30 setembro 2018

Os argentinos, sexualmente falando / U Sexu nu mundo 4

Os argentinos vivem alardeando que seu compatriota Messi é o melhor jogador de futebol do mundo, que eles são os reis do tango e que a Argentina tem a mais farta fartura de carnes que se pode imaginar, todas de sabor deliciosamente insuperável, despertando incontrolável apetite carnal, sendo que essa coisa de veganos por lá não se admite, e eles tratam do assunto na base da faca. Da faca e do espeto, em uma boa churrascaria, esclareça-se. Bueno, bueno, depois daquele humilhante sapecaiaiá de 7x1 que levamos da Alemanha na Copa de 2014, é fato nosso dantes elevado moral futebolístico anda baixíssimo, estando o Brasil relegado à condição de mero produtor de jogadores que são vendidos
para países da Ásia, Europa, leste europeu ou quaisquer outros que se disponham a comprar.        nossos craques, já não tão craques assim.       o vexame de 2014 ou se iremos confirmar que de fato perdemos a condição de protagonistas e nos tornamos meros coadjuvantes. Enquanto isso, temos que reconhecer que, salvo Neymar, Messi coloca mesmo no bolso todos boleiros profissionais dos maiores times em atividade no Brasil e, de lambuja, os que jogam no exterior. Mas, sin embargo, se os argentinos são os reis do tango, as garotas brasileiras são, disparadamente, as rainhas da tanga. E do fio dental. E do biquini asa delta. Nenhuma compatriota de Gardel & Le Pera há de negar isso, ficando los hermanos de queixo caído ao verem uma brasileira caminhando dentro de uma sumaríssima tanga, exibindo toda sua exuberância e abundância numa praia, ou nos dominicais programas de auditório das mais deseducativas TVs desse patropi. Feministas ortodoxas hão de se exaltar, abominar, se indignar, mas, data venia, no quesito farturas carnais, as mui guapas argentinas perdem de goleada para as sempre bem servidas brasileiras, seja em maminha, chuleta, dianteiro ou traseiro. Uma curiosa curiosidade dos curiosos argentinos é que quando estão com uma mulher na cama para um embate sexual,  os homens só pensam numa coisa: "O Maradona faz isto muito melhor do que o Pelé!". Então la chica percebe logo que linguiça que é bom não vai rolar para ela cair de Boca Juniors. Aí só lhe resta tocar...um tango argentino!
(01/12/10)

28 setembro 2018

Jacques Tati, Monsieur Hulot, a França, o Humor maior / Uns caras que eu amo 6

François Truffaut, Jean-Luc Godard, Allain Resnais, Luc Besson, Louis Malle, Claude Lelouch, Jacques Tati. Mon Dieu!, mon Dieu!, são tantos e tão fantásticos os cineastas que a França já produziu! Reunidos aos mais formidáveis atores franceses, esses cineastas nos brindaram com magníficas obras que engrandecem essa arte maior que é o Cinema, produzindo ricos trabalhos nos mais diversos estilos e gêneros, estando entre eles as mais hilárias comédias. Um bom cinemaníaco que teve a fortuna de ver na grande tela do cinema uma comédia francesa feita por diretor e comediantes de elevada qualidade, jamais haverá de esquecer o que viu. Digo isso e penso logo no sempre surpreendente Jacques Tati, diretor, argumentista, roteirista e ator de formidáveis performances humorísticas que brindou o universo do cinema com inolvidáveis filmes que qualquer candidato a cinéfilo juramentado deve urgentemente assistir. Jacques Tati pode ser chamado de genial que não haverá nenhum exagero nessa assertiva, tão maravilhosamente criativos são seus trabalhos cinematográficos. Seu humor, cuidadosamente estudado, arquitetado, pesado, medido, contém mensagens sutis que revelam o olhar crítico do autor, sendo brilhantemente raro, fugindo dos maneirismos e dos lugares comuns, do humor fácil e rasteiro de certos autores que, equivocadamente, intentam seduzir o público valendo-se de recursos óbvios e criativamente paupérrimos. O humor de Tati é único e caminha por vias próprias, permanecendo no patamar mais elevado da criatividade, diferenciado, pleno de ineditismos, sofisticado, meticuloso, surpreendente. Valendo-se muitas vezes de Monsieur Hulot, seu alter ego, Jacques Tati produziu verdadeiros tesouros do Humor de da Arte. Difícil escolher qual o melhor de seus trabalhos. Pessoalmente adoro “As férias do Monsieur Hulot”, rodado em P&B, uma película para se assistir prazeirosamente um bilhão de vezes, com atenção aos seus pormenores, intentando deslindar cada detalhe mais recôndito concebido pela genial mente de Tati, valendo-se do impensável, de personagens cativantes e gags engraçadíssimas, da música e dos efeitos sonoros, com os quais uma porta pode adquirir status de personagem. Tudo isso vale também para “Playtime” e “Meu tio”. Para quem é fã desse cineasta francês, uma grande alegria foi saber que em 2010 foi produzido uma maravilhosa animação franco-britânica chamada “L’illusionniste”, no Brasil foi batizado de "O mágico". Esse belíssimo trabalho de animação que ganhou, entre outros notáveis prêmios, o César de animação em 2011, foi feito com argumento de Sylvain Chomet, a partir de uma obra inédita de Tati, sempre brilhante e atual. Uma homenagem à altura do fantástico cineasta, ator e ser humano, Jacques Monsieur Hulot Tati.
(25/08/16)

