07 outubro 2019

Batman em um mundo de fundamentalistas e obscurantismo.

 
Nos quadrinhos, na telona do cinema, na telinha da TV, Batman sempre agradou. Muitos são os fãs que preferem a versão que mostra o cara como um herói soturno, sombrio, misterioso e implacável, que sói vociferar com voz gutural terríveis ameaças aos vilões,  em filmes e HQs. Já eu, geminiano da gema, sempre curti de montão aquele Batman dos seriados plenos de humor feito de sutilezas e fartas onomatopeias com Adam West e Burt Ward, que deixam de cabelos em pé tais fãs mais ortodoxos e, de quebra ainda, magotes de fundamentalistas que se assumiam como inimigos de qualquer herói de HQs, além das próprias HQs, claro é. Sim, eles já existiram de forma escancarada, fantasiados de guardiães da moralidade. Quem os consideravam extintos estão vendo que eles apenas se embuçavam nas sombras, silentes, esperando o momento de deixarem os fétidos esgotos em que se ocultavam. Depois da era macartista, a histeria generalizada deu um tempo e dizer que os quadrinhos, que são arte do diabo, que desencaminham criancinhas desavisadas e podem conduzir ao crime passou a pegar muito mal e ninguém faria sucesso com um discurso arcaico e equivocado desses que funcionava de com força nos anos cinquentas. Os tais fundamentalistas nesse passado não muito distante exibiam orgulhosamente suas caras assustadores e eram tão malucos quanto qualquer fundamentalista. Muito devido a estes caras e a maneira como viam o Bat-seriado e muitas HQs, foi que surgiu a tal teoria contida no livro "Seduction of the innocent", de Frederic Wertham - o Diabo o conserve - que redundariam no Comics Code Authorithy, de triste memória, e no Código de Ética, versão brasileira desta insanidade criada para salvar nossas almas do inferno e que só fez foi dar mais um golpe no movimento pela nacionalização dos quadrinhos neste patropi abençoá por Dê, prejudicando em muito os desenhistas dessas plagas tupinanquins, digo, tupiniquins. Nos dias atuais é fácil constatar que perigos assim voltaram a rondar nossas existèncias. O extremismo religioso vem se alastrando com toda sua estupidez e toneladas de preconceitos e moralismos os mais esdrúxulos que retornaram para nos assombrar. O obscurantismo político e social retornou com mais ousadia. Pesa-me dizer que muitos bons profissionais das histórias em quadrinhos mostraram e mostram ser tremendamente alienados ou, pior, que são política e socialmente retrógrados. Triste ver que uns caras que admiramos pelo seus belos trabalhos participaram ajudaram de alguma forma a trazer de volta o que há de pior para a nosso país e, tolinhos, para eles próprios, como o atual momento político com suas leis e decisões que estão afetando de forma profundamente nefasta nossa economia gerando grandes perdas para a população brasileira. Quanto mais a economia for danificada menor será o campo de trabalho dos desenhistas e argumentistas e coloristas e redatores e editores. Incluindo os que apoiaram a volta das trevas. Por serem de curto alcance mental, tais desavisados demorarão a cair em si, caso caiam. E nào adianta iluminar os céus com o bat-sinal, pois Batman também corre grandes perigos contra sua longa existência agaquesística.
Neste desenho acima usei um bat-lápis 2B, uma bat-caneta nanquim 0.5, um bat-pincel seco, um belo bat-reticulado e um precioso bat-graminha de Photoshop. Santa informática, Batman!
(290314)