André Nunes é paraense, um insular nascido e criado na
fluvial Ilha do Arapujá , que fica bem defronte a Altamira, e que divide o Rio
Xingu, importante afluente do Rio Amazonas. Um ribeirinho, sim, de boa cepa e com
muito orgulho. Mas também é um cidadão do mundo, com ampla e benéfica visão
social e política, um homem consciente, de rica trajetória existencial, culto,
que ama sua gente, sua terra, a vida em toda sua plenitude. Tais qualidades
somadas acabaram por torná-lo o notável escritor que é, inspirado, cônscio,
senhor das palavras. Em seu livro Xingu,
causos e crônicas, André nos permite embarcar em seu caxiri que seguramente
nos conduz em instigante périplo por rios, igarapés, matas amazônicas, seringais
em que se evidenciam quilombos, ditadura militar, cabanos, seringueiros,
ribeirinhos, indígenas, caboclos, grileiros, pistoleiros, almas, corações e
mentes num itinerário que envolve e emociona o leitor. A rica narrativa é
construída pela privilegiada memória do autor que descreve em minúncias cada
detalhe dos acontecimentos, por vezes poéticos, compostos pelo vôo de
borboletas azuis, por vezes brutais, protagonizados por homens inclementes com
suas motosserras rasgando o ventre da floresta amazônica, aniquilando flora e
fauna, pelo massacres de inocentes e desvalidos, pela desfiguração e incerteza
trazidos pela implantação de grande hidrelétrica. Acontecimentos que foram
todos vividos com intensidade, plenos dos mais variados sentimentos e emoções
diversas. Neles sempre se faz presente um humor contido, bem pessoal e uma
declaração de amor à vida. Sem se valer de frases de efeito ou maneirismos
inócuos, usando as palavras exatas com o domínio de escritor de notável talento
que é, André sabe dar a cada narrativa o toque de emoção e verossimilhança,
criando um clima envolvente e prazeroso que delicia e encanta o leitor. Seu
texto sobre o Haiti, em luta desigual contra as grandes potências do mundo, é
leitura que lança preciosas luzes sobre a forma de agir da velha e da nova
Ordem Mundial. Quando escreve sobre o Pará, o carinho de André pelo chão, pelo
seu círculo parental, pelos seus mais fiéis amigos e por toda a gente paraense
se evidencia, e sua paixão pela terra se faz facilmente identificável em cada
um de seus relatos e observações numa antropologia exata feita do mais tocante amor.
31 agosto 2018
29 agosto 2018
Alejandro Iñárritu, Amores perros e um Cinema feito por quem sabe fazer Cinema.
Há toneladas
de filmes na história do cinema que nada de importante dizem ou propõem, feitos
por diretores que nada têm a dizer ou a propor. São meros produtos comerciais feitos
com o objetivo de gerar lucros econômicos, fabricados para atender a uma grande
faixa de público não muito exigente, que acorre às salas de projeção buscando um
filme feito para proporcionar momentos de relax, construídos com uma
narrativa nem um pouquinho complicada, repleta de lugares comuns, cheias de momentos déjà vu, de moral e desfecho previsíveis, atores bonitos e carismáticos, alguns efeitos especiais para enfeitar o bolo e ainda por cima
dublado, que esse negócio de ler legendas e olhar imagens é coisa intolerável. Quem achar que são uma boa pedida que os assista e sejam felizes. Quanto a esse filho de meu pai, essa semana procurei na internet, achei e revi Amores perros (no Brasil, Amores brutos), com o áudio original, um filme
do qual gosto muito, pois, felizmente, há diretores e filmes que não compactuam
com a mediocridade geral que assola o grande écran, diretores como o criativo e inovador cineasta mexicano
Alejandro González Iñárritu, que o digam os que assistiram seu Birdman, de 2014, com Michael Keaton. Amores perros é, surpreendentemente, o filme de sua estreia em longa-metragens. E que estreia! O filme é um soco no
estômago que tira o fôlego do espectador, tão emocionante é, tão bem escrito é,
tão bem dirigido, interpretado e montado é. Entre os atores, se sobressai a figura de um Gael Garcia Bernal bem jovem que, com a visibilidade
