No ano de 1979 Nana Caymmi pediu a Márcio Borges que fizesse uma letra para a melodia de Clube da Esquina n°2, de Milton Nascimento e Lô Borges, irmão de Márcio. Depois de consultar os autores da melodia, Márcio escreveu os célebres versos dessa canção e entregou para a filha de Seu Dorival e de Dona Stella Maris. A cantora recebeu a letra, leu, adorou e a gravou de boas. Nana foi casada com Gilberto Gil, na companhia do qual estava quando vista e fotografada em passeata pelas liberdades democráticas suprimidas por uma ditadura militar de extrema direita que sempre teve ódio figadal às Artes e aos artistas, no atacado e no varejo. Por certo se sobre ela se desencadeasse a violenta repressão costumeira, no meio de tantos gases lacrimogênios a moça Caymmi ficaria calma, calma, calma, calma. Tempos depois, sabe-se lá o porquê, essa irmã de Dori e Danilo, artista talentosa, de aclamados dotes canoros, descambaria para uma lamentável adesão ao que há de mais abjeto política e socialmente no Brasil, a mais olaviana extrema direita que nutre carradas de ódio mortal pela classe artística, classe que ela, seus irmãos, sua mãe, Stella Maris e seu pai, o lendário Dorival Caymmi, sempre integraram com amor, dedicação e elevada competência. Felizmente para a história da música brasileira, nos anos 70s Nana pensava diferente e teve a suprema sabedoria de nos brindar a todos com uma maravilhosa gravação de Clube da Esquina n°2 interpretando divinamente e registrando para a posteridade essa emblemática canção que nos ensina a não temer ímpios tiranos, asquerosos e crudelíssimos ditadores e suas desumanas repressões, um verdadeiro hino libertário. Grato, Nana.