29 julho 2019

Cau Gomez, caricaturista e ilustrador

Tudo o que é bom merece ser divulgado para que mais e mais pessoas possam ver e admirar o que merece ser visto e admirado. Posto sempre aqui inúmeros trabalhos e links de gente de todas partes deste mundo, mundo, vasto mundo. Faço isso com muitos cuidados buscando evitar incorrer no erro de olvidar que aqui mesmo onde vivo, nesta afrocidade de Soterópolis - ou Salvador - neste estado da Bahia, Brasil, há uma porção de gente talentosa e que tem trabalho respeitado no mundo todo. É o caso do formidabilíssimo cartunista Lage - que tanta saudade nos inspira - e de Nildão, também cartunista e não menos formidável, jamais acomodado, sempre criando e inovando. E é também o caso de muitos outros mais, como el dibujante cubaiano Simanca, o caricaturista Gentil, o escultor Valtério e, é claro, claríssimo é, o multimídia Cau Gomez de quem sou amigo desde o primeiro dia em que ele chegou aqui na Bahia, vindo de sua Minas Gerais. Sem a camisa xadrez nem o chapéu de palha dos estereótipos, mas bem mineirinho no jeito, no riso, na fala doce. Deste Cau Gomez, hoje cultuado em todo o Brasil graças ao seu fantástico trabalho, mostro aqui e agora algumas de suas artes que dão uma ideia de sua competência: Hugo Chávez, Glauber Rocha, Che Guevara e Jacques-Yves Cousteau. Nem precisava que eu os nominasse, mas já  o fiz , sou um cara de excessivos excessos. São trabalhos desenhados e publicados há já alguns anos. De lá pra cá, o cara já fez muitas coisas novas, já expôs, já publicou aqui e no exterior, e já foi premiado um montão de vezes em várias partes deste orbe azulzinho. Vocês poderão ver mais da arte de Cau Gomez pesquisando na internet seu farto material lá postado. Um dos caminhos é acessar seu blog. E como o serviço aqui neste infoespaço é VIP, meus brodinhos, eis o link: http://caugomez.blogspot.com

(03/07/11)

27 julho 2019

Dadá, a musa do cangaço, Corisco, José Umberto Dias, cineasta.

Um dia na porta de um cinema vi o cartaz de um filme com o grande ator Mario Gusmão de quem eu ficara fã ao ver sua fina estampa e sua bela interpretação em O dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, onde ele - lança em riste - a mando do lendário cineasta Glauber Rocha investia sobre o personagem de Jofre Soares. No dito cartaz, em garrafais letras, escrito estavam esclarecedores dizeres anunciativos, a título de convocação dos passantes e cinéfilos em geral. "Hoje: O anjo negro, de José Umberto Dias". Entrei. Uma sequência extasiante do filme mostrava o Estádio da Fonte Nova em dia de um retumbante jogo futebolístico das duas grandes potências soteropolitanas do esporte bretão, EC Bahia e EC Vitória, o clássico BA-VI, uma ruidosa e fulgurante explosão de cores e de alarido popular. Inesquecível. Um outro dia fui conversar com o cineasta Guido Araújo que produzia sua nova Jornada de Cinema. Coincidentemente o diretor do filme que tanto me empolgara, Zé Umberto, chegou no mesmo momento que eu com igual escopo de falar com Guido. Conversamos, nos apresentamos e ficamos amigos. Ali mesmo ele me chamou para fazer o story board de um filme seu. E depois para ilustrar seu livro Dadá, falando sobre a musa do cangaço. Baseado neste fez um curta de muito sucesso, Dadá, a musa do cangaço. A antiga cangaceira, então costureira e amada mãe e avó, morava num bairro periférico, era muito amiga de Zé Umberto e fui a ela apresentado. Foi com indisfarçável emoção que apertei a calejada mão sertaneja daquela que fora companheira de Corisco. 
Embora as pesoas pensem que nas ilustrações do livro que usei a trabalhosa técnica de xilogravura para as ilustrações, não lancei mão de afiadas goivas nem madeira. O que fiz foi apenas empunhar o costumeiro lápis B e usar guache branco sobre papel preto. Publico aqui esta ilustração em preto e branco para variar um pouquinho dos trabalhos cheios de cor que costumo mostrar. E também para lembrar de Dadá e de nosso amigo em comum, Zé Umberto, gente pra lá de boa que fala ao coração das pessoas através das lentes, áudios e dos celulóides. Saudações sertanejísticas, Dadá de Corisco. E saudações cinéfilas pra você, Zé Umberto, gente boa que é - como dizemos na Bahia - meu amado amigo-irmão.
(080510)