adquirida a partir dessa película, foi guindado à condição de astro
internacional, filmando com renomados cineastas outros, entre eles, Pedro Almodóvar e nosso Walter Moreira Salles,
entre outros. Ousado, emocionante, iconoclasta, criativo, surpreendente, Amores perros é
feito de narrações e sub-narrações, histórias e personagens de mundos
diferentes que acabam se cruzando pelo imponderável da vida. Fortes emoções
são reservados ao espectador que não consegue adivinhar como será a próxima cena nem as
soluções dos conflitos expostos, em meio ao amor, à paixão, a uma chocante violência urbana,
tudo alinhavado por Iñárritu de uma forma em que os perros do título são fatores
determinantes na deflagração de conflitos em que imperam emoções incomuns que tomam conta do espectador. Para os que apostam em filmes comerciais medíocres para angariar lucros, é bom dizer que Amores perros é uma das grandes bilheterias do cinema, o quinto em toda a história do cine mexicano. E o filme não precisou se valer da mediocridade, do lugar-comum e de velhas fórmulas para seu êxito comercial.
(06/12/16)
(06/12/16)
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27 agosto 2018
Cleomar Brandi: velório e sepultamento festejados com muita alegria
"Notícia não é folha de outono; não cai no colo." Essa frase, dizia-a Cleomar Brandi, jornalista baiano nascido na cidade de Ipiaú que, acometido de câncer, faleceu em julho de 2011 em Sergipe, onde morava. Fica evidente que, além de periodista, o cara era também escritor e poeta. Não o conheci pessoalmente, mas tivemos amigos em comum, e trabalhei muito tempo no jornal A Tarde com seu irmão, o também jornalista Chico Ribeiro Neto. Por um amigo do IRDEB, Robério, fiquei sabendo que Cleomar, que viveu a vida intensamente, amava sua profissão com todas as forças da alma assim como amava os amigos e a própria vida, era um cara querido e especial. Tão especial que, sabendo que sua morte era iminente, reuniu as forças e escreveu uma carta de despedida reafirmando suas escolhas, seu amor à vida, os bons momentos vividos, o apreço aos verdadeiros amigos. Edith Piaf em sua canção maior, Rien de rien, dizia que não, não se arrependia de nada e desfilava segurança e ausência de mágoas pelos acontecimentos de sua conturbada existência, desconsiderando cizânias, dores e traições em que porventura fora enredada, minimizando possíveis frustrações ocasionais na longa jornada do viver. Cleomar foi além, deixou determinado e bem claro a todos os amigos que eles deveriam fazer do seu velório não um acontecimento encharcado por copiosas lágrimas, pungentes lamentações que perdas costumam trazer, instantes para tristes e lancinantes lembranças do amigo que partira, mas, sim, uma alegre festa de celebração da vida, da felicidade de viver entre seres amados desfrutando da amizade verdadeira, momentos onde não coubesse nenhum pingo de deprimente tristeza, tudo muito de acordo com a filosofia que ele seguira à risca vida afora. E foi ainda mais longe: sabendo que os amigos, fiéis, iriam em peso ao seu sepultamento, conclamou que todos, depois de saírem do cemitério deveriam ir ao Bar do Camilo onde ele, previamente, deixara paga a conta para uma mais que alegre bebemoração com seus queridos confrades, ainda que ele ali não pudesse estar presente em seu corpo físico. Quem lá esteve, disse que no momento em que bebiam em seu louvor, surgiu no céu um inefável arco-íris duplo, indicativo de que Cleomar não ia perder essa, comparecia espiritualmente e se juntava aos amigos nessa sua retumbante festa de despedida deste mundo. O clima alegre e fraternal que marcou o encontro pode ser visto nestas fotografias que mostram a festa alusiva ao evento pós-sepultamento. Na última delas, uma foto recente do amado Cleomar, um ser humano que soube viver a vida, um anjo radiante em sua derradeira despedida, em sua última saideira.
