Já postei aqui nesse bloguito trabalhos do ótimo caricaturista norte-americano Rodney Pike. Como já tem um tempinho que não posto nada dele, aproveito o clima de Natal que paira no ar para postar esse belo trabalho que saúda as festas natalinas através de uma imagem da Santa Mãe tendo aos braços seu Santo Menino, ambos feitos por Rodney com seu traço soberbo, suas cores refinadas e seu humor apurado que fica evidente ao vermos que ele utilizou como modelo ninguém menos que Rowan Mr. Bean Atkinson. Postei ainda uma bela caricatura de Barack Obama que - nesse mês em que as pessoas mundo afora comemoram o nascimento de Jesus Cristo, imbuídas de um maior sentimento de boa vontade - de forma inteligente e elogiável anuncia ao Mundo que a partir de agora os Estados Unidos e Cuba reatam relações diplomáticas, o que já não era sem tempo, afinal os EUA já haviam reatado suas relações com a Rússia, coisa bem mais difícil. Obama mostra ser um Presidente com personalidade através de um gesto humanitário, bem a calhar com a ocasião, que ajudará a melhorar em muito a imagem dos EUA na América Latina. A partir de agora, se quiserem, os americanos podem conseguir petróleo de boa qualidade pertinho, com seus vizinhos de Cuba. E de quebra comemorar the american way of life fumando charutos cubanos, os melhores do Mundo. Congratulations to Obama. Congratulations to Master Rodney Pike.
http://rodneypike.com/
Jayme Leão sempre foi cobrão. Eis que numa ensolarada tarde, no Recife dos rios cortados de pontes, dos bairros das fontes coloniais, em um dia hoje distante, essa fera traçou com um singelo bolígrafo esta carica minha mostrando-me em plena azáfama cartunística e caricaturesca como é do meu consueto proceder. Grande Jayme Leão, autêntico rei do traço na jângal da paulicéia desvairada!
( publicado originalmente em Dezembro de 2010)
E já que falei em postagem anterior sobre a versatilidade do trabalho do caricaturista, ilustrador e pintor norte-americano Jim Hopkins, volto à carga em nova postagem para mostrar um pouquinho do que Jim é capaz de realizar com lápis, papel, tinta ou um PC na mão. Nem é preciso repetir que gosto muito do trabalho do cara. Por isso mesmo,
sempre dou uma olhada nos blogs em que ele posta mostras do seu trabalho que,
como já disse, não se resume ao desenho de caricaturas. Jim Hopkins é um artista
completo, de incontestável talento, como
se pode ver nos desenhos contidos em seu sketchbook que ele, generosamente,
reparte conosco, como essa maravilhosa série feita a lápis mostrando prosaicos calçados, desses que os viventes costumam usar no dia-a-dia. Singelos tênis e sapatos que são desenhados
em ângulos diversos, com a força do desenho de Jim resultam em um belíssimo
trabalho. De quebra, paisagem e modelo vivo. Depois de degustarem essa pequena amostra, vale a pena clicar nos
links e curtir mais o trabalho belo e diversificado de Jim Hopkins, um mestre
norte-americano que marca sua presença numa terra de muitos mestres do desenho.
Links para trabalhos de Jim Hopkins:
http://mugitup.blogspot.com
http://icecreamnobones.blogspot.com
http://www.aboutfacesentertainment.com/entertainers/caricature-artists/l/united-states/new-york/new-york-city-metro/new-york-city-ny/jim-h-caricature-artists.html
Conforme escrevi na postagem anterior a esta, o jornalista e poeta baiano Cleomar Brandi faleceu há pouco. Enfermo, já sabendo antecipadamente que iria morrer, deixou uma carta para ser distribuída aos seus amigos, participantes da cerimônia de seu sepultamento, em que faz saber a estes amigos que, ao saírem do cemitério depois da referida cerimônia, não deveriam retornar de imediato aos seus lares, devendo antes se encaminharem todos a um determinado bar para ali, juntos, beberem em uma derradeira homenagem ao amigo que partia desse mundo sem mágoas ou tristezas. Para tal deixava devidamente pagas as bebidas e dava a todos ciência disto. Destes seus amigos só queria a presença e a alegria para uma autêntica festa de despedida. Vai aqui, na íntegra, o texto de Cleomar contido em sua derradeira missiva:
"A última saideira"
"Um dia, uma noite, algum boêmio sempre pede a saideira e os garçons nunca gostam dessa história. Mas, o certo, é que sempre chega a hora da última saideira. Dessa vez, chegou minha hora, meu último gole.