23 setembro 2018

O orgasmo que até Deus aplaudiu / Setubardo fescenino

Ah, que orgasmo divino!
Que coisa mais delirante!
Fui à lua neste instante
Peço perdão pela ausência
Volto ao leito com urgência
Pra te amar com loucura
E pra deixar na fissura
Todos os casais do mundo
Ah, que orgasmo invocado!
Que coisa mais excitante!
Fui à Marte, doce amante
Fui à Vênus, lá no Monte
Sorvendo naquela fonte
O néctar do seu prazer
Volto aos seus braços em febre
Pra que seu corpo celebre
Um rito de ensandecer
Ah, que orgasmo irado!
Que coisa estonteante!
Foi radical, foi chocante
Centenas de maremotos
Milhares de terremotos
Um cataclismo dos bons
Equivalente ao tesão
De mil homens e mil mulheres
Mais de um milhão de amperes
Clareando esta Nação
Ah, que orgasmo retado!
Que coisa mais retumbante!
De repente, num rompante
Soaram suas trombetas
Pletoras de querubins
Rufaram suas baquetas
Um bilhão de serafins
Pois deste orgasmo bendito
Foi tal a repercussão
Que Deus, o onipotente,
Veio do céu pessoalmente
Apertar a minha mão:
"Que orgasmo, hein, meu irmão?!!"
(01/06/2011)

O homem perfeito que todas as mulheres esperavam ansiosamente / Setubardo

Um dia competentes cientistas
Resolveram criar o homem perfeito
Forte, bonito, bom de leito,
Charmoso, grande papo, inteligente,
Físico de deus grego, espirituoso, valente
Então, em um liquidificador gigante
Juntaram uma galera importante:
Adonis, Hércules, Apolo,
Julio Cesar, Colombo, Cabral, Marco Polo,
Bolívar, Che Guevara, Fidel, Napoleão.
Apertaram da máquina um botão
Deixaram misturar com paciência
Acrescentando na sequência
Gene Kelly e Groucho, lá de Hollywood,
Tarantino, Fred Astaire e o bom Woody,
Poetas de muitos bons ofícios:
Maiakovski, Baudelaire e Vinícius,
Shakespeare, Neruda, Borges, Bandeira,
Leminski que estremece a palmeira,
Augusto dos Anjos, Lorca, Drummond
Quintana, tudo de bom,
Lennon, Paul, George e Ringo Starr
E o Jagger, que deixa sangrar,
Todo o Monty Phyton, Tati, Chaplin e Mr. Bean,
Jackson do Pandeiro, Genival e Tom Jobim
Baleiro, Caetano, Gil, João Gilberto,
Raul Seixas, Arnaldo, Erasmo e Roberto
E para complementar
Tal mistura estelar,
Almodóvar, Banderas, Elvis Presley, Brad Pitt
Mistura chocante, pura dinamite.
Concretizado esse homem perfeito
Anunciaram os cientistas seu insuperável feito
E o resultado que deu
Ora, meninas, foi... eu!!
(01/01/2012) 

