30 março 2022

Roberto Calos, o rei. Sua vida dupla, suas manias excêntricas, e a Velha Jovem Guarda

Mesmo sendo filho do Espírito Santo, os céus não ajudaram muito Roberto Calos em sua juventude. Vindo de uma família que fazia malabarismos para sobreviver com curtíssima grana, esse cara sou eu tinha que trabalhar arduamente, sendo que era obrigado a encarar uma extenuante jornada dupla para ganhar a vida. De dia, Roberto Calos era jogador de futebol e em campo defendia uns pixulés jogando na lateral esquerda. Mal o juiz apitava o fim do jogo, Roberto Calos saía a 120...150...200 km por hora para os vestiários e ali mesmo sapecava uma peruca em sua cuca legal, vestia um terno azul ou branco, colocava um medalhão no pescoço, enchia os dedos de anéis e, na maior azáfama, ia em busca de mais uns trocados que conseguia amealhar atuando como cantor de diversas boates. Alguns, invejosos dessa sua versatilidade, insinuavam que ele não cantava banana nenhuma, que ele só urrava, daí o terem cognominado de Urrei Roberto Calos. Depois de muito ralar, RC conseguiu juntar umas economias e com elas resolveu se dedicar inteiramente à sua carreira de cantante e compositante. Vai daí, ao menos provisoriamente, desistiu de ser beque e comprou um calhambeque. Empolgado e gritando "Eu sou terrível!", saiu guiando sua caranga que não era lá uma máquina quente. Mas o moço acabou se dando mal pois parou na contramão nas curvas da Estrada de Santos e um guarda apitou. Inflexivel, o dito homem da lei tascou-lhe uma multa que quase fez o cantor perder a voz. Inconformado, o filho de Lady Laura bradou: "Querem acabar comigo!" Como o policial não se comoveu, o cantante não contou conversa e, indignado, vituperou: "Quero que vá tudo pro inferno!". De repente, se tocou que aquilo dava música. Chamou seu amigo Marasmo Calos e com sua parceria compôs um hit do iê-iê-iê que se tornou um verdadeiro hino da juventude vendendo toneladas de cópias pelo mundo afora, o que lhes trouxe muita grana cofre a dentro. Já tendo vendido mais de 100 milhões de álbuns no planeta, RC não sabe mais o que fazer com tanto dinheiro que ganhou. São milhões, bilhões e fudelhões de reais, dólares, yuans e euros que permitiram, entre otras cositas, que RC contratasse os melhores psicanalistas da praça para tentar curá-lo de algumas excentricidades e manias estapafúrdias que ele havia desenvolvido, como o fato de gostar exclusivamente das cores branca e azul, achando que as demais lhe traziam mau agouro, abominando a cor preta, o cinza, o marrom e o verde que não te quero verde, cruz-e-credo!, pé de pato!, mangalô!, três vezes!! Esse lance meio bizarro lhe trouxe problemas e constrangimentos, sendo Roberto Calos muito criticado por ter chegado ao cúmulo de dizer à Garota Marota Alcione que parasse de se insinuar para ele, afirmando que jamais iria convidá-la para jantá-la só pelo fato dela ser a Marrom.
(190514)