21 dezembro 2015
11 dezembro 2015
03 dezembro 2015
André Costa Nunes emociona em seu livro que fala de indios, seringueiros e outros brasileiros
Niti, curumim em corpo de cunhã. Niti feliz, mergulhando nas
águas de rios e igarapés, cuidando de seus xerimbabos e de seus filhos com
igual carinho, amando na rede o seu bravo guerreiro em noites de luar. E rindo,
rindo muito, como sempre riam os seus, porque amavam esse mundo verde que Tupã
criou e deu a eles de presente com caça e pesca abundante. Um dia - há sempre
um dia - chegaram estranhos invasores brancos que de árvores extraíam o látex.
E chegaram tirando do povo de Niti o alimento, a liberdade, seus risos, as suas
vidas. Foi inevitável: logo a cor clara do látex se tornou vermelho como sangue.
Índios mataram brancos que buscavam expulsá-los de seus antigos territórios, do
que sabiam ser deles, rios, caça, pesca, vida. Brancos mataram índios, a quem
diziam inamistosos, hostis e cruéis assassinos. O silêncio da floresta foi quebrado
pelo espocar de tiros, silvos de balas e pelo impacto das bordunas esmagando crânios.
Os embates menores eram prenúncios de uma batalha de grandes dimensões,
cruenta, talvez definitiva. Niti, curumim e cunhã, inerme, desnorteada,
deslocada em meio a uma guerra desigual em que se dispara mortalmente contra cunhãs
e curumins. Prevaleceu uma astuciosa e rústica tática militar em uma memorável
batalha ou tudo não passou de um condenável e impiedoso massacre? Leia e julgue
você mesmo, leitor. Tais acontecimentos estão esplendidamente descritos no
livro A Batalha do Riozinho do Anfrísio
– Uma história de índios, seringueiros
e outros brasileiros, do escritor
paraense André Costa Nunes. Quem ler esse livro escrito por quem sabe tão bem
descrever personagens, locais e acontecimentos, reais ou ficcionais, não ficará
indiferente, será tomado por intensas emoções de dor ou de alegria, e se verá
transportado para os ambientes da majestosa selva amazônica, palco das
portentosas ações, vivenciando cada momento descrito como se ali estivesse.
Para os interessados em desfrutar dos prazeres dessa boa literatura, os
contatos do autor são: xipaia@ibest.com.br
e andrecostanunes@gmail.com
25 novembro 2015
J. Bosco, novos trabalhos de caricaturas
1.Fassbinder, cineasta 2. Ron "Hellboy" Perlman 3. Mazzaropi
Não faz muito postei aqui um comentário sobre o trabalho de
caricaturas do J. Bosco, profissional que de sua base em Belém do Pará envia
para o mundo sua arte magnífica. Dizem que o brasileiro é um povo sem memória, mas tal assertiva não se aplica aos meus mnemônicos leitores que, indubitavelmente,
trazem bem viva na lembrança a referida postagem, que por sinal mostrava alguns
belíssimos trabalhos do Bosco. Para que ninguém ouse me chamar de somítico, preparei
esta nova postagem com que os brindo com mais um lote dos notáveis trabalhos
bosquinianos, já que é para o bem do povo e felicidade geral da nação.
24 novembro 2015
Caricatura de Setúbal feita por Jim Hopkins cria embaraço diplomático entre os EUA e o Brasil, / Pintando o Set 10
Infindáveis aplausos venho angariando devido à postura dignificante que tenho adotado perante o sórdido proceder de alguns caricaturistas deste patropi abençoá por Dê que em telas e papéis tem tratado de forma abjetamente canalha a minha augusta pessoa. Relevado tenho eu com a galhardia de um autêntico monarca tais repugnantes procederes. Mister se faz entretanto que eu aqui confesse que algumas vezes foi imperioso que eu usasse de marcial rigor para com alguns mais abusados aplicando com necessária severidade uns salutares catiripapos ao pé do escutador de pagode de tais debochados debuxadores. Cartunistas e caricaturistas só são valentes quando entrincheirados em cima de uma prancheta. Longe dela são uns ratos desprezíveis e uns pulsilânimes como o é o paraense J.Bosco que, célere qual um Usain Bolt, tratou de queimar um depreciativo portrait charge meu que ele havia rabiscado e photoshopado, em pânico com a possibilidade - nada remota, frise-se - de receber demolidora contraporra entre os cornos lá dele. Comigo é assim e, assim sendo, custou mas logrei botar ordem na casa neste Brasil varonil de Gugu e Clodovil. Ah!, mas ancho é meu padecer, meus caros Biratan, Paulo Caruso e Gonzalo Cárcamo. Para meu grande pasmar descubro que o complô orquestrado contra meu nobilíssimo ser ultrapassa as fronteiras tupiniquins. Por atentos informantes, da Big Apple chega-me às mãos esta caricatura minha feita pelo artista novaiorquino Jim Hopkins. Em primeiro lugar, Hopkins para mim só o Anthony, que é britânico de nascimento. Em segundo, meu caro Obama, antes que uma séria crise diplomática sem precedentes se instaure entre nossos países vá tratando de cortar as asinhas desse Mr. Hopkins. Nós por aqui já engolimos silentes rotundos batráquios vindos dos states via Kioto e Copenhagen. Mas tudo tem limite. O povo deste país que vai pra frente não permitirá jamais que imperialista algum escarneça de autênticos símbolos tupiniquins tais quais Pelé, Tiririca, Maria da Vovó e eu. Watch your step, man!
