Niti, curumim em corpo de cunhã. Niti feliz, mergulhando nas
águas de rios e igarapés, cuidando de seus xerimbabos e de seus filhos com
igual carinho, amando na rede o seu bravo guerreiro em noites de luar. E rindo,
rindo muito, como sempre riam os seus, porque amavam esse mundo verde que Tupã
criou e deu a eles de presente com caça e pesca abundante. Um dia - há sempre
um dia - chegaram estranhos invasores brancos que de árvores extraíam o látex.
E chegaram tirando do povo de Niti o alimento, a liberdade, seus risos, as suas
vidas. Foi inevitável: logo a cor clara do látex se tornou vermelho como sangue.
Índios mataram brancos que buscavam expulsá-los de seus antigos territórios, do
que sabiam ser deles, rios, caça, pesca, vida. Brancos mataram índios, a quem
diziam inamistosos, hostis e cruéis assassinos. O silêncio da floresta foi quebrado
pelo espocar de tiros, silvos de balas e pelo impacto das bordunas esmagando crânios.
Os embates menores eram prenúncios de uma batalha de grandes dimensões,
cruenta, talvez definitiva. Niti, curumim e cunhã, inerme, desnorteada,
deslocada em meio a uma guerra desigual em que se dispara mortalmente contra cunhãs
e curumins. Prevaleceu uma astuciosa e rústica tática militar em uma memorável
batalha ou tudo não passou de um condenável e impiedoso massacre? Leia e julgue
você mesmo, leitor. Tais acontecimentos estão esplendidamente descritos no
livro A Batalha do Riozinho do Anfrísio
– Uma história de índios, seringueiros
e outros brasileiros, do escritor
paraense André Costa Nunes. Quem ler esse livro escrito por quem sabe tão bem
descrever personagens, locais e acontecimentos, reais ou ficcionais, não ficará
indiferente, será tomado por intensas emoções de dor ou de alegria, e se verá
transportado para os ambientes da majestosa selva amazônica, palco das
portentosas ações, vivenciando cada momento descrito como se ali estivesse.
Para os interessados em desfrutar dos prazeres dessa boa literatura, os
contatos do autor são: xipaia@ibest.com.br
e andrecostanunes@gmail.com