08 setembro 2019

Michael Jackson e Neguinho do Samba, um encontro celestial

Sem o habitual séquito de paparicadores e seguranças, Michael Jackson chega ao Céu, onde tem reserva garantida pois se o papa é pop, São Pedro é hiperpop. Um coral de anjinhos de olhos gázeos, fulvas e cacheadas melenas, todos desnudos como nas pinturas renascentistas vem receber com cânticos o novo habitante do sacrossanto empíreo. Ao vê-los, Michael não contém sua emoção: "Uau! Isto aqui é mesmo o Paraíso!!" São Pedro o recebe com igual entusiasmo mas não deixa barato a presença do popstar e encomenda logo de cara uma apresentação à altura do muso para louvar o Pai Celestial. Para tanto, convocam os percussionistas que já habitam por ali, na celeste morada. Ensaiam exaustivamente. Mas Michael sente que falta algo mais, um swing maior pra fazer o Paraíso vibrar com alegria no mais apoteótica dos shows. O criador do moonwalker procura São Pedro e diz que necessita de alguém para dar à grande festividade a aura perfulgente, a alma radiosa, a contagiante alegria rítmica que lhe falta. E segreda um nome ao ouvido do guardião dos Reinos do Céu. Inteirado do que Michael precisa, Pedrão cofia a barba hirsuta, medita e finalmente berra para um querubim que por ali vai passando: "Manakel, meu zifio... vai voando na Bahia, passa lá na sede do bloco Olodum e me traga urgente o Neguinho do Samba!"
(10082013)