24 novembro 2022

Marasmo Carlos e a Velha Jovem Guarda

Quando adolescente vivi de maneira intensa o movimento de música de iê-iê-iê batizado de Jovem Guarda que tinha como principais estrelas os cantantes e compositantes Roberto Carlos e Erasmo Carlos. À época eu era fã incondicional de ambos e prossegui em alta fidelidade incluindo-os na trilha sonora of my life. Há já um considerável tempo criei e ilustrei para uma revista de humor este levemente roqueiro e algo escrachado "Quem é quem na Velha Jovem Guarda". Republico here and now como singela homenagem ao mui amado Erasmo Esteves, o Erasmo Carlos, o meu, o seu, o nosso eterno Tremendão.

Roberto Calos, cognominado o Rei do iê-iê-iê, sempre dizia que Marasmo era mais que seu braço direito, era seu umbigo. E assim o apresentava em seus programas e shows: "Com vocês, o meu umbigo...Marasmo Carlos!!" Sendo amigo de fé, irmão e camarada do Rei RC, Marasmo sempre foi um cara muito boa praça e, no entanto, vivia posando de
bad boy pois, como diz Leila Diniz, homem tem que ser durão. Convicto disso, ele fazia tudo para manter a sua fama de mau e quando numa Festa de Arromba via uma Gatinha Manhosa, dizia logo: "Pode vir quente que eu estou fervendo!" Apesar de afirmar em uma composição já ter fumado um cigarro e meio esperando uma gata que não veio, Marasmo sempre disse que é preciso saber viver e por isso mesmo era um antitabagista ferrenho, contumaz e renitente e quando alguém tenta acender um nefando tubo nicotífero ao seu lado ele trata de mostrar um aviso que diz "É proibido fumar". Mesmo não tendo ganho durante sua carreira fortuna tão grande como a de RC, Marasmo não ficou sentado à beira do caminho com os braços cruzados e conseguiu amealhar uma boa poupança o que o ajuda muito nos dias de hoje pois, atualmente com 99 anos, o cantante e compositante foi acometido pelo Mal de Parkinson e passa o dia com incontroláveis e incessantes tremedeiras, ganhando por isso o apelido de O Tremendão.
(10/05/14)

17 novembro 2022

Retrato fiel de um verme minúsculo que contaminou uma Nação gigante..

O adeus de um homem minúsculo

Já era hora de dar um basta, de lembrarmos que o homem pequeno é pequeno demais para um país tão grande

Renato Essenfelder

»O homem minúsculo, o homúnculo, apagou as luzes do palácio e foi dormir. Depois de tanto bradar, gritar e babar, depois de ameaçar e conspirar à luz do dia, incessantemente, calou-se. Recolheu-se à insignificância que o espera. Amém.

Como os livros de história no futuro irão se referir a esse homem tão pequeno? Terá alguma importância, o seu nome, ou irão se interessar apenas pelo surto coletivo que se apossou de milhões de brasileiros, por meia década ao menos, e que resultou na eleição de um ninguém, um nada, um palhaço macabro? Um fantasma descarnado, insepulto e obcecado pela morte, sua especialidade, no qual milhões projetaram suas próprias fantasias autoritárias. Como? Por quê?

Quantos afinal projetaram naquele corpo sem vida, naquela vida sem alma, a virilidade perdida, as certezas corroídas, o desejo e a inveja da criança egoísta que brinca de motinho enquanto o mundo acaba em fome e doença. As pessoas morrem, ele debocha: e daí? Nada interrompe seu gozo sem fim.

Os livros de história no futuro talvez falem de um homem minúsculo que emergiu dos porões sujos do Congresso Nacional, já em avançado estado de decomposição moral e física, para canalizar todo o ressentimento de uma nação. Esse vórtice de maldade, cercado por gente ainda menor, ainda mais ridícula e ignorante orbitando ao redor de sua sombra.

Homens minúsculos, a história demonstra, podem projetar sombras imensas. Mas passam, os homens e suas sombras.

Ele tentou, com todas as minúsculas forças, tentou eternizar sua sombra horrível. Mas decrépito, fraco, bronco e insignificante, não conseguiu manter-se no poder. Porque destruir é uma coisa, mas construir é outra, muito mais difícil, muito mais complexa. O homem pequeno veio e apequenou o país inteiro, apequenou o Estado e as suas instituições, apequenou o povo, os amigos, as famílias. Destruiu, passou bois e boiadas, sufocou, boicotou, conspirou, enquanto ocupavamo-nos de sobreviver.

Mas então, enfim consciente da sua pequenez, emudeceu no canto do palácio vazio, vítima da própria insignificância.

