08 fevereiro 2014

FIFA exige que ministro Aldo Rebelo raspe seu bigode.

Verdade incontestável é que aqui no Brasil a falta de memória é epidêmica. Então, só para relembrar, recentemente, na britânica Londres, de forma nada britânica, o indigníssimo secretário-geral da FIFA, senhor Jèrôme Valcke. declarou em entrevista aberta a jornalistas de todos os países que para acelerar o ritmo,  tomar jeito, aprovar a chamada Lei Geral da Copa e fazer uma competição comme il faut,  o Brasil precisava de um belo e caprichado chute no seu auriverde traseiro. Imediatamente nosso Ministro dos Esportes, senhor Aldo Rebelo (lembra-se dele?) reagiu indignadíssimo pulando de sua ministerial cadeira e, com compreensível  furor pela ultrajada honra tupiniquim,  redarguiu falando em orgulho pátrio, em soberania nacional, alardeou que quem manda nesta zorra somos nós, brasileiros, exigiu a cabeça do tal Jèrome, que com ele não tinha mais papo, que aqui o buraco é mais embaixo, que não é assim que a banda toca, que quem muito fala dá bom dia a equino, que passarinho que come pedra sabe mensurar o fiofó que tem e o escambau. Ninguém por aqui se animou nem levou fé dado a episódios congêneres já ocorridos. Contrário ao discurso pleno de brios patrióticos de Rebelo  parece que somos mesmo um país de quinta e insistimos em eleger um monte de bundões para nos representar, talvez porque em colossal parcela somos igualmente bundões, desconfio. Bom, o que importa é que a FIFA não desceu do seu pedestal, o ministro Aldo teve que engolir goela abaixo o tal Jèrôme, todos nós estamos nos vendo obrigados a deglutir colossais batráquios como ver o tal estatuto do torcedor, criado para tentar melhorar as coisas nos estádios brasileiros, ser rasgado em praça pública em nome dos interesses financeiros da Budweiser, da FIFA e dos seu todo-poderoso staff dirigente. Agora que já mostrou sua força e seu irrefutável poderio e provou que somos uns pusilânimes e uns Zé Ruelas, a FIFA pode ditar quaisquer normas por aqui. E vai ditar, vai ditar. Pra começar, a  mais nova exigência da entidade futebolística diz respeito ao desrespeitado Aldo Rebelo. Os poderosos dirigentes da FIFA afirmam entender que o bigode de ar vintage ostentado pelo ministro está em desacordo com o mundo hodierno.  Com ares de fervorosos defensores da democracia,  sustentam que bigodes lembram Stalin, remetem a Mussolini, Hitler, Sarney e um monte de indesejáveis tiranos de direita e de esquerda espalhados pelo planeta desde o século passado e que tal estética não é coisa compatível com a visão progressista de um dirigente contemporâneo e como tal nenhum deles usa debaixo do seu nariz tal adorno peloso. Exemplificam citando  Barack Obama, Putin, Sarkosi, François Hollande e Dilma Rousseff. Sem direito de apelação, o mustache retrô do ministro Aldo Rebelo deverá então ser sumariamente raspado devendo ele se apresentar devidamente escanhoado na próxima reunião com os dirigentes da FIFA. Caso caia na besteira de voltar a se apresentar com o anacrônico bigode estará correndo risco de receber da FIFA -  via Jèrôme Valcke -  mais um belo e justificado chute em seu ministerial traseiro.