15 julho 2015

Minha viagem para o VII Salão de Humor da Amazônia, Biratan Porto, amigos, Belém

Eis que um anjo de fulvas melenas adentra meu modesto lar e me anuncia que em breve eu haveria de visitar Belém, um sonho que tantos sonham e acabam ficando apenas no sonhar, que Deus tem lá seus imperscrutáveis desígnios e não nos cabe a nós, míseros mortais, questionar suas divinas decisões.  Tendo cumprido sua missão, sai de cena o anjo com suas alvinitentes asas e eu passo a contar os dias que me separam do momento de embarcar para Belém em outras asas que não as do anjo-mensageiro, as asas da Panair. Ou no mínimo em qualquer bom avião de carreira. Vem chovendo copiosamente todos os dias na minha Bahia de Todos os Santos e Orixás, entanto no dia do meu embarque o céu é de brigadeiro e nos ares me sinto tão maravilhoso e seguro qual um Aladim voando em seu confortável tapete mágico.  Uma honraria maior me acompanha nessa viagem: estou indo a Belém para me encontrar pessoalmente com o Nazareno.  Nesse momento cumpre-me esclarecer a você, caro leitor, que a Belém a que me refiro não é aquela que consta nos mapas atuais como situada na Palestina, e que era há 2000 anos apenas uma pequenina cidade próxima ao deserto da Judeia em que, segundo a Bíblia, nasceu ninguém menos que Jesus Cristo. A Belém a qual me refiro trata-se de Belém do Pará, cidade linda e aprazível, onde um povo pleno de calor humano habita.  Ah, e o Nazareno a que faço menção também não é o mesmo Jesus Cristo, convém deixar bem claro, trata-se do meu amigo Biratan Nazareno Porto, cartunista dos mais brilhantes do Brasil e desse vasto mundo. Pois foi esse meu piramidal amigo quem me telefonou formulando, em nome do Salão de Humor da Amazônia, o convite para viajar até sua terra com o precípuo escopo de integrar um júri formado por gente ligada aos cartuns tendo por objetivo de selecionar os premiados desse que é o VII Salão de Humor da Amazônia. De quebra, ficou combinado que eu ministraria uma oficina para falar aos inscritos sobre a arte da ilustração, como criar, que técnicas utilizar. Além do mais eu deveria integrar a mesa de um oportuno debate aberto ao público para falar sobre Liberdade de Imprensa, tema motivado pelo recente ataque terrorista ao jornal Charlie Hebdo e seus cartunistas. Tais encargos para mim são, em verdade, motivo de júbilo e de prazer vez que enxergo a profissão como uma realização pessoal, um lazer, uma forma de expressar meu pensamento diante das coisas do mundo.  Participar in loco de Salões de Humor sói proporcionar a alegria de encontrar amigos de longa data e de conhecer pessoalmente gentes que militam na área do cartum, saber suas opiniões, suas formas de encarar a profissão em comum.  E eis que na terra natal de meu ídolo, Doutor Sócrates, de Pinduca, Gabi Amaranto, Fafá de Belém, do Paysandu e do Remo revi confrades queridos, conheci novos amigos, a oficina foi um sucesso, o debate foi esclarecedor, os melhores do Salão foram premiados e eu, ah!, eu fui recepcionado da mais carinhosa maneira e vivi dias belenenses dignos de monarca.
Na foto de cima, eu ao lado dos meus talentosíssimos amigos J.Bosco e Biratan Porto. Na de baixo, flagrante de momento em que escolhíamos os melhores trabalhos do VII Salão. Da esquerda para a direita -no bom sentido, no bom sentido! - Waldez Duarte, Orlando Pedroso, Setúbal, Mario Alberto( tão encoberto que só dá para ver a ponta de sua brilhante cuca ), Natália Forcart e de costas, meu irmão gêmeo, Luiz Fernando Tavares.