Depois de destruir e destruir e destruir, descobriu-se incapaz, impotente, brocha. Um fantasma de brochidão e fraqueza, incapaz de fecundar o que quer que seja – planos, corpos, natureza. Homens pequenos não constroem coisa alguma.  

Já era hora de dar um basta, já era hora de lembrarmos a nós mesmos que o homem pequeno é pequeno demais para um país tão grande.

A um mané golpista: perdeu, Mané! Não amola!


 

 

14 novembro 2022

Flor-de-Lis, Cravo-de-Defunto e outras flores do jardim bolsonarista..


 

Valtério Sales, escultor e cartunista dos bão, louvado em prosa e verso

Valtério Sales é um cartunista aqui da Bahia que já andou por um tempo lá pelas bandas do Rio. É um cara muito bom quando faz caricaturas em papel. E é um arraso nas esculturas em barro, invariavelmente feitas com toques de muito bom humor. Ele é meio avesso à computadores e muito por isso mesmo ainda não tem um site para que vocês possam apreciar os maravilhosos trabalhos que ele esculpe. 
Ôpa! Êpa! Parem as máquinas! Escrevi esse preâmbulo todo aí, mas eis que acaba de chegar na redação desse bloguito uma carta que nos eleva o espírito e preenche de júbilo nossas almas. A dita missiva nos dá conta de que, buscando correr atrás do tempo informático perdido, Valtério Sales retou-se e resolveu adentrar de vez o universo cibernético. O cultuado escultor já tem até um perfil no Facebook em que mostra sua fina estampa e a arte que executa com seu enorme talento. Tomara que, entusiasmado com essa sua infoexperiência, o artista providencie um site ou blog para tornar ainda mais visível o seu trabalho e maior o nosso deleite. Nunca é demais relembrar que Valtério, o grande escultor, cartunista e humorista, é nascido em Ruy Barbosa, Bahia, onde atendia pelo cognome de Vartim de Sinésio, só saindo um dia da pequena urbe para brilhar na Oropa, França e adjacências. Para celebrar seu benfazejo ingresso nas redes sociais, a equipe desse bloguito convocou Setubardo, o sempre mui inspirado poeta, nosso contumaz colaborador, e o vate nos enviou um poema que, radiantes, publicamos: 
Valtério no caminho das artes
Evém Valtério.
Quem o diz no climatério?
Mal não lhe causa
a andropausa.
Vem gaio e gala
com sua bengala.
Caminha seu caminho,
rebolandinho.
Torpes maliciam
seu rebolar 
quase sutil.
Não é frescura,
posto que viril.
É só da perna
leve atrofio.
(16/07/13)

13 novembro 2022

Copa do mundo, seleção canarinho, política e fundamentalismo religioso.,

     Um amigo compartilhou em seu perfil de uma rede social o texto abaixo que li e gostei muito por entendê-lo lúcido, consciente, pertinente e vindo em momento mais que propício. Para que vocês leiam e avaliem, reparto agora com vocês, fiéis, atilados e mui amados leitores.

"COPA: ESTAMOS CONDENADOS A TORCER POR FANÁTICOS RELIGIOSOS

Dos 26 convocados da Seleção Brasileira que vão disputar a Copa do Mundo no Qatar, a ampla maioria dos jogadores tem lado político bem à direita. Outros tantos só sabem agradecer à Deus pelos seus gols e conquistas. A cada vitória dos profissionais da bola evangélicos, frases como "foi o Senhor que me permitiu...", "quero agradecer à Deus por essa vitória...", "Jesus me ajudou neste caminho...". Palavras de agradecimento aos massagistas, roupeiros, porteiros, maqueiros e funcionários dos clubes e da CBF são raras. O próprio caminho trilhado da miséria à glória de muitos desses atletas dificilmente será lembrado pelo esforço próprio e pela luta daqueles que acreditaram e investiram neles. Mais fácil atribuir tudo à Deus de joelhos no gramado e com o dedo apontado para o céu. Fico imaginando se fossem os jogadores árabes à beijar o chão por Alah a cada gol marcado, que escândalo!          Estamos fadados a torcer para uma seleção de jogadores de futebol que mais parecem ter saído de um culto da Assembleia de Deus. A camisa verde e amarela, outrora patrimônio de um povo sofrido e trabalhador, carrega hoje o cheiro e a imagem de tudo aquilo que o Brasil mereceria se livrar: o fanatismo religioso e a intolerância social.                    Se ganhar, bem. Se não ganhar, amém."