**** Caricaturas e outros magníficos trabalhos de Jim Hopkins - que além de talentoso é um cara legal - podem ser vistos clicando nestes links: http://mugitup.blogspot.com/ http://icecreamnobones.blogspot.com/(Publicado originalmente em 25/01/1'3)
23 novembro 2015
Jim Hopkins, um formidável caricaturista norte-americano
Bons artistas devem ser lembrados sempre e sempre. Seus trabalhos nos trazem prazer, alegria e toda sorte de bons sentimentos. Já fiz uma postagem anterior falando do caricaturista e ilustrador Jim Hopkins, um cara cujos desenhos tive o prazer de descobrir navegando na Net. Como gostei demais do trabalho dele e também sou fã destes dois caras aê - Harvey keitel e Dennis Blue Velvet Hopper - vou postar de novo os links para você ir lá, dar uma olhada e se deliciar com a arte do great, incredible and amazing Jim Hopkins. http://mugitup.blogspot.com e http://icecreamnobones.blogspot.com
(Publicado originalmente em 01/12/13)
(Publicado originalmente em 01/12/13)
20 novembro 2015
19 novembro 2015
Nildão, plugado e lançando um livro digno de estátua.
Reiteradas vezes aqui nesse majestoso bloguito já afirmei o quanto gosto
da arte que é feita pelo Nildão, artista maior dessa soteropolitana city. Ou
melhor, gosto das artes dele, que Nildão é um cara de múltiplos talentos, é um
multimídia, um artista atuante, inspiradíssimo, inovador, um talento raro. Recebi
convite para um novo evento de Nildão e como sobejamente os amo, prezados
amigos leitores, vou logo repassando aqui para que vocês também possam
desfrutar da notável talento desse artista bom de cartum, de grafite, de
designer, de hai-kai, de quadrinhas e de quadrinhos.
Nildão é atração do Conversas Plugadas e
lança livro no Teatro Castro Alves
No próximo dia 3 de dezembro, quinta feira,
o projeto Conversas Plugadas recebe o cartunista e designer Nildão para um
bate-papo com a plateia às 19 horas no Foyer do Teatro Castro Alves. Nessa
segunda edição do projeto em 2015, Nildão é o convidado para falar de sua
trajetória de mais de 30 anos desenvolvendo trabalhos em múltiplas linguagens
como cartum, grafite, design e poesia. Após o bate-papo, Nildão receberá o
público para o lançamento da reedição de seu livro de cartuns “É duro ser
estátua”. Segundo Nildão, que não publica cartuns há muito tempo, “esse livro é
uma síntese do meu trabalho como cartunista, onde o lírico e a delicadeza
dialogam com a arrogância e a sanha destruidora da natureza humana.”
O que: Conversas Plugadas com Nildão,
seguido de lançamento do livro de cartuns “É duro ser estátua”. Onde: Foyer do
TCA. Quando: Dia 03 de dezembro, quinta –feira, às 19 h. Ingressos: Entrada
gratuita, convites na bilheteria do TCA até 30 minutos antes do início. O livro
será vendido ao preo promocional de lançamento, R$30,00. Informações: Pelo fone
(71) 99184 1822 ou pelo e-mail alice@nildao.com.br com a Alice Lacerda – Produtora Cultural.
16 novembro 2015
Para uma estilista mui estilosa.
Em algum momento da vida todos nesse mundo, mundo, vasto mundo sentem a sensação de haver ficado fora de moda. Ela nunca. Nem pensar. Jamais ultrapassada, cafona, demodée, suas mãos são feitas de seda,
sua epiderme é do mais macio tecido que alguém já pôde tocar. Esse planeta
azulzinho é todo ele uma passarela infindável por onde ela, segura, desfila seu
garbo, sua classe. Jamais perde a linha. Sem pedantismo ou arrogância, desencanada, sua simplicidade
é modal. Em matéria de sedução, nunca é mini, é sempre maxi ao máximo. Usa évasée, sem ser evasiva. Sua blusa suscita expectativas maliciosas: tomara que caia, tomara que caia! Quando sai à rua com seu vestido grená ela
mexe com o juízo do homem que vai desenhar. Jesus me defenda! Ai de mim que sei bem - ah,
e como sei! – o que há debaixo daquele seu vestido de bolero-lero-lero,
valei-me, meu Senhor do Bonfim! Pouco ou nada posso dizer de suas rendas, mas assevero que onde quer que esteja esbanja estilo. Bem mais que estilosa,
é uma estilista. E das mais recomendáveis. Ao seu toque, uma singela tesoura
vira tesouro. Mal ela chega ao seu atelier, os manequins da vitrine ficam
indóceis, se alvoroçam e não há quem os contenha. Afinal, ela é uma linda e rara rosa, feita de negro veludo, viçosa e cobiçada. Quanto a mim, sou só um prosaico cravo que já enfeitou algumas
lapelas em efemérides festivas. Malgré
tout, ornamos. Um dia, deu-lhe na telha e cobriu-me a mim com seus
delicados atavios e do meu linho bruto fez um terno. Meu coração se tornou uma
festa, daquelas elegantes às quais se vai de fraque, luvas, cartola, black-tie. Convidei-a para entrar, não por mera etiqueta mas por sincera vontade. Limitou-se
a sorrir e com seus dedos delicados, sem um dedal protetor, valendo-se de
agulhas e carretéis, sem medir consequências costurou minh’alma à sua, ponto
por ponto, atando-me com suas linhas. Desde então desconfio que me tornei uma das peças integrantes de suas muitas coleções, talvez outono/inverno, quiçá primavera/verão. Sei que não é pouco. Partindo dela, vale muitíssimo. É como abiscoitar o prêmio Agulha de Ouro da Alta Costura em Milão.
