Um personagem de história em quadrinhos chamado Xaxado foi
quem me apresentou ao meu amigo Vitor Souza, competente professor de Teologia e
dedicado pastor, designer gráfico e colorista dos melhores. Trocando em miúdos, bem antes de ser amigo de
Vitor eu já o era do desenhista Antonio Cedraz, criador de diversos personagens
de quadrinhos, sendo o mais famoso deles um menino nordestino, um pequeno
sertanejo que usa um chapéu de couro, atende pelo nome de Xaxado e é neto de um autêntico cangaceiro. Cedraz, tão sertanejo quanto seu
personagem, desde seus dias de infância no interior da Bahia era um grande
apaixonado por quadrinhos. Sonhava ter os personagens criados por ele tão
cultuados quanto os de outros já consagrados profissionais. Pensando nisso, trabalhou
sozinho com perseverança, depois decidiu que era chegada a hora de ter um
estúdio e formar uma equipe para produzir seus quadrinhos. Montou seu tão sonhado estúdio e abriu uma
editora, a Editora Cedraz, disposto a publicar e divulgar suas criações.
Começou a selecionar pessoas que tivessem competência e vontade de fazer
quadrinhos. Logo arregimentou gente disposta a trabalhar firme para tornar
realidade o sonho dourado de viver de histórias em quadrinhos na Bahia. Dentre essas pessoas selecionadas, estava Tom
Figueiredo, literato premiado, argumentista e roteirista de quadrinhos, estava também Sidney
Falcão, desenhista profícuo, de grande habilidade, que assimilou com competência
o traço de Cedraz e, last but not least, integrava essa turma Vitor Souza, que no estúdio, é claro, não atuava como pastor nem dava aulas deTeologia. O que Vitor fazia por lá, entre outras coisas, era colocar títulos, letras e balões nos desenhos e
colorir digitalmente as histórias que surgiam da cuca de Tom e Cedraz e eram
desenhadas por Sidney e pelo próprio Cedraz, a maioria delas com o menino
Xaxado que, graças ao seu carisma, havia se tornado o personagem principal e o
carro-chefe do estúdio ensejando a produção de centenas de tiras e páginas, sendo
a grande maioria colorida por Vitor que, de novato na arte de colorir, foi se
aperfeiçoando e se tornando um profissional competente e habilidoso, dominando
o uso de diversos programas, ficando íntimo das cores digitais e não apenas isso, das cores em
si, suas nuanças, seus matizes, sua linguagem cheia de sutilezas e de
possibilidades. Eu gostava de visitar Cedraz no estúdio, era estimulante ver o
trabalho que ele e sua equipe desenvolviam com tanto carinho. Ali naquele ambiente pude presenciar Vitor Souza
colorindo o Xaxado. A cada visita minha ao estúdio, enquanto ele letreirava ou coloria, conversávamos
animadamente e eu gostava de ouvi-lo falar com propriedade sobre os temas mais
diversos, cinema, política, sociedade, quadrinhos e um mundo de coisas
interessantes. Vitor sempre foi o tipo de gente que gosto de ter como amigo, um cara muito bem informado, com saberes fundamentados através de leitura de
livros e revistas de qualidade, cinema, Internet. Nessas fontes que bebia
captava informações importantes o que propiciava que ele falasse das coisas com
conhecimento de causa. Sendo ainda bem jovem sempre mostrou ter ideias maduras e uma mente aberta, sabendo argumentar com grande embasamento, sem radicalismos. Sabia ouvir e falar na
hora certa, mostrando personalidade, sem querer ser o dono da
verdade. Findamos por nos tornar amigos próximos e, inevitavelmente, começamos a trabalhar
juntos, a misturar nossas artes, eu com meu desenho, ele com suas cores e seu
trabalho de designer gráfico. Vitor, além de profissional competente, é um ser
humano de boa índole que batalha muito para ser feliz ao lado da própria família. Não sou religioso como ele o é, nem tenho as relações sólidas com Deus como ele as tem, mas mesmo sem maiores intimidades, tenho lá minhas ligações com o Criador e quando rezo pedindo a felicidade de gente da
minha estima, peço ao Onipotente que contemple com paz e concórdia a caminhada de tão bom amigo. E que a vida de Vitor e sua família
possa ter sempre a mesma maravilhosa harmonia que ele magistralmente consegue
dar às suas cores.
( As ilustrações desta postagem são da HQ Em Terras Americanas com argumento de Tom S. Figueiredo, desenhos de Setúbal, com colorização e letreiramento de Vitor Souza.)
(220716)