22 setembro 2018

Biratan Porto, Setúbal e a foto da discórdia em Belém do Pará

Belém do Pará, dia 31 de maio do corrente ano. Esta foto que mostra meu perfil grego, registra o instante em que eu, no larestúdio do cartunista Biratan Porto, sopro um virtual bolo de aniversário, de um dos lados da imagem, enquanto a carica de minha augusta pessoa feita pelo Bira ajuda soprando do outro. Isso foi algo que eu e Bira bolamos na hora e ele clicou para a posteridade. Essas ideias inusitadas surgem do nada da cuca de quem trabalha com humor, uma gente - não por coincidência – mui bem humorada e que leva a vida buscando criar para si e para os que os cercam, momentos felizes, plenos de riso. Só um deslize cometeu o Bira, e não estou falando do físico de bebedor de cerveja que ostento no desenho que ele assaz sordidamente fez. Refiro-me, sim, ao fato dele haver colocado na imagem a ideia de que estou colhendo 66 primaveras no jardim de minha existência, quando em verdade, tenho pouco mais que a metade disso, acreditem querendo, pios leitores. Somos humanos e, portanto, sujeitos a ser tentados pelo coisa ruim a cometer atos malafaios como o que, em momento de fraqueza, foi praticado por esse meu amigo de fé, irmão, camarada. Todos sabem muito bem sabido que Bira habitualmente é um perfeito gentleman, um cavalheiro, um pró-homem, sempre lhano, cordato,  pleno de bonomia e eu, alma nobre que sou, já o perdoei do fundo do meu coração corintiano. 
(25/11/2015)