10 novembro 2015
Vida e obra de Floriano Teixeira em livro escrito por Cristiano Teixeira, seu filho
Busquei, em postagem anterior, falar
resumidamente da arte de Floriano Teixeira, um dos artistas maiores desse
patropi abençoá por Dê. Centrei-me mais no aspecto do seu desenho que sempre
me deixou encantado, atônito, boquiaberto diante de tanta maravilha, de tão
extenso e raro talento. Esta nova postagem é
para falar a você, fidedigno leitor deste bloguito, sobre um livro editado e lançado recentemente pela Assembleia
Legislativa do Estado da Bahia, como parte integrante da Coleção Gente da Bahia,
elogiável projeto da ALBA. Trata-se do livro Floriano Teixeira, de autoria de Cristiano Teixeira. O sobrenome
não é mera coincidência, já que Cristiano é filho de Floriano. Tendo convivido
por toda sua vida com o pai e trabalhando com o ofício de escrever, Cristiano é
mais que abalizado para falar da doce figura do grande artista plástico,
contando particularidades que interessam a todos que buscam mais informações
sobre Floriano, seu rico e admirável lado artístico, bem como o seu lado humano,
amigo carinhoso, o chefe atento de uma extensa família, o provedor, o marido, o
pai, o avô, o bisavô. Cristiano teve o cuidado de compor o perfil de Floriano
valendo-se dos ricos depoimentos de outros artistas, escritores e intelectuais,
parentes e amigos de FT, privilegiados que tiveram a felicidade de com ele
conviver. O prefácio é um texto saboroso, rico, muito bem escrito pelo amigo
Délio Pinheiro, que relata o início de sua amizade com o pintor e desenhista,
as impressões que teve do artista, aspectos humanos, sobretudo. Outros depoimentos igualmente ricos, como os
do escritor James Amado, somam-se ao de Délio e assim Cristiano foi aos poucos
construindo um retrato que mostra muito do artista de tantos e incomparáveis
talentos, com obra vasta e consagrada, mesmo tendo ficado mais conhecido
nacionalmente a partir do estrondoso sucesso das suas ilustrações para livros
do escritor Jorge Amado, como Dona Flor e
Seus Dois Maridos e A Morte e a Morte de Quincas Berro A Morte de D’água. Ficamos
sabendo através dos relatos que Floriano nunca desenhava diretamente na tela,
evitando manchá-la com borrões, frutos de correções feitas no desenho, o branco
ainda imaculado do suporte pronto para receber as tintas. Valendo-se de estudos
já feitos, FT definia fora da tela o que nela iria ser colocado e só então
transpunha para ela seu desenho elegante e exato através de papel vegetal, já
no tamanho adequado e sem mácula alguma. Era chegado o momento de o límpido
desenho receber, com o costumeiro carinho, as tintas e todos seus delirantes
matizes. Aspectos variados do artista e do homem estão relatados e os leitores
ficam sabendo que, além de seu trabalho artístico pessoal, Floriano foi
fundador e o primeiro diretor do Museu de Arte da Universidade do Ceará, que
ele foi autor de enormes painéis cujos preparos levaram três anos, que o
Presidente Sarney era um bom e antigo amigo, que em casas que morou no Rio
Vermelho, em Salvador, recebeu como visitantes personalidades mundialmente
famosas, admiradores de sua arte maior. Diversas fotos mostram momentos de
Floriano recebendo honrarias oficiais e entre amigos, ao lado de artistas,
escritores, jornalistas, personalidades diversas e familiares. Enriquecendo
mais o livro, Cristiano fez publicar uma expressiva seleção de trabalhos de
Floriano, sua pintura que nos faz sonhar, seus desenhos deslumbrantes.
Interessados em adquirir o livro devem procurar informações na Assembleia
Legislativa do Estado da Bahia.
