu - para meu espanto e vergonhoso ceticismo - prenunciando golpe que se deu no ano de 2016, mas que poderia ter rolado antes ou mesmo depois, de acordo com a vontade e os interesses dos que se arvoram a serem donos do Brazil-zil-zil. Não porque fosse JUR uma pitonisa, apenas porque era um homem culto e muito bem informado que conhecia profundamente o Brasil, seu povo, suas eltes, sua História. 
Clique no link:
 http://academia.org.br/artigos/se-reformarem-e-para-piorar
( 03/04/15)

11 fevereiro 2022

Affonso Manta, Ruy Espinheira Filho e a poesia.

Para vocês, perfulgentes,  amantíssimos e mui líricos leitores, vai aqui uma poesia que o vate Affonso Manta escreveu e dedicou ao confrade e amigo, o inspirado poeta Ruy Espinheira Filho, também baiano, que por sua vez era admirador do magnífico fabro poético que era Manta. Nela, Affonso define o que é poesia para ele, poeta em tempo integral


A Poesia
Para Ruy Espinheira Filho

A poesia tem os olhos inocentes.

Inocentes de saberem tudo.
A poesia nos envolve
Como o silêncio do tempo que passa.
A poesia é um pássaro branco
Voando na velocidade da luz.
A poesia embriaga como o vinho.
E nos mantém vivos como o ar.
A poesia é um rio imenso,
Um rio que deságua no infinito.
A poesia é um mar profundo.
Profundo como o mistério da vida.

(161013)

Affonso Manta: um girassol entre os dentes do poeta.

Para o deleite de vocês, leitores de fino trato, vai aqui mais uma dose dos capitosos versos de Affonso Manta, poeta da Bahia, para que todos possam perceber que, além de Gregório de Mattos e Castro Alves, há uma poesia baiana luxuosamente inspirada porém ainda inédita para a maioria das gentes deste país tropical bonito por natureza que, ainda que os fatos insistam em nos contradizer, insistimos em alardear que é um patropi abençoá por Dê. 
O Louco
Enlouqueci, um girassol nasceu na minha boca.
Os pássaros já estão fazendo ninho
Atrás da minha orelha.
Enlouqueci, o azul explodiu em fevereiro.
Vou conhecer Londres no meu bergantim de pirata.
As ruas são-me passarela para bailar.
Não me conheceis, transeuntes?
Não me conheceis, moça de olhos calmos
Do último andar do edifício?
Sou o Louco.
Prometi as chuvas do mês passado.
Prometi as árvores.
Prometi os vinhos.
Prometi este intenso azul de fevereiro.
Faço promessas maravilhosas.
E vede que se cumprem.
Abram as portas.
Chamem vossos filhos.
Chamem vossas noivas.
Os garotos vão rir de mim.
Por acaso, não quereis que as vossas noivas se divirtam?
Não há quem não ache graça
Do meu aspecto excessivo de profeta.
Convidem todo mundo.
Trago uma flor no bolso de dentro do paletó
Para ofertar ao sorriso mais inocente da cidade.
Não tenham medo.
Não faço mal a ninguém.
Sou o Louco.
 

(150314))

Affonso Manta, e seus versos. A poesia é imortal, imorredouro é o poeta.

 
E já que falei no poeta Affonso Manta e já que postei uma poesia de sua lavra, posto aqui outra que boa poesia nunca é demais. A morte levou Manta deste mundo mas antes disso a Indesejada das Gentes ouviu do vate - amante das coisas belas e boas da vida - que ele não iria desinteressado do seu destino, que partiria muito a contragosto. .
Não desejo morrer
Não desejo morrer enquanto houver
No céu estrelas brancas cintilando,
Na manhã clara um pássaro cantando,
Na cama um corpo airoso de mulher.
Não desejo morrer hora nenhuma
E sobretudo no instante presente.
Eu desejo ficar para semente
Carpindo minhas dores uma a uma.
(161013)

05 fevereiro 2022

Merchandising Divina / Frases do Barão de Itararé 4

"A estrela de Belém 
foi o primeiro
anúncio luminoso."
(Já dizia Aparício Torelly, o Barão de Itararé)
(20/10/16)