22 outubro 2017

Norman Rockwell / Uns caras que eu amo 3



No vasto mar da Internet todos nós, intrépidos internautas, podemos desfrutar do prazer de olhar belíssimas ilustrações que ali foram postadas justamente para que possamos conhecer os trabalhos feitos por habilidosos profissionais. Esses artistas, valendo-se das mais variadas técnicas, produziram desenhos, gravuras e pinturas magníficos. Hoje, graças a sofisticados programas de computadores, qualquer ilustrador tem à sua disposição uma grande gama de possibilidades de produzir belíssimas ilustrações. A informática, sempre providencial, lhe dá múltiplas ferramentas para tornar isso possível, o que nos leva a pensar. Em passado bem remoto, ou nem tanto assim, havia artistas que produziam uma arte deslumbrante e eles não precisaram de computadores para serem os estupendos artistas que foram. Um cara como o ilustrador norte-americano Norman Rockwell, por exemplo, usava os materiais que o século XX lhe permitia usar, ou seja, prosaicos lápis, carvões, nanquim, aquarelas e tintas a óleo, desses materiais que perduram até os dias atuais, acessíveis a qualquer vivente. Isso foi mais que suficiente para ele alcançar a fama incontestável de gênio a que merecidamente faz jus. O grande diferencial estava em seu raro talento em pensar e executar seu ofício, o que o tornou um cara cultuado até essa era digital de tantas possibilidades maravilhosas de hoje. Norman tinha a habilidade para retratar pessoas e cenários de uma forma admirável. Sendo o grande artista que era não se limitava a fazer reproduções perfeitas, coisa que muitos bons artistas o fazem, ele ia além, bem além. Sabia como ninguém transmitir em minúcias a alma das pessoas e o clima de seu país. Seus pincéis mostravam de forma sútil mas evidente o sonho americano, anseios, alegrias, diferenças, incertezas, emoções de pequenos instantes da vida comum dos seus contemporâneos, em uma dimensão sem precedentes. Norman, sem ser panfletário nem estereotipar, fazia uma deliciosa crônica do american way of life. A paixão, as descobertas da infância e da adolescência, a solidão, os temores, as maledicências, o amor materno e todos os demais amores, a ansiedade, a angústia, a solidariedade, o preconceito mais indizível, a comoção, as certezas, as crenças, as esperanças. Tudo isso e muito mais, traduzindo como ninguém jamais o fizera, os sentimentos do americano médio, do pobre, do rico e mesmo os da raça humana como um todo, mostrando um olhar atento ao seu tempo, à vida como um todo. Sem jamais esquecer apaixonantes pitadas de humor e a mais refinada ironia. Fazer belas ilustrações muitos fazem e para fazer belos trabalhos gráficos o computador em muito ajuda os profissionais. Mas criar tendo o olhar atento e aguçado, a sagacidade, o humor e talento de Norman Rockwell, bem...aí é outra história.