10 outubro 2015
J.Bosco, caricaturista: quem sabe faz ao vivo
Estas caricas todas aí foram feitas pelo J.Bosco. Olhá-las me fez recordar que num dia qualquer dos anos 80 Cárcamo me convidou para expormos desenhos e caricaturarmos ao vivo o público num novo e elegante Shopping Center que surgira em Salvador. Caricaturas pra jornais eu já fazia há uns milênios à sós em recônditos cantinhos de redação. Ao vivo, cercado por um mundo de curiosos, jamais fizera. Mas um convite de Cárcamo não se recusa. Topei e o resultado foi tão bom que nunca mais parei de fazer. Depois disso já trabalhei sozinho em eventos e também com outros caricaturistas, em jornadas que vão de quatro a até 7 horas. É um trabalho em que o profissional tem que ter olhar aguçado para bem observar os traços dos modelos e procurar ser o mais fiel possível ao retratar cada um. Tudo tem que ser feito de forma rápida, de maneira a não cansar quem está posando e procurando atender a demanda que é sempre grande. E esta rapidez não pode resultar em um trabalho mal feito, desleixado, executado de qualquer forma. Seu talento está ligado ao resultado final onde você tem que mostrar um trabalho bem acabado, um traço vistoso e limpo num desenho que as pessoas queiram guardar, emoldurar, exibir orgulhosas aos amigos. Eu já conhecia e admirava o trabalho de cartuns e caricaturas feitas para a mídia impressa pelo paraense J. Bosco, mas dando uma xeretada básica em seu site descobri lá essas belíssimas caricaturas feitas por ele ao vivo, ali na base do tête-a-tête, em eventos. Caricas que evidenciam um traço elegante, refinado e exata precisão ao retratar os rostos dos modelos, como se pode ver pelas fotos, todos sorrindo, felizes. E tem que sorrir mesmo, já que são uns felizardos pois a um só tempo conseguiram um original do J.Bosco e de quebra puderam assistir ao vivo um grande mestre em ação.
*********Veja mais trabalhos em: http://jboscocaricaturas.blogspot.com/
(Publicado originalmente em 31 de março de 2011)
(Publicado originalmente em 31 de março de 2011)
25 julho 2015
Rockeando ando
A vida de cada um de nós tem uma trilha sonora, qual as que vemos nos filmes. Ela vai sendo editada à medida em que vivemos. Uma pitada de música infantil, de samba, tango, música de suspense e até - Deus nos livre e guarde! - da marcha fúnebre. Na trilha musical da minha vida não entram duplas argh- sertanejas, destas que vendem bilhões de discos no Brasil, nem grupinhos ditos de pagode, que pagode não é, pagode mesmo é outra coisa. Em compensação entram Zeca Baleiro, Daúde, a extinta Mestre Ambrósio, a sempre maravilhosa Bossa Nova, Chico, Caetano, Gil, Gal, Elis Regina, Marisa Monte, Calcanhotto, Gordurinha, Luiz Gonzaga, Hermeto Pascoal e um montão de capitosas especiarias musicais, como Marcelo Nova e o Camisa de Vênus. Sim, porque nesta lista entra - de leve - um rock'n roll da pesada, pois um bom rock nos vale para agitar geral, vez que esta vida rápido passa e rockear é preciso.
(15/05/10)
(15/05/10)
15 julho 2015
Comemorando aniversário com grandes amigos em Belém do Pará
Minha estadia em Belém do Pará como convidado do VII Salão
de Humor da Amazônia encerrava uma oportuna coincidência. Um dos cinco dias em
que eu ficaria na bela Belém era o dia do meu aniversário, 31 de maio. Comentei
isso com Biratan Porto que logo confidenciou ao caricaturista J.Bosco. Vai daí
que Bira, Bosco, Wânia, sua esposa, e Alllana Queiroz, tendo como
cúmplice nessa história meu irmão Luiz Fernando Carvalho, organizaram para mim
uma inédita festa-quase-surpresa no aconchegante apartamento de Biratan, um
misto de lar e estúdio. Antes da festa, Luiz Fernando passou comigo em um bem
suprido supermarket em que comprou
umas garrafas de vinhos chilenos e um bom Vinho do Porto, já que além de amar
os cartuns, apreciamos também as coisas boas da vida, afinal a gente não nasceu
ontem. Chegando ao apartamento de Bira constatei de imediato que na festança
que meus generosos e amáveis amigos me prepararam com tanto carinho quem
ficaria muito à vontade seria o cantante e compositante Erasmo Carlos, o
popular Tremendão, pois não era uma mera festinha, era uma festa de arromba,
expressão que o músico usa em uma de suas canções para designar uma festividade
memorável em que ele esteve. A sede era imensa e para aplacá-la fomos de cara
abrindo uma garrafa de uma outra variedade de belo e capitoso vinho chileno que
Bira comprara, não sem antes certificar-se de que se tratava de uma safra
pré-Pinochet, bem mais salutar. Dois belíssimos bolos foram providenciados. Um
era virtual, criativa e hilária brincadeira do Biratan, mostrando uma
caricatura de minha fina estampa feita por ele no seu PC, em que eu soprava
velas sobre um bolo que indicavam que eu estaria completando 66 anos de idade,
sacanagem do Bira que sabe muito bem que eu tenho pouco mais que a metade disso,
o que mostra que mesmo os grandes amigos têm seus momentos malafaios. Quanto ao
outro, era um bolo de fato, um lindo, maravilhoso e mais que delicioso bolo de
chocolate para chocólatra nenhum botar defeito. Os convivas foram chegando e
entrando logo no clima e ao final boa parte da mais fina flor do cartunismo
brasileiro lá estava pra se divertir na patuscada. Presentes no local meu
inigualável hostess, Biratan Porto com seu indefectível Panamá na cuca, e os
cartunistas Waldez Duarte, André Júnior, Mario Alberto, Orlando Pedroso,
J.Bosco and family, Wânia e Allana Queiroz. Meu irmão gêmeo, que reencontrei em
Belém, Luiz Fernando Carvalho, que é cartunistólogo e caricaturistólogo, além de
um dos eficientes organizadores do Salão de Humor lá estava me alegrando e
dividindo esses momentos de tão transbordante emoção. Todos nos divertimos à beça,
bebemos muitos vinhos bons, cervejotas no capricho, comemos petiscos que o
próprio chef Bira preparou com esmero, rimos a alto e bom som e ainda por cima
nos divertimos com a verve de Bira que, versado em artes anfitriônicas, animou
ainda mais o ambiente contando causos hilariantes para o divertimento e a
felicidade geral da galera presente. Sim, senhoras e senhores, o Tremendão
Erasmo Carlos haveria de se esbaldar nessa fuzarca. E por participar dela
haveria de agradecer muitíssimo comovido. Muitíssimo, mas bem menos que eu.