(09/08/11)
(09/08/11)
J. Jorge Amado, o nume, o esparro
(05/11/13)
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26 agosto 2018
O fascismo brasileiro também usa avental de cozinha e assiste novelas da Globo .
Navegando na internet, encontrei e li este texto do consagrado jornalista Gonçalo Junior, a quem muito respeito e admiro e com o qual compartilho muitíssimo da visão sobre os tristes e deletérios fatos políticos e sociais que nos assolam nesses recentes tempos, fustigados que vamos sendo por ventos do nazismo e vendavais do fascismo, ainda que tomem formas de pacatas senhorinhas e insuspeitas donas de casas paramentadas com o indefectível traje auriverde dos patinhos e patinhas da FIESP. Deus nos defenda, Alá nos proteja, Jah, Buda e Tupã nos guardem destas senhorinhas, muitas das quais levam nas mãos uma Bíblia que sacam a torto e a direito, usando-a como se fora uma arma de destruição em massa contra quantos delas discordem. Mesmo me dizendo um livre pensador, em tais horas me agarro a um velho terço que comigo guardo e, contrito e genuflexo, imploro que alguma brisa de sabedoria e bom senso nos arejem os dias presentes e futuros. Sem consultar o grande Gonçalo Junior, reproduzo aqui para meus leitores mais fiéis, já que os tenho em mui elevada conta.
"31/05/2018, Avenida Paulista, agora...
"31/05/2018, Avenida Paulista, agora...
ADENDO: Eram cerca de 100 pessoas, a maioria enrolada com a bandeira do
Brasil ou vestindo camisa da Seleção Brasileira. Em meia hora, cruzei com dois
grupos com o mesmo discurso. Esse era comandado por uma senhora que tentava articular
frases feitas para justificar aquele circo todo. As pessoas olhavam aquilo como
se vê bichos no zoológico, com curiosidade (com todo respeito aos animais dos
zoos), mas sem aderir ou apoiar. Isso se chama apologia contra a ordem
institucional e a Constituição. Para mim, é crime. Como pregar o nazismo, pois
sua essência vai contra as liberdades e os direitos das pessoas. Alguém precisa
enquadrar essas pessoas, pois isso nada tem a ver com liberdade de expressão.
Pelamordedeus..."
(02/06/18)
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23 agosto 2018
19 agosto 2018
Partindo para a ignorância com o Paulo Paiva / Pintando o Set 9

Justiça se faça, o cidadão Paulo Paiva - famoso no universo das HQs com o codinome Pepê - é um cara retado. E retado, aqui onde me encontro, neste afro-baiano torrão, significa que o indivíduo assim nominado é um sujeito competente, que sabe das coisas, cheio de denodo e de muita fibra. Fibra, aliás, é coisa que nele sobra, Pepê tem mais fibra que a embalagem de uma tonelada da Aveia Quaker vendida nos supermercados por aí. Tanto é verdade que nem um AVC conseguiu deter este meu amigo. Passado o susto inicial, Pepê - com o auxílio fundamental de sua cara-metade Suely Furukawa - lutou com determinação e foi reassumindo aos poucos seus afazeres que o fizeram tão conhecido e amado. Pois foi este meu amigo que um tempo atrás me pegou de surpresa ao me enviar via internet uma mensagem gravada em vídeo onde aparecia dirigindo-se a mim, falando entusiasmado sobre alguns desenhos meus que lhes havia remetido e que ele viria a publicar em uma das revistas de HQs, textos e cartuns que co-editava à época com Suely. No referido vídeo, mostrou-se mais que satisfeito com a qualidade do material que lhes enviei para publicação e me teceu elogios que um cara durão como sou, um ente machão-porém-mui-emotivo, não pode receber sem se debulhar em lágrimas dignas das vertidas por quaisquer acompanhantes das mais lacrimosas novelas mexicanas. Ah, meu Senhor do Bonfim, se esta história parasse por aqui, seria um final feliz digno de filmes de Hollywood. Mas o caso é que ao retomar suas atividades, além de editar, Pepê também foi voltando a escrever, criar e ainda desenhar. É bem