Onde anda
Dona Esperança, alguém sabe, alguém viu? Eis que o ano de 2016 vai se
encerrando e abrindo caminho para seu sucessor, 2017. A menos que um decreto ou
mais uma das manobras espúrias do congresso nacional ou do senado altere a
ordem natural das coisas, o que não é de se duvidar dado tantos e tantos
descalabros que já vimos acontecer nesse ano tão aziago, tão infausto para
nossa democracia e para nossas vidas pessoais, para o país, ano esse que ora vai
terminando. Se permitirem, repito, se permitirem, pois podem decidir estender
um pouco mais esses dias tão recheados de desmedidos absurdos e ignomínias
inomináveis, justamente para que eles sigam acontecendo, enchendo de júbilo uma minoria para a qual a coisa é boa assim dessa maneira, não se importando se a grande maioria sofre duros revezes que vão enchendo os dias vindouros de
temores, incertezas, maus presságios, que só os absolutamente alienados não
conseguem vislumbrar. Um ano em que Dona Esperança levou um trompaço, caiu de mau
jeito e está custando a se levantar. Amados e idolatrados leitores, já que esse negócio de começar um Ano Novo
com sentimentos negativos, desesperança e falta de horizontes não é nem um pinguinho bom, nós
próprios, com nossas atitudes e iniciativas, temos que nos ajudar e ajudar Dona
Esperança a se reerguer e seguir caminhando ao nosso lado em 2017. Para essa tarefa contamos com o auxílio luxuoso dos versos e da melodia de Juízo Final, metafísica composição de Élcio Soares e Nelson Cavaquinho, ouro puro, verdadeiro tesouro em que reluz a frase "o amor será eterno novamente". Eterno...novamente?! Uau! Pois, para nosso gáudio, Clara Nunes, com toda sua intensa claridade, um dia gravou tal tesouro. Ao ouvir essa música, esse
canto, não há Dona Esperança que não se recomponha.