25 março 2020

Futebol, Seleção Brasileira, Timão, muita paixão e muitas pedras no caminho.

 
Futebol é uma das minhas paixões, brasileirinho que sou, et pour cause é também uma das minhas temáticas preferidas nas pinturas que faço. Há uma grande beleza plástica nos movimentos dos corpos dos jogadores, seja correndo, chutando, cabeceando, driblando. E se esses jogadores vestem a camisa amarela, os calções azuis e as meias brancas, cores usadas no  uniforme da seleção brasileira, a coisa vai ainda melhor, tamanha é a empatia mundial em torno de uma elástica admiração, uma aura mágica construída por gerações de craques brasileiros que mostraram ao mundo que um esporte pode se converter em pura arte, uma arte maior que vem influenciando futebolistas dos quatro cantos do mundo, supondo-se que a terra seja mesmo da forma que terraplanistas a descrevem. Eu disse isso tudo e me toquei agora que, embora sendo um corintiano juramentado, não me lembro de haver pintado um único quadro com jogadores paramentados com a sagrada camisa do bicampeão mundial interclubes, a mundialmente famosa e cobiçada segunda pele do alvinegro do Parque São Jorge - Ogun Ye, meu pai! 
Pois é, pois é, em contrapartida, amando pintar coisas do apaixonante esporte das multidões, há tempos venho pintando - e vendendo com relativa frequência - craques dentro de campo vestidos com a camisa da seleção canarinho porque, apesar dos pesares, a seleção é ainda grande paixão brasileira, malgrado a camisa auriverde do selecionado brazuca haver servido de uniforme para patos, patinhos e patinhas teleguiados da Fiesp, e apesar da humilhante e vexatória derrota que os germânicos nos sapecaram sem dó dentro de nossa própria casa por 7x1, sendo que podiam ter feito 10, 20, 50 gols, mas resolveram aliviar e puxaram o freio de mão, talvez em consideração à mencionada aura mágica, ao futebol glorioso que já fomos em distantes dias. Ainda assim, para grande parte dos brasileiros, esse vexame suplanta em muito a tristeza da derrota para o Uruguai na final da Copa de 1950. Como a paixão não costuma andar de mãos dadas com a lógica, seguimos amando muito nosso futebol, apesar dos males trazidos pelo antigo e nefasto monopólio exercido pela Rede Globo que sempre ditou as regras da maneira que quis, insaciável, ávida, em busca dos bilhões que o futebol abriga, reduzindo o futebol a um mero ítem comercial que manipulam da forma que querem e que se lixem os torcedores brasileiros. Apesar também do interminável batalhão de sórdidos formado por Havelanges, Ricardos Teixeiras, Josés Marias Marins, Del Neros, gangsters provectos, alguns já de cujus, dos empresários venais, dos maus dirigentes de clubes, dos lamentáveis cronistas esportivos que os sustentam, dos Dungas, Bebetos, Galvões Buenos e aberrações quejandas as quais somos obrigados a enfiar goela abaixo. A seco, quando acaba.
Ah!, antes que me esqueça, essa tela na foto aí acima é de tamanho 50x40 cm, foi pintada com tinta acrílica e hoje está, para meu orgulho, numa parede da residência de uma grande figura em New York city, um ex-jogador profissional de futebol e atual treinador, cara muito sério, que se tornou um competente coachconstruindo sua bela carreira que já é vitoriosa pois trabalha com dedicação, seriedade e amor ao esporte, coisa que no nosso futebol, infelizmente, anda em tempos de grandes carências. Resta-nos rezar fervorosamente para que São Tite, ora técnico da seleção canarinha, nos socorra com algum improvável milagre onde nos faltam competência, seriedade, planejamento e honestidade.
(171214)