Por algumas décadas, ali pelos anos quarentas aos
sessentas, filmes de farwest eram
vistos por milhões de pessoas em todo esse planeta azulzinho. Imensa era a
legião de apaixonados por tais películas com seus elencos sempre formados por grandes astros, feito John Wayne e
Randolph Scott, e por clássicos como Shane,
No tempo das diligências, Rio
Vermelho, Matar ou morrer. Os tempos foram mudando, as pessoas, idem, os
gostos e interesses mudaram junto. E vieram os filmes sobre o velho oeste
feitos na Europa, notadamente na Itália. Mostravam um novo jeito de se fazer westerns, com closes e big closes,
protagonizados por sujeitos com barba por fazer, cabelos despenteados, roupas empoeiradas, habitualmente uns anti-heróis de caráter dúbio, para dizer o mínimo. Viraram
uma febre mundial. Essa nova onda durou um bom número de anos, mas acabou
passando também e hoje o filão já não domina o cardápio do público consumidor,
mas filmes de farwest ainda são uma
paixão de muitos e, ainda que sem ter a mesma aceitação popular de antes, o
gênero não morreu. Volta e meia um bom cineasta resolve revisitar o tema. Dois
desses moviemakers são Jim Jarmusch,
com Dead Man, estrelado por Johnny
Depp, e ainda o diretor Quentin Tarantino, com The hateful eight (Os oito odiados), de 2015, que traz um grande elenco,
onde se sobressaem Samuel L. Jackson, Kurt Russel, Michael Madsen, Tim Roth, Jennifer Jason
Leigh. Quentin Tarantino, em verdade, não é um estreante nos westerns, já havia feito
Django Livre, de 2013. Em ambos ele se vale de personagens negros, trazendo à tona as
questões raciais, coisa nada encontradiça nos westerns tradicionais - a não ser nos tempos dos Race Movies e na fase Blaxploitation - um ingrediente extra nas suas tramas intricadas, cheias de
mistérios e segredos, onde as pessoas nem sempre são o que parecem ser. Em Os
oito odiados, a exemplo dos spaghetti
westerns, Quentin lança mão de toda sorte de anti-heróis, caçadores de recompensas, quadrilheiros, assassinos frios. A mentira,
violência e o sangue jorram fartamente em em meio a um cenário em que toneladas
de neve e uma incessante nevasca tornam-se parte importante da trama. Para a
trilha sonora, Tarantino chamou ninguém menos do que o consagrado compositor
Ennio Morricone, de enorme talento e uma vasta e irretocável contribuição para
o cinema, tendo na sua rica bagagem uma expressiva participação nas mais belas
trilhas sonoras de westerns made in
Italy, como a de Il bello, Il brutto, Il
cattivo, que consagrou de vez Clint Eastwood como ator, seguramente a mais bela e
conhecida trilha musical já feita para filmes sobre o velho oeste. Essa semana me deliciei revendo o filme de Quentin, uma autêntica jóia da sétima arte. Para você que sabe o que é bom, esse filme é encontrável no Youtube, com direito a áudio original, legendas em espanhol, e imagem em HD. Não importa
o gênero que resolva filmar, Tarantino sempre nos brinda com filmes que
fazem o deleite dos que amam a grande arte do Cinema.