06 junho 2018

Cangaceiro e umbu / Arte que se reparte

Sempre fui fascinado pelos cangaceiros que via, ainda em P&B, nas telas do cinema que enriqueciam minha infância em Candeias, a meio uma plateia de jovens conterrâneos que não se limitavam a assistir em contemplativo silêncio os filmes que viam, manifestando-se com estridentes assobios e gritos a cada ação considerada digna de incentivo ou reprovação, dos personagens que surgiam no ecrã. Depois tive contato com os audazes cangaceiros desenhados em páginas de revistas de quadrinhos, também sem cores, o que, aliás, não atrapalhava nem um pouco minha fértil imaginação. Hoje, em rápido balanço, constato que já fiz pletoras de ilustrações com o tema, já pintei inúmeras telas, fiz gravuras diversas. A paixão segue enorme, como sempre. Este cangaceiro aí em cima, segurando entre os dedos um umbu para o qual olha com a mesma atenção que Hamlet olhava para a caveira do pobre Yorick, foi feito com uma abordagem mais humorística, de acordo com o texto da crônica que ilustrei. Desenhei com grafite B e arte-finalizei com caneta nanquim descartável. Para ilustrar algo para um jornal, nem sempre a informática é imprescindível, por vezes basta isso e um tantinho de imaginação. E Zé Fini.