04 dezembro 2019

Paris e as mulheres francesas estão em chamas / U Sexu nu mundo 7

        Os franceses sempre deram mostras de possuírem imensos poderes de inventividade e provaram isso apresentando ao mundo la guillotinele crêpe Suzette, le Cancan, la canetê Bic e la Dominique-nique-nique. No entanto, das suas grandes invenções as mais conhecidas são mesmo o beijo francês, o vinho francês, o pão francês e a saída à francesa. A essa última nós, brasileiros, devemos muito do nosso desenvolvimento econômico e social. A História registra que em 1807, na iminência de ter o reino português invadido pelas tropas de Napoleão Bonaparte, o príncipe regente D. João deu uma passativa no beligerante gaulês se picando com toda sua corte para o Brasil, o que foi bom para nosso progresso pátrio. Resumo da ópera: o regente D. João, autêntico português, saiu à francesa. E como os franceses não tiveram o cuidado de patentear essa sua notável invenção, os lusitanos jamais lhes pagaram um escudo, um franco, nem um euro de royalties por ela. Quanto ao quesito sexual, os compatriotas de Sade não ficam atrás. Quer dizer, ficam atrás, ficam na frente, ficam de ladinho, ficam por cima, ficam por baixo, ficam em todas as posições imagináveis e inimagináveis, essas com maior frequência. É fato notório que foram tambem os franceses que inventaram o soutien, feito para ser desvestido beeem devagarinho pelas mulheres, deixando qualquer sujeito, francês ou não, mais doidão e piradão que qualquer aldrabão que se crê Napoleão. Inventaram também o beijo sur le cou - que não é o que você está pensando - e ainda o rendez-vous, o faire minette, o ménage à trois e, é claro, o já mencionado famoso e popular beijo francês. Esse amplo e invejável curriculum vitae confere aos franceses uma grande importância e prestígio, sexualmente falando. Mas é preciso levar em conta algumas particularidades. Caso esteja pensando em ir para a cama com algum ou alguma compatriota de Asterix e Obelix e você é uma pessoa ortodoxa no quesito higiene pessoal, é bom ir com um certo cuidado. É que, procedente ou não, rola por aí um enorme buxixo afirmando que o único banho diário praticado pelos inventivos franceses, é o banho de língua. 
(291210)

02 dezembro 2019

Che Guevara e Bienvenido Granda na Bahia, os cartunistas Cedraz, Nildão, o ICBA.

Nestas fotografias dos anos 70s, preclaros leitores, mister se faz esclarecer unas cositas. Na foto mais acima, um barbudo esconde as mãos de forma suspeita, como se ocultasse uma arma. Santo Dios! Será que se trata do lendário guerrilheiro platino-cubano Che Guevara em incógnita visita à Bahia naquela incendiária década? Na foto central, este cara todo saradão, com bigode de cantor de bolero, será el cantante Bienvenido Granda em soteropolitanos dias? Em caso de identificação positiva, de que estariam tratando Che e Bienvenido naquela animada confabulação da foto número 3? A derrubada do governo militar no Brasil? A construção de uma gravadora especializada em músicas genuinamente latino-americanas sem dinheiro no bolso e sem parentes importantes? Nada disso, gentes, estas fotos todas eu surripiei do blog do Gutemberg Cruz, precisamente de sua série "A hora e a vez dos quadrinhos baianos". Blog maravilhoso, diga-se, para os fãs das HQs, cartuns e caricaturas onde Guto trata do assunto com seu conhecimento de causa, sendo apaixonado, dedicado e competente ao abordar tais temáticas. E para não prolongar o suspense, vou revelando: o evento fotografado é uma soteropolitana exposição de cartuns e quadrinhos lá pelo ano de 76 no Instituto Cultural Brasil-Alemanha, o ICBA, que sempre nos abriu as portas. Ali na foto número 1, o barbudo não é o Chê, é o cartunista e multimídia Josanildo Dias de Lacerda. Ah, suas ilustres pessoinhas acham que não conhecem?! Aí eu lhes pego de jeito, dizendo que esse Josanildo é o amado e idolatrado cartunista, irreverente poeta haikainiano e criativo designer gráfico Nildão, que vocês muito bem conhecem. Pois é, o mesmo Nildão, hoje todo clean, mas que já teve um dia este guevarístico visual como comprova a foto e ele não pode negar mesmo se o quisesse, coisa dos anos setentas. Na fotografia número 2 não se trata de Bienvenido Granda, que era, por razões óbvias, apodado de El bigode cantante. Trata-se, na verdade, do sempre festejado mestre dos quadrinhos Antonio Cedraz, criador do personagem Xaxado e todo um universo de personagens brasileiríssimos. Quem diria, Cedraz já foi, em pretéritos tempos, um galã do tipo machão latino como bem se pode ver, um autêntico Antônio Banderas sertanejo. No papo entre ambos o assunto era, inexoravelmente, os rumos dos quadrinhos e cartuns na Bahia, no Brasil e no mundo. Para mais aprofundados saberes, vai aqui o link pro blog do Guto: http://blogdogutemberg.blogspot.com/
(07/03/14)

Aquarela, sketchbook, família e Clarice Lispector.

Alguns artistas não abrem mão de levarem consigo, onde quer que forem, um providencial caderninho, com o fito de fazerem anotações diversas, sendo um valioso auxiliar. É ali que, por exemplo, compositores, escritores e redatores soem anotar ideias que lhes surgem sem hora marcada nem prévio aviso. Se não anotam...puff! Essas ideias se vão e se perdem por aí, sabe lá Deus para onde elas vão. Desenhistas e pintores também costumam utilizar frequentemente seus caderninhos, atualmente rebatizados com um termo da língua inglesa, sketchbook, o que lhes garante uma importância maior nesse país de infindáveis aculturamentos. Nos meus diversos caderninhos há um monte de desenhos que jamais publiquei. São só estudos, divagações gráficas que podem servir de base para novos trabalhos de desenho ou pintura. Entre tais estudos, está este aí em cima, feito em aquarela bem manchada. Manchas à mancheia, como diria o vate. A temática surgiu inspirada em uma velha foto no meu álbum de família e, por isso mesmo, sempre que revejo, me vem à mente Clarice Lispector e eu acabo sentindo, qual ela, uma imensa saudade de mim.
(04/07/14)