21 julho 2019

As espanholas e seu furor sexual / U sexu nu mundo 2


No imaginário popular, todas as mulheres da Espanha trazem em suas veias o mais puro sangre caliente e por isso mesmo são consideradas verdadeiros furacões sexuais e só piensam naquilo. E se não estão piensando naquilo é porque estão hacendo aquilo. Puro exagero, as espanholas também gostam muito de Artes e dos artistas maiores. Um desses, é o graaaande Picasso que sempre andou de boca em boca entre as mulheres. Se você acha que a seleção de futebol da pátria de Cervantes faz jus ao epíteto de "Fúria Espanhola", não imagina que este título pertence mesmo é às mujeres da Espanha que com seu furor uterino jamais concediam um segundo de descanso ao afamado pintor catalão, enquanto vivo ele foi. Agarravam o Picasso em qualquer lugar, de todo jeito e de com força e não queriam mais largar. E o Picasso tinha que ser muito, muito duro para conseguir dar suas famosas e milionárias pinceladas que qualquer uma disputaria - e bota disputaria nisto - já que levavam à loucura as guapas espanholas que noite e dia assediavam o bravo Picasso. Inúmeras vezes, já sufocado, o catalão apelava pro baixo calão. Apesar de ser um artista de vanguarda, Picasso adorava uma boa retaguarda, e ficava logo todo excitadão quando via um belo Cubismo exposto à sua frente. Segundo outro famoso espanhol, Pedro Almodóvar, diante de Picasso ficavam as Mujeres al borde de un ataque de nervios. Muitas delas, com a Carne Trémula, em um estonteante Laberinto de Pasiones. Descontroladas, mostrando La Mala Educación e escancarando sua Julieta, para ele, Entre Tinieblas, sussurravam: "Mira acá La flor de mi secreto!" e, lúbricas, insinuantes e concupiscentes imploravam: "Hable con ella!". Usando Tacones Lejanos, fêmeas sadomasoquistas histericamente lhe imploravam: "Átame!!", sem Volver atrás e sem demonstrar o mínimo respeito à La Ley del Deseo. Desse modo, como era de se esperar, o pintante catalão foi definhando e acabou morrendo na couve-flor da idade. Muita gente hoje em dia critica Pablo Picasso por ele ter sido um incondicional adepto das corridas de toros, prática que aos poucos vem sendo banida da vida dos espanhóis nestes atuais tempos politicamente corretos. Mas em verdade as plazas de toros eram para ele apenas um porto seguro, um providencial refúgio salvador para onde ele corria na tentativa de encontrar um necessário repouso, já que ali era o único lugar em que as mulheres deixavam o Picasso em paz, pois na arena só tinham olhos para admirar a afamada espada do graaaande Dominguin. Apesar da proibição atual, a verdade é que os bravos espanhóis estão muito acostumados com touros e touradas e por isto mesmo acham este lance de chifres uma coisa muito normal. E é aí, señoras y señores, que entra em cena El Ricardon que, sem vacilar, vai penetrando na arena e em otras cositas más, passando a mão nas castanholas de la chica que emite gemidos e se contorce toda. Evocando o sempre pranteado e eternamente graaaande Picasso, a guapa mocetona entonces, suspirando fundo e revirando os olhinhos, entusiasmada grita: "Olé!!"
(12/01/10)

07 julho 2019

Will Esner e The Spirit / Uns cara que eu amo 2

  Dos meus alumbramentos na minha tenra infância ressoa forte uma HQ carregada do mais negro nanquim mostrando uma casa rudimentar em região de inóspito palude. Um ventilador de teto. Um homem com um jornal na mão que mata as moscas que insistem em pousar em sua mesa, em sua roupa e pele. Ele traz na boca um fumegante cachimbo e sua epiderme transpira por todos os poros enquanto se movimenta, impaciente, em ação mostrada do ponto de vista do alto da casa. Puro cinema em cada cena desenhada no papel. Tais imagens, instigantes, impactantes, colaram-se de forma perene na vida de minhas retinas ainda não fatigadas, na minha memória de infante. Cresci e só mais tarde descobri seu autor: Will Esner. O grande, o magistral, um manancial de criatividade extasiante, jorrando fartamente para o deleite de seus felizardos leitores, tanto no texto quanto nas ideias sempre renovadas. Will Esner. No Brasil ele se sentia muito à vontade por comprovar que aqui possuía uma legião incontável de incondicionais fãs de seu cinematográfico estilo. Entre eles, ói eu, embevecido, torcendo pelo Spirit, com sua máscara e um sorriso no canto da boca, sempre rodeado de belíssimas e voluptuosas vilãs como a nada angelical Satã.
                                                                                (30/10/2013)