Quando
faço caricaturas de celebridades para revistas ou jornais, procuro trabalhar
com total liberdade e explorar ao máximo o que a técnica da caricatura permite, escudado na personalidade do retratado célebre, procurando me valer de alguma experiência adquirida pela prática constante. O mesmo não acontece quando estou
caricaturando pessoas em eventos contratado por empresas ou entidades. Aí
seguro a mão para não exagerar no traço e não ferir susceptibilidades alheias.
Afinal, trata-se geralmente de um evento festivo entre colegas, onde as pessoas
estão em momento de descontração. Noto que tempos atrás as mulheres ficavam
arredias e poucas se dispunham a servir de modelos ali, na frente de uma
multidão. Temiam que se lhes revelassem possíveis "defeitos de
fabricação". As coisas mudaram. As mulheres estão mais senhoras de si,
perceberam - excluindo-se as de perfil mais tradicional - que caricatura não é
uma arte depreciativa e são a grande maioria na fila dos que querem ser
caricaturados. Mas para não haver debandada geral da ala feminina, uso a forma light de
caricaturar. Elas adoram o resultado, mostram para as amigas, as filas crescem
e lá vem uma multidão de Evas. Estou falando tudo isso porque me chamou a
atenção em um blog de um ótimo caricaturista americano, Matt Zitman, a maneira
sem amarras com que, usando a genuína técnica da caricatura da forma mais
livre, distorce ao máximo os rostos de belas moças. Cara a cara de cara o cara
escancara, cara! É de surpreender que ao final as beldades ainda posem, sem
constrangimentos, até orgulhosas, ao lado das suas respectivas caricaturas. Será
que as americanas são assim tão diferentes das brasileiras? Essas seguramente não reagiriam de forma tão receptiva e tão cheia de finesse. Essas bonitas e risonhas garotas aí mostradas, formam um grupo que demonstra entender e aceitar o fato que a linguagem da autêntica caricatura é
apenas uma alegre e até delirante fantasia, que tudo não passa de uma
brincadeira que não visa expor ninguém ao ridículo, apenas trazer momentos de
riso saudável, descontração, bom humor. Confesso que fico morrendo de inveja da
forma solta com que Matt executa seus trabalhos certamente convicto de que os
modelos vão entender e gostar do que ele faz. Pelo sim, pelo não, sigo
moderando, very,
very light - pra
atrair e não para espantar as susceptíveis moçoilas e madames que, por
aqui, são plenas de melindres quando o assunto é sua sagrada aparência
física. Ainda por cima escapo de levar uma porrada de uma delas nos meus
sensíveis chavelhos.
O
link pro blog de Matt é http://www.zitman.blogspot.com/