(Gorete Lopes)

11 novembro 2022

Aos racionais: Marcia Tíburi e o êxtase que manipula as massas, a extrema direita e a perda da vergonha.

  Nesse Brazil-zil-zil a estupidez encontrou terreno fértil e tem por adubo os cérebros de uma extensa boiada de gado bípede da espécie mitoso. Como descemos tanto e de forma tão abissal às profundezas da ignorância humana? Márcia Tiburi, filósofa, escritora, professora e artista plástica, na contramão da estupidez geral que assombra essa Nação, lança generosas doses de luz sobre o assunto para explicá-lo em minúncias aos que não caem nas armadilhas da insidiosa comunicação que dá aos incautos uma "verdade"bem diversa dos fatos.

"Desde a vitória da frente democrática, encabeçada por Lula, eleito presidente pela terceira vez, o Brasil vive uma onda de ataques à democracia que copia o script pós-derrota de Trump. A assessoria de marqueteiros como Steve Bannon deixa clara a ação publicitária, patrocinada por empresários, alguns que têm por princípio, não pagar impostos. Por trás dessa atitude, está a falta de senso de cidadania necessário à democracia.

Um dado interessante a considerar é que, mesmo que toda essa encenação, para a qual são convocadas pessoas autoritárias, conservadoras e muitas com problemas emocionais sérios, mesmo que isso não esteja levando a nada, os publicitários americanos ganham muito dinheiro com a promoção da extrema direita. 

Eles têm vendido sua expertise para partidos e grupos extremistas do mundo todo com a função de colocá-los na moda. Os que gostam de reflexões estéticas se perguntam: como fazer algo cafona voltar à moda? Ora, manipulando as massas e, para isso, apelando ao sistema de crenças intimamente ligado ao gozo de alguém. Em sentido psicanalítico o gozo é a profunda satisfação com aquilo no que se acredita. Pode ser na democracia, pode ser no autoritarismo. Pode ser numa mentira. O que importa é o êxtase. Os publicitários sabem manipular o gozo das massas adulando-as e fornecendo o êxtase. Líderes religiosos fazem o mesmo. Religião e política produzem o êxtase necessário à publicidade. 

O ridículo político que elegeu tantos em 2018, inclusive Bolsonaro, volta agora. Mesmo derrotadas, as pessoas se entregam ao ridículo e grotesco coletivo, tomadas de um gozo profundo, o gozo do êxtase. Elas se entregam sem questionamento, entram em delírio. Rezar para um muro do quartel, assim como outras atitudes desesperadas, provoca risos. Mas foi esse mesmo jogo cênico que desencadeou o código fascista entre 2016 e 2018. 

Que as pessoas tenham perdido a vergonha é um sinal de perda de relação com a verdade. A mesma vergonha que se perde no carnaval permitindo a catarse e a entrega, ocorre nessas manifestações, mas perdendo de vista que aqui não é uma brincadeira. A manipulação das massas vai continuar enquanto a subjetividade livre continuar."

01 novembro 2022

Carla Zambellicosa.




 

A arte de Setúbal no Bota Ponta Podcast direto de Times Square, New York city.


Fidedignos e veneráveis amigos, desde logo vou aqui incorporando o muitíssimo bem amado Odorico Paraguaçu para transmitir aos fãs de meu labor artístico que é com a alma lavada e enxaguada na fonte do mais lídimo e justificável orgulho pátrio que nesse glorioso e histórico instante compartilho com meus abnegados fãs dos quatro cantos desse mundo tão plano quanto uma bola de futebol bem cheinha este maravilhoso vídeo do BOTA PONTA Podcast diretamente de Times Squares, New York City. As pessoas da equipe do BOTA PONTA, todos extremamente competentes, dedicados e desmesuradamente generosos, como soem ser, falaram de meu trabalho de desenhos, pinturas e textos com raro e extremado carinho. O mesmo posso dizer das palavras tão gentis e afetuosas que reservaram para falar da pessoa desse quase modesto artista, corintiano purple, um filho de Candeias, urbe dessa afrobaiana terra chamada Bahia. Gostei tanto da homenagem que euzinho, entusiasticamente, resolvi comemorar sorvendo em gulosos haustos uma loura gelada celebrando tão marcante feito numa festa imodesta como esta pra homenagear aquele que empresta sua testa e olhos e mãos para criar desenhos, textos e pinturas. Obrigado aos responsáveis pelo BOTA PONTA Podcast por me afagar o ego e proporcionar este sentimento de intensa e radiante alegria que, felicíssimo, aqui compartilho com meus amigos e admiradores de meus trabalhos. Axé, amantes do futebol e das Artes! Axé, BOTA PONTA Podcast!