Na foto acima, Luiz Fernando Carvalho, André Abreu, Waldez Darte, Biratan Porto, Mario Alberto, Orlando Pedroso, J.Bosco e Wânia Queiroz, consorte do graaaaaande J.Bosco. Logo abaixo, a foto da discórdia. Meu coração generoso já perdoou a atitude insidiosa do Biratan.
Na foto acima, Luiz Fernando Carvalho, André Abreu, Waldez Darte, Biratan Porto, Mario Alberto, Orlando Pedroso, J.Bosco e Wânia Queiroz, consorte do graaaaaande J.Bosco. Logo abaixo, a foto da discórdia. Meu coração generoso já perdoou a atitude insidiosa do Biratan.
Minha viagem para o VII Salão de Humor da Amazônia, Biratan Porto, amigos, Belém
Eis que um anjo de fulvas melenas adentra meu modesto lar e
me anuncia que em breve eu haveria de visitar Belém, um sonho que tantos sonham
e acabam ficando apenas no sonhar, que Deus tem lá seus imperscrutáveis desígnios
e não nos cabe a nós, míseros mortais, questionar suas divinas decisões. Tendo cumprido sua missão, sai de cena o anjo
com suas alvinitentes asas e eu passo a contar os dias que me separam do
momento de embarcar para Belém em outras asas que não as do anjo-mensageiro, as
asas da Panair. Ou no mínimo em qualquer bom avião de carreira. Vem chovendo
copiosamente todos os dias na minha Bahia de Todos os Santos e Orixás, entanto
no dia do meu embarque o céu é de brigadeiro e nos ares me sinto tão
maravilhoso e seguro qual um Aladim voando em seu confortável tapete mágico. Uma honraria maior me acompanha nessa viagem:
estou indo a Belém para me encontrar pessoalmente com o Nazareno. Nesse momento cumpre-me esclarecer a você,
caro leitor, que a Belém a que me refiro não é aquela que consta nos mapas
atuais como situada na Palestina, e que era há 2000 anos apenas uma pequenina
cidade próxima ao deserto da Judeia em que, segundo a Bíblia, nasceu ninguém
menos que Jesus Cristo. A Belém a qual me refiro trata-se de Belém do Pará,
cidade linda e aprazível, onde um povo pleno de calor humano habita. Ah, e o Nazareno a que faço menção também não
é o mesmo Jesus Cristo, convém deixar bem claro, trata-se do meu amigo Biratan
Nazareno Porto, cartunista dos mais brilhantes do Brasil e desse vasto mundo.
Pois foi esse meu piramidal amigo quem me telefonou formulando, em nome do
Salão de Humor da Amazônia, o convite para viajar até sua terra com o precípuo
escopo de integrar um júri formado por gente ligada aos cartuns tendo por
objetivo de selecionar os premiados desse que é o VII Salão de Humor da
Amazônia. De quebra, ficou combinado que eu ministraria uma oficina para falar
aos inscritos sobre a arte da ilustração, como criar, que técnicas utilizar.
Além do mais eu deveria integrar a mesa de um oportuno debate aberto ao público
para falar sobre Liberdade de Imprensa, tema motivado pelo recente ataque terrorista
ao jornal Charlie Hebdo e seus cartunistas. Tais encargos para mim são, em
verdade, motivo de júbilo e de prazer vez que enxergo a profissão como uma
realização pessoal, um lazer, uma forma de expressar meu pensamento diante das
coisas do mundo. Participar in loco de Salões de Humor sói
proporcionar a alegria de encontrar amigos de longa data e de conhecer
pessoalmente gentes que militam na área do cartum, saber suas opiniões, suas
formas de encarar a profissão em comum.
E eis que na terra natal de meu ídolo, Doutor Sócrates, de Pinduca, Gabi
Amaranto, Fafá de Belém, do Paysandu e do Remo revi confrades queridos, conheci
novos amigos, a oficina foi um sucesso, o debate foi esclarecedor, os melhores
do Salão foram premiados e eu, ah!, eu fui recepcionado da mais carinhosa
maneira e vivi dias belenenses dignos de monarca.
