09 agosto 2018

Calúnia Social de Setubrahim Sued e a nata do cartum no Brasil.

Em sociedade tudo se sabe. Na sua sofisticada mansão em Belle Island, santuário dos milionários do jet set paulistano quatrocentão, o megapainter Gonzalito del Cárcamo recebeu em petit-comité os big shots do portrait-charge nacional, Paul Le Carrusô e Richard Onlyairs, vindos da Supercap. No farto buffet servido, entre os mais diversos acepipes constava o exótico ceviche, uma espécie de sashimi latino-americano sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do exterior. Tais iguarias cruas têm hoje um viés politicamente correto, vez que ajuda o Brasil a economizar gás, iniciativa assaz patriótica nestes tempos economicamente tão bicudos quanto o Evo Morales. Para dizer uma verdade nua e muito crua, quando oferecem carpaccio para meu chauffeur, Paulo Miklos, ele - bom de Estômago - vai logo bradando: "O meu quero bem passado!". Visando regar os bofes dos convivas, Don Gonzalito serviu champanhota, cervejota e cachaçota. De leve. Ou melhor, da pesada. No crepúsculo, o hostess chileno-soteropaulistano mostrou seus dotes badenpowellísticos e dorivalcaymmicos dedilhando um violão e soltando sua estentórea e bem afinada voz em clássicos de Waldick Soriano, Frankito Lopes, Anísio Silva e Miguel Aceves Mejia. Le Carrusô além de emprestar sua voz para um luxuoso dueto vocal , empolgou-se e provou que em matéria de samba, tem polca nos pés. Tremendo Su. A tertúlia só foi interrompida com a chegada de les hommes numa muito escura viatura, chamados que foram pelos vizinhos que não aguentaram mais ouvir Don Gonzalito cantar pela centésima vez o "Cu-cu-ru-cu-cu Paloma". Bola preta para tais invejosos. Os cães lavam e a caravana enxuga e passa. Ademã, que eu vou em frente. Cavalo não desce escada. Meus puros-sangues árabes, por exemplo, só vão de elevador. Social, é claraaaro, que é para eles não se misturarem com a gentalha. Sorry, periferia!
(06/02/14)