08 setembro 2018

Diário de bordo: Jerry Adriani e eu em dueto nas nuvens, indo para Belém

Consta que o primeiro dos homens foi feito com uma porção de barro pelo Todo Poderoso que, como bem se vê, tinha lá suas veleidades de escultor. Tendo sido criado, esse primeiro ser da espécie não ganhou a chave da casa própria pelo BNH ou pelo Minha Casa, Minha Vida, ganhou coisa bem melhor: o direito de morar de graça em um verdadeiro Paraíso. Tá bom pra você? Pois pro cara não estava. O papo que rola por aí é que esse primeiro homem não ficou lá muito satisfeito com o divino presente tendo em breve tempo se cansado de bater perna pelos rincões paradisíacos. Ponderou ele que aquilo ali até que era bom mas era também um tanto insípido e fatigantemente monótono. Olhava os pássaros e invejava-lhes os voos livres firmamento afora. Pensou em como seria bom se pudesse voar livre entre as nuvens. Voar, voar, esta ideia virou uma verdadeira obsessão para o homem que só sossegou no dia em que ele inventou o avião e o check in. Para quem há pouco tempo não passava de um montículo de barro, criar o avião e a aviação foi um progresso notável, pois desde que o tal invento não invente de cair e se espatifar no chão, não existe coisa melhor nesse mundão todo. No avião que sigo para Belém indo participar como jurado do VII Salão de Humor da Amazônia, tudo corre maravilhosamente bem e o céu é de brigadeiro - qualquer um menos o Burnier, de triste memória para a Democracia. Desço em Brasília, espero outra aeronave da conexão. Tudo segue correndo numa nice, eu ali de boa, sentado próximo ao Gate 4, quando avisto ninguém menos que Jerry Adriani, cantante que marcou época no Movimento Jovem Guarda, liderado pelo Rei Roberto Carlos. Está ao lado de um grupo que carrega cases com seus instrumentos musicais e conversa de maneira simpática com todos que a ele se dirigem, tira algumas dezenas de selfies com umas fãs que também o reconheceram. Menos por fome e mais pra passar o tempo, vou em busca de um pãozinho de queijo a título de lanche e, quando percebo, Jerry está ao meu lado no balcão fazendo seu pedido à moça do caixa. Não deixo passar batido a oportunidade e o abordo, digo umas quantas palavras que ele ouve, receptivo, simples, afável, a simpatia em pessoa. Despeço-me, agradecendo. Por coincidência ele também está indo para Belém no mesmo vôo que eu e acabamos por nos encontrar algumas vezes, ele entabula conversa, digo que sou da Bahia. Falamos sobre música em geral e sobre axé music.  Ele me diz do caráter excludente desse ritmo para muitos profissionais da área da música, fala que ela praticamente monopoliza o mercado musical, sendo necessário esforço enorme para cantores de outras tendências musicais conseguirem contratos de shows para se manterem com seus trabalhos. Digo-lhe que esse é um problema que também atinge fortemente músicos da própria Bahia, que perdem em visibilidade e espaço de atuação. Papeamos sobre amigos e conhecidos em comum, como Waldir Serrão, o Big Ben, roqueiro das antigas. O papo prossegue já dentro da aeronave. A empatia foi tamanha que em dado momento, para encantamento das charmosas comissárias e dos demais passageiros, em pé, no corredor do avião, entoamos um dueto cantando um dos hits do meu agora velho amigo, “Doce, doce amoooooor...”. Jerry é profissional do canto, tem uma notável extensão vocal, mas quando decido brindar as pessoas com meus dotes canoros, faço bonito, não tem prá ninguém. Repentinamente toda a tripulação e os demais passageiros entraram no clima, se puseram a cantar conosco e o ambiente fazia lembrar um daqueles filmes musicais hollywoodianos. Maravilha das maravilhas! Só quando pisei em solo belenense é que me ocorreu fazer uma selfie registrando para a posteridade meu encontro com Jerry Adriani, cara admirável, dono de uma vasta e belíssima trajetória no mundo da música, gente super, hiper do bem. Se o habitante do Éden, o primeiro dos homens, estivesse a bordo haveria de sorrir, satisfeito e orgulhoso de seu inventivo invento.
(15/07/15)

França Teixeira, Fan Teixeira, Dadá de Corisco, Cangaço

Nos anos 70 me encantou uma entrevista feita com Dadá, viúva do afamado cangaceiro Corisco, tendo sido ela própria uma participante do cangaço integrando o bando do legendário Capitão Virgulino Ferreira, o Lampião. Quem entrevistava Dadá era França Teixeira, célebre radialista, bom de tv, grande comunicador, emérito criador de um estilo carregado de irreverência jamais igualado em rádio. França é o pai da apresentadora Fan Teixeira, que herdou o talento paterno e apresenta com brilhantismo o ótimo programa Balaio de Gato, da TVE. Ouvindo a entrevista, fiquei inebriado pela rica e peculiar oratória da sertaneja revelando passagens que ela vivera ao lado do bando liderado por Lampião. A certa altura da sua fala, Dadá relata que a arma que Maria Bonita, a célebre companheira de Lampião, usava na cintura era praticamente um adereço, não a usando a bela Maria para alvejar as volantes que sem tréguas, sertão afora perseguiam os cangaceiros atirando para matar. Dadá vai além e afirma que ela própria, sim, é que empunhava quando necessário se fazia, sua arma contra os macacos, que é como os cangaceiros chamavam os soldados da volante. Deixando transparecer um vívido interesse, o rosto de França se torna ainda mais rubicundo quando lhe pergunta: "Então você, Dadá, chegava a atirar nos soldados da volante?" Ela, sem pestanejar: "Sim, quando preciso, atirei." França, interessadíssimo, insiste: " Desses nos quais você atirou, algum morreu?" E Dadá, com um sorriso mais enigmático que o de Monalisa: "Que eu visse, não!"
(Publicado originalmente em 19 de julho de 2013)