Na foto de cima, eu ao lado dos meus talentosíssimos amigos J.Bosco e Biratan Porto. Na de baixo, flagrante de momento em que escolhíamos os melhores trabalhos do VII Salão. Da esquerda para a direita -no bom sentido, no bom sentido! - Waldez Duarte, Orlando Pedroso, Setúbal, Mario Alberto( tão encoberto que só dá para ver a ponta de sua brilhante cuca ), Natália Forcart e de costas, meu irmão gêmeo, Luiz Fernando Tavares.
Na foto de cima, eu ao lado dos meus talentosíssimos amigos J.Bosco e Biratan Porto. Na de baixo, flagrante de momento em que escolhíamos os melhores trabalhos do VII Salão. Da esquerda para a direita -no bom sentido, no bom sentido! - Waldez Duarte, Orlando Pedroso, Setúbal, Mario Alberto( tão encoberto que só dá para ver a ponta de sua brilhante cuca ), Natália Forcart e de costas, meu irmão gêmeo, Luiz Fernando Tavares.
09 maio 2015
Timbalada, Ninha e El Marrón
O cantor Ninha há já um bom tempo deixou a Timbalada. Mas sempre que faço uma pintura em tela - como esta aê - mostrando este tão formidável grupo criado pelo não menos formidável Carlito Marrón, não deixo de colocar uma alegre e rotunda figura ao microfone para lembrar o magistral e - ao menos para mim - eterno timbaleiro, dono de uma voz poderosa que soube mostrar ao mundo que a Timbalada revitaliza. Sem Ninha, o grupo da Timbalada segue sua trilha de músicas e alegrias lançando novos e bons cantores, sempre se reciclando graças à mente inventiva de El Marrón, que também atende pelo nome de Carlinhos Brown. E o próprio Ninha, vida que segue, continua cantando cada vez mais bonito, levando a todos esta vocação musical inegável e toda alegria interior do povo negro da Bahia que se dissemina e a todos contamina. Um brungundum bragadá pra Timbalada, pro Carlito Marrón e procê, Ninha.
01 maio 2015
H. Lima, artista plástico ou Lima Limão vai à luta.
Sem providenciais mecenas para ampará-los nesse mundo hodierno, os artistas plásticos que não alcançam as boas galerias - bem raras nesta urbe - sempre tiveram que partir para um renhido embate pela sobrevivência indo buscar possíveis compradores aonde eles estivessem. E nestes anos 70 lá estou eu com meu amigo Lima, que assinava seus trabalhos artísticos como H.Lima e era também conhecido popularmente como Lima Limão ou ainda como Macarrão 38, devido ao fato de em sua quase anoréxica magreza lembrar o famoso produto alimentício, uma massa das mais fininhas. Lima, gravador e pintor, marcha estoicamente, subindo e descendo inacabáveis escadas de prédios da Cidade Baixa tentando vender dois entalhes que recém fizera. Eu, seu fiel e prestativo acólito nesta empreitada dificultosa ajudo a carregar as peças. Lima, como já narrei em postagem anterior, conseguia dois pedaços de compensados, entalhava-os, coloria-os e saía em campo para o corpo-a-corpo necessário à subsistência. Com o dinheiro auferido, comprava novo material para preparar mais dois e repetir a façanha sem assim jamais conseguir acumular em sua casa e ateliê uma produção de seu trabalho, mínima que fosse. Nada disso tirava o constante bom humor baiano de Lima. Certo dia visitamos o escritório de um profissional liberal que em mais de uma oportunidade já comprara obras de meu amigo. Após olhar sem entusiasmo os trabalhos, o sujeito diz : "Você bem sabe que gosto de sua arte. Mas estes trabalhos seus não me agradaram. Façamos o seguinte: no próximo final de semana passo em seu ateliê e com calma olho todos os outros trabalhos que você tiver lá, escolho um que eu gostar e compro. Certo?" Ao ver o semblante de desalento de Lima, o homem inquire, desconfiado: "Você tem outros trabalhos em casa, não tem?" E Lima, a imagem da humildade personificada: "Quem sou eu, doutor, para ter um quadro meu?! Isto é pro senhor que pode!"
(Publicado originalmente em 06 de novembro de 2010)
(Publicado originalmente em 06 de novembro de 2010)
26 abril 2015
19 abril 2015
17 abril 2015
01 abril 2015
Russ Cook e suas esplêndidas caricaturas
O que é bom pode ser visto um montão de vezes que sempre terá sabor de inédito, não é mesmo? E sendo assim e assim sendo vão aqui estas maravilhosas caricaturas do Russ Cook, que é um caricaturista lá do Reino Unido. É de babar as caricas dos invocados Bob Dylan e Samuel L. Jackson. Nos traços de Russ, Sophia Loren continua aquela italianona bela, piu bela que qualquer um gostaria de manjare. Em compensação o Serge Gainsbourg continua aquele cara malajambrado de sempre e dele sigo guardando, desde os anos 70 até os dias atuais, uma imensurável raiva não me importando o fato de ele já ter partido deste mundo. Sempre fui um cara de fina estampa, alto, espadaúdo, peito de remador, cabelos sedosos, físico de Adonis, lábios feitos para o prazer das mulheres mais lúbricas, por isso jamais me conformei com o fato de ver que o Sergei, um cara feio de doer, fumante inveterado, que certamente devia ter um bafo terrível, passava o rodo geral nas maiores beldades de sua época, teve as mulheres que quis, conquistou e deixou gamadonas as atrizes mais famosas e alucinantemente belas do mundo do cinema e da música neste orbe, como La Bardot e a Jane Birkin, enquanto eu, belo e assaz formoso, ficava por aqui no ora veja, o que comprova que Deus nem sempre é um cara justo.
