Na Internet temos todos acesso a um incalculável número de
belíssimas ilustrações digitais. Artistas realmente habilidosos produzem-nas
com inegável competência e é sempre bom ver muitas delas porque são realmente magníficas, deliciosas.
Mas uma ideia me ocorre sempre: Norman Rockwell era um artista fantástico que
fazia tudo isso que fazem os grandes ilustradores de agora, mas fazia sem
utilizar computador algum. Não usava nada além de prosaicos pincéis, tintas e
telas. Para ele isto bastava para atingir a fama incontestável de gênio que a
faz jus. Com uma vantagem sobre os atuais ilustradores e pintores: ele não se
limitava a fazer reproduções perfeitas como muitos o fazem, ele ia muito, muito
mais além, tendo uma capacidade de transmitir em minúcias, cenas do
sonho americano, o tal american way of life, os
anseios, alegrias, emoções de pequenos instantes da vida comum dos cidadãos aos
quais dava uma dimensão sem precedentes. A paixão, o preconceito, as
descobertas de infância e adolescência, a solidão, os temores, o amor materno e
todos os demais amores, a ansiedade, a angústia, a maledicência, a
solidariedade, o preconceito mais indizível, a comoção, as certezas, as
esperanças. Tudo isto e muito mais traduzindo como ninguém o sentimento do
americano médio, do pobre, do rico e da raça humana como um todo. Mostrava ele
um olhar atento ao seu tempo, à vida como um todo. Sem jamais esquecer
apaixonantes pitadas de humor e a mais refinada ironia. Fazer belos trabalhos
gráficos muitos fazem e o computador em muito ajuda nisto. Mas ter o olhar
atento e aguçado e ser tão talentoso quanto Norman Rockwell, bem... aí é
outra história.
(040513)