05 março 2014

Fernando Guerreiro e seu teatro guerreador

Teatro. Ah, o Teatro! Sua magia me conquistou de há muito, quando eu ainda era um imberbe rapazola morando em Sampa. Vim para a Bahia e trouxe comigo esta paixão. Lá e aqui vi gratas e inesquecíveis montagens, atores e diretores formidáveis. Um desses diretores é o fantástico Fernando Guerreiro, orgulho e glória desta afroterra de tantos notáveis das Artes Cênicas. Guerreiro tem um trabalho profícuo, é dinâmico, batalhador, aguerrido, fazendo jus ao nome que porta. Sendo hoje consagrado em todo o Brasil, Fernando é pessoalmente um cara simples, acessível, sem afetações, arrogância ou estrelismos, atributos largamente encontrados no meio em que transita. É um cara que não tem vergonha de declarar - como vi outro dia em uma entrevista dele -  seu amor pela arte rotulada de brega de Odair José, Diana e Waldick Soriano, gente vista com desdém pela chamada intelligentsia. Tamanha autênticidade só faz aumentar minha admiração para com Fernando, e cito, aos que desconhecem, que Odair e Diana tinham o aval do formidável Raul Seixas que até compunha para eles com o nome de Raulzito, integrando uma tchurma que eu também sempre curti, achando para eles um espaço entre os meus ídolos de vanguarda e a grande multidão dos que fazem a linha cool. Voltando às Artes Cênicas, quando se quer falar no Teatro da Bahia, mister se faz falar-se em "A Bofetada", um divisor de águas, recorde de público nesta terra, muito pela direção segura de Guerreiro. Um sucesso por toda cidade do Brasil onde haja passado que está sendo representada há mais de duas décadas, uma espécie de "A Ratoeira" em versão soteropolitana. Certamente ávido por se renovar, se reciclar, tentar novos desafios, Fernando deixou a peça e o grupo responsável pela montagem, a Cia. Baiana de Patifaria. Com uma carreira produtiva, o nome de Fernando hoje está ligado a formidáveis espetáculos como "Equus", "Boca de Ouro", "Os cafajestes", "Vixe Maria!Deus e o Diabo na Bahia", "O indignado" e muitas outras peças de sucesso. É mérito do diretor também o lançamento de diversos atores, entre eles Wladimir Brichta. Além da consolidação da carreira de artistas como o ótimo Frank Menezes. Os espectadores mais atentos sabem que o Teatro que Fernando Guerreiro faz é como ele próprio: criativo, divertido, brilhante e um insuperável disseminador da alegria. Axé, Guerreiro!