Para ver os magníficos trabalhos de Russ, acessem o link www.russcook.co.uk e divirtam-se.
( Public. origin. 07/11/13 )
Arnaldo Antunes pra chinês ver
Da Romênia, terra do genial cartunista Saul Steinberg, recebo convite via Net para participar de mostra de caricaturas e retratos de personalidades romenas. Dei uma olhada no acervo de caricaturas já existente e achei esta deste cara aê, o Vasile Pârvan, historiador e arqueologista desenhado pelo caricaturista chinês Wu Jianjun, que aliás faz muito sucesso em Quixeramobim. Olhei a foto do homenageado e achei que o sino-coleguinha fez mais foi uma caricatura do altamente criativo poeta, compositor, cantor e performático Arnaldo Antunes. Muito bem feita por sinal! O Arnaldo, com seu proverbial bom gosto, certamente curtirá muito, Wu. Pra quem quiser dar uma conferida, o site é http://www.personality.com.ro
( Public. origin. 12/02/14 )
( Public. origin. 12/02/14 )
29 março 2015
E o Flamengo tentou dar justa causa a Ronaldinho Gaúcho por ele ser heterossexual
Perdi interesse por jogos da seleção brasileira de futebol quando ficou evidente para mim que a chamada equipe canarinha deixou de ser "a pátria de chuteiras" e se tornou um mero produto comercial a mais na grade de programações da Rede Globo de Televisão. Produto deturpado, estragado, falsificado que visa atender o voraz apetite financeiro da emissora, com direito a narradores que nos impingem suas "verdades" e intentam a cada narração nos fazer engolir felinos por leporídeos. Tudo em conluio com a CBF, leia-se Ricardão Teixeirão, autor da belíssima página musical "se vocês pensa qui nóis fumo imbora, nóis enganemo vocês..." Os jogos aqui ou na China acontecem, por determinação expressa da Globo, nos dias e horários que convém à emissora do Plim-plim. Conveniência que para a população sói ser altamente inconveniente. Também o Campeonato Brasileiro de Futebol foi por este caminho, sendo que os times do Brasil são claramente tratados como mercadorias da loja de secos & molhados da emissora do Projac, especialmente o Flamengo, que é do Rio, a cujos jogos nós, os demais brasileiros, nos vemos muitas vezes a contragosto obrigados a assistir semanas inteiras gostemos ou não. E não venham os urubus me dizer que isto se deve ao número grande de torcedores do time. Agora, vê-se nitidamente a Globo dar ao caso Ronaldinho-Flamengo uma importância de fato grandioso que merece ser discutido em todos os horários por todo o povo brasileiro. Não morro de amores por Ronaldinho, não o quereria em meu time, acho que ele não joga nada desde seus tempos de Milan, anos se vão, desde isso. Mas o Flamengo fez o maior alarde ao anunciar que o contrataria, a Globo avalisou e deu tratamento de superstar, tratou como uma contratação grandiosa que iria dar grande importância ao campeonato carioca sempre acanhado que se limita praticamente aos 4 times principais. Agora que tudo deu chabu, como era de se esperar, a presidente do Flamengo anda falando em traição, em honra, em dignidade, que o time da gávea será "implacável" na busca dos seus interesses, etc. Zinho, Superintendente Geral das Pinturas de Rodapé na sede do Fla, despeja tonterias similares. Aí vem a Globo e, tendenciosamente pró-Flamengo, anda exibindo um vídeo antigo que provaria que Ronaldinho é um crápula, dado o conteudo supostamente chocante do tal vídeo, pois com ele estaria demonstrado que Ronaldinho, além de dentuço, é inconcebivelmente heterossexual, pois, em regime de campo de concentração, adentrou o quarto de uma senhorita - cherchez la femme - sendo que tal conduta heterrosexualística motivaria uma justa causa ao jogador. Não sou advogado trabalhista, mas pera lá, mesmo que ele tivesse adentrado o quarto de um negão ou um traveco, ao invés do de uma senhorita, em que isto ajudaria o Flamengo? O jogador admitiu conhecer a moça e lá ter passado a noite. Mas e daí, Carvalho? Pode ter passado a noite batendo palminhas com ela entoando "pirulito que bate, bate..." ou fazendo "pedra, papel e tesoura" ou jogando vídeo game ou assistindo um filme água-com-açúcar. Ou mesmo pode ter ido lá tirar uma soneca embalado pela voz maviosa da moçoila, vez que em seu próprio quarto não estava conseguindo dormir. E se de fato fez sexo, como sordidamente insinua o advogado do Flamengo ( evitando dizer com palavras para não ser acusado por injúria ou calúnia ), devemos lembrar que o lendário Garrincha era adepto do sexo na véspera de uma competição. Romário, idem, idem. Garrincha era um homem de cópulas e de copas. Dois dos 5 canecos de ouro que temos a ele devemos. E Romário dizia com todas as letras que jogava melhor quando na vésperas do jogo afogava o penoso anatidae. Somente um juiz tendencioso - neste país não faltam - poderia condenar Ronaldinho com base neste vídeo apresentado e tascar uma justa causa sob tal descabida alegação. Ou um juiz misógino, valha-me Deus! Ou um magistrado que ostente debaixo da toga, certa indumentária que cartolas rubronegros não vem honrando há décados: a camisa do Flamengo.
