O cinema norte-americano sempre foi uma arma de aculturamento em nossas cabecinhas tupiniquins. Quando ainda um niño de Jesus eu ia ao cinema em Candeias e na telona, linda, panorâmica, vasta e apaixonante, a magia do cinema me pegou para todo o sempre. E vai daí eu, embevecido, via filmes de cowboys metendo incontáveis e imerecidas balas em indígenas que eles, é claro, mostravam como sendo seres sórdidos, cruéis, insidiosos e nada hospitaleiros com o bom e sempre bem intencionados homens brancos ianques, com suas famílias e suas inflexíveis intenções de se instalar em terras consideradas sem dono, já que os indígenas não tinham escrituras lavradas em cartório. A bem da verdade, os autóctones não tinham nem cartório e sequer sabiam nada sobre a funcionalidade deles. Um dia, nesse Brasil brasileiro, mulato inzoneiro, surgiu em cena um cineasta chamado Lima Barreto e eis que ele abocanhou a Palma de Ouro em Cannes mostrando um brasileiríssimo cangaceiro em suas andanças pelo inóspito sertão. Tempos depois veio Glauber Rocha e seu genial Antonio das Mortes que deixou siderados cinéfilos e grandes diretores do planeta, e de quebra nos mostrou Deus e o Diabo se arrostando na Terra do Sol. E eu ali, sempre firme, apaixonado pela temática cangaceiro-e-sertão-do-nordeste. Sempre que faço uma HQ ou um cartum aproveito o tema. E quando pinto, o resultado são coisas como esta pintura aí, um painel de quase 1 metro e meio de largura por 2 metros de altura. Paixão pela temática de sertões e cangaceiros é issaí!
(19/10/14)
(19/10/14)