aí, amigos, que reside indesejável cizânia. Tudo solamente porque dentre os confrades que fiz neste grande mulato inzoneiro, Pepê é daqueles que perdem o amigo mas não perdem a oportunidade de sacanear em nome de umas boas gargalhadas. Passado um recesso, eis que ele me enviou, de sua atual lavra, outra caricatura da minha magnânima e régia pessoa, apesar de eu já haver previamente alertado ao meu amigo que não aprecio gestos que tais. Em postagem anterior, cordatamente já o advertira, dei indiretas diretíssimas, já fiz ameaças veladas e outras escancaradas, já blasfemei, já vituperei, já desconjurei, mas nada do Pepê se mancar. Então mister se faz subir o tom. Que Seu Pepê não reclame quando estiver no conforto de seu sacrossanto lar e, sem aviso prévio, receber a contraporra. E se ele não sabe o que é isso, esclareço didaticamente que aqui na Bahia isto é o mesmo que receber a galinha pulando, o que equivale ao vivente se tornar alvo de uns catiripapos muito bem aplicados de sopetão nas fuças, como os que aplicarei resoluto naquela cara de sacana que ele tem assentada em cima do seu pescoço. Sou ainda capaz de fazer coisas mais deletérias. Isto é claro se Suely, mais exatamente Suely Hiromi Furukawa, se distrair por algum momento, pois de besta só tenho a cara. Plenamente cônscio de ser ela uma nissei versada em tradicionais nipônicas artes marciais não sou em quem vai dar moleza e passar de agressor a candidato à vaga em leito de UTI. Para lá quem vai mesmo é o Pepê se continuar a me enviar tantas e tão depreciativas caricaturas de minha augusta pessoa. Abre o olho, seu Pepê! E tenho dito.
(Publ. orig. 25/11/09)
(Publ. orig. 25/11/09)
18 agosto 2018
Sketchbook 01 / Um rosto enigmático em traços rápidos

(14/07/15)
16 agosto 2018
Paulo Paiva, Suely Furukawa, Chico Peste, AQC e otras cositas
Em dias recentes, Paulo Paiva, o moreno mais frajola de Sampa, conduzido pelos notáveis da AQC, entrou oficialmente para o sagrado panteão que reúne os mais competentes, dedicados e produtivos profissionais de quadrinhos neste país varonil de Gugu e Clodovil. Revendo meus arquivos implacáveis descobri que entre as primeiríssimas postagens deste bloguito está uma singela homenagem que fiz ao Pepê no longínquo ano de 2009, quando ele ainda não era oficialmente - como hoje o é - um Grande Mestre do Quadrinho Nacional. Eu, arrivista e venal, como de costume, quero aproveitar o momento para dar um repeteco na dita postagem para ver se assim pego uma carona no enorme prestígio que Pepê, aliás, o Mestre Paiva, vem desfrutando entre as muitas gentes das classes cartunais, desenhísticas, ilustrativísticas e quadrinhísticas desse sagrado torrão cujo pendão auriverde a brisa do Brasil beija e balança. Paulo Paiva, amadíssimo Mestre, para você os meus respeitos, a minha admiração e um grande abraço.
Paulo Paiva, um cara cheio de bons argumentos
Paulo Paiva, um cara cheio de bons argumentos

Conheci meu querido amigo Paulo Paiva, o Pepê, há alguns milênios na Editora Abril onde ele escrevia argumentos para Zé Carioca e outros personagens do Papai Disney. Pepê, além de excelente argumentista, notável quadrinhista e cartunista talentoso, é um ótimo criador de personagens. Um dos mais hilários deles é o cangaceiro Chico Peste, feito em parceria com Munhoz. Pois foi no Chico Peste que me inspirei para fazer este portrait charge desse amigão de todos. Falando em amigos, quando o rei Roberto soltava a voz dizendo que queria ter um milhão deles, Pepê já tinha o dobro disso. Não há quem não goste do cara.Mas quem gosta mais mesmo é a Suely Furukawa que, com sorte, tornou-se sua consorte. Fiz Pepê com um olhar de menino levado que ele tem. Desconfio que para manter esse menino na linha Suely deve ter usado - e muito - seus conhecimentos de artes marciais legados pelos seus honoráveis ancestrais nipônicos.