Eu, pessoalmente, não diria que estou indo contrariado. A hora e a vez de Matagra. Afinal de contas, soube beber com sede de aprendiz o melhor que havia na taça que a vida me ofertou. Uma taça lavrada, rescendendo a conhaque.
Nadei nas águas mornas de Arembepe, conheci Raulzito quando ele ainda se juntava aos seus Panteras, com Thildo Gama e outros, vi Caetano, Moraes Moreira, Pepeu no encontro de trios, enquanto o poeta apontava com a mão a Baía de Todos os Santos. Arpoei caramuru, tirei polvo da toca, garanti as moquecas da minha adolescência, fui recordista de natação, ungido por Oxalá.
Fui bom de porrada, fiz meu nome nas turmas de rua do Lago dos Aflitos, joguei futebol e, nos babas, ganhei o apelido de “Leonam” onde sou conhecido assim até hoje. Fui batizado nos puteiros da Ladeira da Montanha, conheci Mestre Pastinha e Mestre Bimba, vi meu “Bahêêêa” ganhar para o escrete do Santos e Waldemar Santana encher Hélio Gracie de porrada.
Conheci os mistérios dos becos e ladeiras da velha Salvador, fui amigo de Cid Teixeira, Capinan, Guido Guerra e Luís Orlando, encarei dois anos de internamento no Hospital das Clínicas, tive febres diárias, colecionei escaras coloridas, vibrantes e sangrentas, decepcionei laudos médicos, busquei o tempo que eu queria da minha vida.
Um dia, uma brisa morna me carregou para o colo da bela Aracaju, onde eu soube ser feliz, no tempo que me restava. Aqui, bebi os melhores conhaques da minha vida, amanheci nas libações madrugadoras com o amigo-irmão José Eduardo Sousa, soube ouvir o violão de Pantera, a melodia de Paulo Lobo, o blues de Soyan, as conversas de Mariano e Bel nas andanças do Imbuaça. Aqui, plantei amigos, colhi irmãos, como o grande parceiro Gilson Sousa. Aqui, ouvi a melodia do Cataluzes, comi o melhor pirão de caranguejo do Pastelão, me fartei dos mistérios culinários da cozinha de Camilo.
Nessa terra, amei mulheres que reverencio até hoje. Fiz poemas para algumas, embriaguei-me com outras. Como esquecer do sorriso de Arlinda, que ganhou o mundo e acabou na Sorbonne? Como esquecer do sorriso sacana de Ana Paula? E os finais de tarde no Mosqueiro? E o chiado da tainha na frigideira do Bar de Nem? E a amizade terna da turma do JORNAL DA CIDADE e da Aperipê TV.
Como esquecer da lealdade de meus irmãos a vida inteira? E de Christina Brandi, cunhada que se tornou irmã? E da cumplicidade do irmão Chico Neto, que trilhou a vida inteira os caminhos do bom jornalismo, ético e honesto?
Um dia, o velho barril de carvalho pinga sua última gota de conhaque. E o poeta se despede de tudo, sem tristezas nem vexames. Apenas sabendo que cumpriu seu papel com dignidade, com honestidade e com um brilho de crianças nos olhos.
Quem sabe, eu encontre o amarelo dos girassóis nesse novo caminho?
PS: Os amigos estão convidados para a última saideira no Bar do Camilo, assim que terminar o sepultamento. Já está pago."
Cleomar Brandi.
(Primeira postagem neste blog em 09 de agosto de 2011)