Em certos desentendimentos conjugais, o marido chinês perde toda sua proverbial paciência chinesa para com sua cara-metade e a ofende chamando-a de dragão. Chamou, se lascou, pois depois de chamar não adianta dizer "foi Mao!, foi Mao!, foi Mao!". Acontece que na China esse negócio de dragão é coisa muito séria e aí rola a maior kung fu zão, que é uma confusão acrescida por golpes de kung fu. Vai daí que a digníssima fica indignadíssima, partindo exasperadíssima pra quebrar a metade da cara que pertence ao seu cara-metade. E vá ser violenta assim lá na China, pois ela, sem precisar recorrer a nenhum manual de kung fu, quebra mesmo a asiática fuça do sujeito com muita porrada e na casa do casal Imperador, digo, impera a dor. A dor é tamanha que o pobre china faz horrendas caretas e pula gritando: "Aikidô!, aikidô!, aikidô!". Quem acha que chinês e brasileiro não têm nada em comum, não sabe que, igual a qualquer brasuca do povão, o chinês adora um bom pagode. Vá lá que seja pagode chinês, mas é pagode, ora, bolas! Aliás, por aquelas plagas chinesas, nosso Zeca Pagodinho é um grande ídolo. O problema para os brasileiros na China é a comunicação, que é muitíssimo difícil. Você pede ao cozinheiro do hotel para ele mandar uma pizza, mas ele Mandarim, digo, ele manda rim e você, para não passar fome, acaba tendo que comer, mesmo a contragosto. Falando em comer, os homens chineses adoram comer brotinhos. É broto de feijão, broto de bambu e por aí vai. Ele só não come mesmo é a própria mulher, tudo porque ela já não é mais nenhum brotinho.
(281210)
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