João Ubaldo Ribeiro, a quem dei sábios pitacos que o tornaram escritor consagrado no mundo.
João Ubaldo Ribeiro, glória literária da Bahia e do Brasil, posto que é ele consagradíssimo escritor, cronista admirado e seguido por uma legião de fãs que devoram seus escritos cheios de lucidez, consciência política e social e prenhes do mais inteligente e refinado humor. Seu domínio do idioma e da linguagem escrita são evidentes. Ah! e dizer que li tantos textos deles no original, recém tirados de sua máquina de escrever (era um treco cheio de ferrinhos que existia antes de inventarem o computador, caros adolescentes) lá pelos idos dos emblemáticos anos setentas. Não que ele me entregasse em mãos para um necessária e criteriosa avaliação. Eu lia os textos sem pedir licença, bem ali na mesa do diagramador da Tribuna da Bahia, em cuja redação trabalhávamos eu e o Ubaldo, lá apodado de Risadinha graças à sua indefectível e estentórea gargalhada que volta e meia fazia tonitruar muitos decibéis acima do alarido ensurdecedor emitido pela barulhenta redação. Aí, como quem não quer nada, eu dava meus pitacos pro Ubaldo, que por sinal já escrevia que era uma maravilha mas precisava de umas correções de rumo que euzinho, com minha proverbial benevolência com novéis, sempre me dispunha a prestar e não me pejo de dizer que o fazia de bom grado. Ele ouvia, silente, meneava a cabeça, pegava as laudas, entocava-se na sua sala e tratava de fazer os devidos reparos por mim sugeridos. Nunca, em tempo algum, a mim dirigiu qualquer palavra que pudesse, ainda que remotamente, deixar transparecer um agradecimento, coisa que a bem da verdade jamais pretendi receber, nem naqueles pretéritos tempos e muito menos em dias atuais. Do assaz astronômico numerário que cotidianamente adentra sua polpuda conta bancária, vintém não quero nenhum. Sou a generosidade em pessoa, a mim me basta vê-lo evoluir a passos largos no seu ofício, tornar-se um escritor maior que galga a passos largos os degraus da fama e tornar-se um dos maiores literatos entre tantos e tão talentosos escritores desse nosso país garboso e varonil. Creiam-me, basta isso para eu quedar-me com o peito inflado do mais lídimo orgulho. A João Ubaldo, meu derradeiro conselho é que não abuse da bebida que servem na ABL. Refiro-me ao tradicional chá que os imortais escribas bebem, paramentados de fardão e espadim. Matar, não mata, vez que todos são imortais. Mas pode dar uma gastrite daquelas, meu caro Risadinha.
(Salvador, Bahia, janeiro de 2012)