(Esse texto foi publicado inicialmente nesse blog em 05 de junho de 2012, beeem antes da malfadada Copa do Mundo de 2014 em que os efeitos deletérios da política da Rede Globo de tratar o futebol como mero produto comercial e fonte de lucros astronômicos ficaram mais que evidentes, só não viu quem é cego. Os humilhantes 7x1 fora o baile que a seleção preconizada pela Globo como maravilhosa, são vergonhosos e conspurcam a gloriosa história do nosso futebol conquistada por craques verdadeiros.)
(Esse texto foi publicado inicialmente nesse blog em 05 de junho de 2012, beeem antes da malfadada Copa do Mundo de 2014 em que os efeitos deletérios da política da Rede Globo de tratar o futebol como mero produto comercial e fonte de lucros astronômicos ficaram mais que evidentes, só não viu quem é cego. Os humilhantes 7x1 fora o baile que a seleção preconizada pela Globo como maravilhosa, são vergonhosos e conspurcam a gloriosa história do nosso futebol conquistada por craques verdadeiros.)
11 março 2015
Mestre Cedraz, Cosme e Damião, Luiz Gonzaga e os quadrinhistas da Bahia.
Deitado em minha rede ouço tocar o telefone vermelho – presente dos meus amigos Adam West e Burt Ward que o surrupiaram de um bat-set de filmagens de certo bat-seriado. Estendo a mão para o Graham Bell e alguém, falando em Inglês com forte acento britânico, identifica-se como sendo da assessoria de imprensa do popstar Elton Jonh, que vem à Bahia fazer um megashow na Arena Fonte Nova. Com esse seu acentuado sotaque me informa que estou numa seleta lista de convidados para jantar com Sir Elton. But o cara d’ont realize que de há muito tornei-me um anacoreta inveterado, contumaz e renitente, um verdadeiro Greta Garbo dos cartuns, HQs, caricaturas e pinturas, e só saio de casa movido por causa mui, mui relevante, o que não inclui o rega-bofe com Elton e entourage. Vai daí que, buscando caprichar no sotaque britânico, relembrando meus dias de University of Oxford, digo ao mister que declino da honrosa honraria pois já tenho outro jantar agendado com um outro Sir, o famoso Sir Draz, em verdade, Cedraz, Mestre do Quadrinho Nacional, honra e glória das HQs brasileiras. Dito isso, na companhia de Vítor Souza e Fabiana Janes, chego para jantar com o Mestre Cedraz em um local aconchegante, amplo, espaçoso e de grande beleza, o Cerimonial Cosme e Damião. Presentes no local o rádio e a televisão, cinema, mil jornais, muita gente, confusão e a galera que faz quadrinhos na Bahia, ao menos a maior parte dela. Cedraz, radiante, recebe a todos com sua costumeira bonomia, com um enorme sorriso sertanejo no rosto, feliz de se saber prestigiado por tantos. Sabedor da alta relevância desse encontro afetivo-gastronômico realizado ao ar livre, São Pedro foi mais santo que nunca pois colaborou contendo possíveis intempéries e o Cerimonial fez um evento de primeira, esbanjando profissionalismo e simpatia. No som ambiente predominava a sanfona e a voz de Luiz Gonzaga, o grande Lua, tão sertanejo quanto Cedraz e seus filhos mais famosos, o Xaxado com toda sua turma. E como somos ecumênicos na arte de misturar o que há de bom, os acepipes servidos foram o que há de melhor na culinária afrobaiana, caruru, vatapá, galinha de xinxim, acarajé, abará, farofa de dendê e tantas iguarias de fazer babar qualquer François Vatel. Mas o piéce de résistance foi mesmo o carinho do pessoal do Quadro-a-quadro para com Cedraz. Eles se esmeraram e o grupo organizou um inesquecível evento, onde a tônica maior foi mesmo o carisma de Cedraz, transmitindo a todos os amigos sua energia de homem iluminado. Elton John, my son, sinto muito, mas eu não poderia jamais comparecer a um evento apinhado de gélidas gentes britânicas tendo eu a felicidade de haver sido convidado para ir a um ambiente onde imperou o calor humano de Mestre Cedraz recebendo os amigos num acontecimento onde tudo foi perfeito. Nas páginas do meu livro de memórias essa noite ficará marcada de forma indelével. Abraço, Mestre Cedraz, amigão de todas as horas, a quem muito devo, companheiro de tantas jornadas nos caminhos dos quadrinhos e cartuns.
(Texto publicado originalmente em 17 de setembro de 2014)
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