Anos e anos
de trabalho ilustrando toda sorte de texto para jornais, revistas e livros me
possibilitaram a fortuna de manusear e ler em primeira mão originais escritos
por quem domina a difícil arte de bem saber escrever. Em injusta contrapartida
- hélas, hélas! - também fui obrigado a assistir a um interminável desfile de
escribas ilegítimos que se julgam detentores da raríssima habilidade de tratar
com intimidade e maestria as palavras. E assim pensando nos impingem uma
profusão de escritos, invariavelmente alambicados, acacianos e rebarbativos,
acometidos que são por deletérios achaques literários que certamente fazem o
velho e bom Machado revirar-se no mausoléu qual um irrequieto dançante de
hip-hop. O mais das vezes por tais pretensos literatos ignorarem que são
portadores de um grave mal, muito comum neste século, de nome científico
egoinfladozitis exasperantis, enfermidade que nem sempre é silenciosa, como
muitas vezes é estridente. Empunhando impunemente penas, esferográficas e
teclados saem por aí de forma inadvertida atropelando o vernáculo, estuprando
métricas e sintaxes incautas, violentando as mais inocentes ortoépias. Tudo tem
um limite nessa vida. Foi por não suportar mais conviver com essa gente e suas
veleidades malsãs que decidi abandonar meu trabalho na imprensa tupiniquim e
desistir de vez de continuar morando em um país de tanta mediocridade
travestida de mérito, tanto tráfico de influência torpe, tanta incompetência
premiada indevidamente. Hoje, confortavelmente instalado no Soho, aqui na Big
Apple, sou a própria imagem da realização. Ah, pobre literato Lima Barreto,
pobre Isaías Caminha, obrigado pela necessidade a desperdiçar seus dias em uma
redação com aquela corja de peralvilhos. Se houvesse largado tudo e se mandado
para um centro mais evoluído como fiz, certamente alcançaria sucesso similar ao
que consegui. Hoje, meus céus são de brigadeiro, meus mares são de almirante,
minha vida é um mar de rosas e aqui da minha cobertura no Soho, saboreando um
maravilhoso Romanée-Conti safra 1892, olho o mundo de cima.
***Torcida brasileira, é a última volta do ponteiro! Hoje é o derradeiro dos cinco dias das minhas postagens conforme o inviolável regulamento aqui proposto, se é que há alguma coisa inviolável nesse país. Posto três caricas que publiquei em gazetas e revistas. Cada arte vem acompanhada da respectiva técnica utilizada, não há segredos. Meus mais respeitáveis agradecimentos ao indômito cacique paraense Biratan pelo convite de participar nesse projeto de artistas publicando sua arte no Facebook.
***Torcida brasileira, é a última volta do ponteiro! Hoje é o derradeiro dos cinco dias das minhas postagens conforme o inviolável regulamento aqui proposto, se é que há alguma coisa inviolável nesse país. Posto três caricas que publiquei em gazetas e revistas. Cada arte vem acompanhada da respectiva técnica utilizada, não há segredos. Meus mais respeitáveis agradecimentos ao indômito cacique paraense Biratan pelo convite de participar nesse projeto de artistas publicando sua arte no Facebook.
1. AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA E MÁRCIO
SOUZA. Papel Opaline, 180 gramas, grafite B, caneta de ponta porosa, tinta
Ecoline, lápis Caran D’ache e algumas migalhas de Photoshop.
2. GILBERTO
GIL, MARIA BETHÂNIA, CAETANO VELOSO, GAL COSTA no show OS DOCES BÁRBAROS, em sua
primeira versão. Papel Opaline, 180 gramas, grafite B, caneta nanquim
descartável, tinta Ecoline, lápis Caran D'ache, algumas migalhas de
Photoshop.
3. IRMÃ DULCE. Papel Opaline 180
gramas, grafite B, tinta Ecoline, lápis Caran D'ache e umas gotículas de
Photoshop.
(12/02/15)