(09/05/2009)
(09/05/2009)
12 agosto 2018
Lage, o cartunista mais amado entre os cartunistas.
Valho-me de minha magnânima generosidade para presentear vocês, sábios leitores, sapientes leitoras, com dois trabalhos do cartunista, chargista e quadrinista baiano Hélio Lage, ciente de que eles demonstram apenasmente um mui diminuto tantinho do vasto talento deste artista maravilhoso, fera no traço e nas ideias, o cartunista mais admirado pelos demais cartunistas baianos, um primus inter pares, que o diga o grande Bigu, primus, digo, primo carnal de Hélio. Depois desse aperitivo, lhanos leitores, dulcíssimas leitoras, o lance é acessar o diversificado PORTAL DO IRDEB e ver os outros trabalhos de Lage que lá estão a espera de quem sabe o que é bom. Clique aqui neste link, meu rei: www.irdeb.ba.gov.br
Depois é só entrar no tópico Galeria de Imagens e se deliciar com os cartuns e desenhos com gosto de acarajé do mais maravilhoso cartunista que a Bahia já viu em afortunados dias. Bon appétit.
Depois é só entrar no tópico Galeria de Imagens e se deliciar com os cartuns e desenhos com gosto de acarajé do mais maravilhoso cartunista que a Bahia já viu em afortunados dias. Bon appétit.
11 agosto 2018
Imprensa pró-golpe, Jornalismo sério, Democracia, Desenhos e Pinturas de Setúbal no OutraBahia Online.

(27/09/17)
09 agosto 2018
Calúnia Social de Setubrahim Sued e a nata do cartum no Brasil.
Em sociedade tudo se sabe. Na sua sofisticada mansão em Belle Island, santuário dos milionários do jet set paulistano quatrocentão, o megapainter Gonzalito del Cárcamo recebeu em petit-comité os big shots do portrait-charge nacional, Paul Le Carrusô e Richard Onlyairs, vindos da Supercap. No farto buffet servido, entre os mais diversos acepipes constava o exótico ceviche, uma espécie de sashimi latino-americano sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do exterior. Tais iguarias cruas têm hoje um viés politicamente correto, vez que ajuda o Brasil a economizar gás, iniciativa assaz patriótica nestes tempos economicamente tão bicudos quanto o Evo Morales. Para dizer uma verdade nua e muito crua, quando oferecem carpaccio para meu chauffeur, Paulo Miklos, ele - bom de Estômago - vai logo bradando: "O meu quero bem passado!". Visando regar os bofes dos convivas, Don Gonzalito serviu champanhota, cervejota e cachaçota. De leve. Ou melhor, da pesada. No crepúsculo, o hostess chileno-soteropaulistano mostrou seus dotes badenpowellísticos e dorivalcaymmicos dedilhando um violão e soltando sua estentórea e bem afinada voz em clássicos de Waldick Soriano, Frankito Lopes, Anísio Silva e Miguel Aceves Mejia. Le Carrusô além de emprestar sua voz para um luxuoso dueto vocal , empolgou-se e provou que em matéria de samba, tem polca nos pés. Tremendo Su. A tertúlia só foi interrompida com a chegada de les hommes numa muito escura viatura, chamados que foram pelos vizinhos que não aguentaram mais ouvir Don Gonzalito cantar pela centésima vez o "Cu-cu-ru-cu-cu Paloma". Bola preta para tais invejosos. Os cães lavam e a caravana enxuga e passa. Ademã, que eu vou em frente. Cavalo não desce escada. Meus puros-sangues árabes, por exemplo, só vão de elevador. Social, é claraaaro, que é para eles não se misturarem com a gentalha. Sorry, periferia!
(06/02/14)
(06/02/14)
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