Quando perdemos Lage este país perdeu um dos seus mais brilhantes cartunistas. Hélio Lage era um profissional do Humor que tinha a capacidade rara de fazer um trabalho social e politicamente engajado, transparente, preciso, que atingia infalivelmente os alvos visados. Isto tudo sem perder a sua excepcional veia humorística, que Humor era com ele mesmo. Os amigos e os colegas das redações de jornais morriam de rir com suas frases espirituosas tiradas de improviso sobre qualquer situação e em qualquer local que ele se fizesse presente. Na charge, no cartum, nas HQs, nas suas tiras, Lage tinha a marca do ineditismo. Seu Humor era algo personalíssimo, original, com um timbre só dele, que eu nunca havia visto, que envolvia, apaixonava, encantava, capturava qualquer leitor inteligente, e tudo isso usando a mais risível, a mais autêntica, a mais louvável e deliciosa sacanagem baiana. Recordo-me claramente de cartuns e tiras feitos por ele há já vários lustros. E ainda rio muito com todos, sou capaz de citar de cor textos dos balões com as falas de seus personagens, da mesma forma que, em filmes norte-americanos, cinéfilos adolescentes citam longos diálogos entre protagonistas de seus filmes preferidos. Lage era universal e ao mesmo tempo, profundamente baiano, seu Humor escreve-se assim, com H maiúsculo. Ele fazia um Humor popular, Humor moleque, Humor intimorato que arrostava os poderosos de plantão. Neste presente tempo em que o Brasil vive dias sombrios, frutos de governantes ilegítimos teleguiados por forças do mal, guindados ao poder por vias de um golpe abjeto e fraudes nefárias, Lage faz falta, muita falta, com sua lucidez, sua coragem, sua sagacidade, seus cartuns reveladores, capazes de traduzir toda a canalhice contida nos atos dos que estão destruindo sonhos, esperanças, vida cotidiana, espalhando o medo, a alienação, a submissão, tornando pó todos os direitos trabalhistas, dando privilégios aos já muito privilegiados, e entregando de bandeja aos gringos nossas riquezas pátrias, relegando o Brasil ao humilhante papel de mera colônia, em um inconcebível e inaceitável retrocesso.
Dona Benedita, mãe de Lage, Seu Anísio, seu pai, acertaram em cheio na escolha de seu prenome, Hélio. Como Hélio, o Sol, Lage brilhou intensamente nesta terra, nesta vida e nos iluminou a todos.
**********Pesa-me dizer que não existe um site unicamente dedicado a Lage, seus cartuns, caricaturas, tiras, quadrinhos e pinturas, e mesmo uma biografia com os detalhes de sua brilhante carreira. Para ver trabalhos do cartunista Lage, há que se procurar no Google ou outro buscador. Também é possível ver uma bela mostra de seu trabalho clicando neste link:
http://www.bvconsueloponde.ba.gov.br/arquivos/File/lage/biografia.html
Dona Benedita, mãe de Lage, Seu Anísio, seu pai, acertaram em cheio na escolha de seu prenome, Hélio. Como Hélio, o Sol, Lage brilhou intensamente nesta terra, nesta vida e nos iluminou a todos.
**********Pesa-me dizer que não existe um site unicamente dedicado a Lage, seus cartuns, caricaturas, tiras, quadrinhos e pinturas, e mesmo uma biografia com os detalhes de sua brilhante carreira. Para ver trabalhos do cartunista Lage, há que se procurar no Google ou outro buscador. Também é possível ver uma bela mostra de seu trabalho clicando neste link:
http://www.bvconsueloponde.ba.gov.br/arquivos/File/lage/biografia.html