16 novembro 2018

Quentin Tarantino e oito pessoas com motivos de sobra para serem odiadas.

Por algumas décadas, ali pelos anos quarentas aos sessentas, filmes de farwest eram vistos por milhões de pessoas em todo esse planeta azulzinho. Imensa era a legião de apaixonados por tais películas com seus elencos sempre formados por grandes astros, feito John Wayne e Randolph Scott, e por clássicos como Shane, No tempo das diligências, Rio Vermelho, Matar ou morrer. Os tempos foram mudando, as pessoas, idem, os gostos e interesses mudaram junto. E vieram os filmes sobre o velho oeste feitos na Europa, notadamente na Itália. Mostravam um novo jeito de se fazer westerns, com closes e big closes, protagonizados por sujeitos com barba por fazer, cabelos despenteados, roupas empoeiradas, habitualmente uns anti-heróis de caráter dúbio, para dizer o mínimo. Viraram uma febre mundial. Essa nova onda durou um bom número de anos, mas acabou passando também e hoje o filão já não domina o cardápio do público consumidor, mas filmes de farwest ainda são uma paixão de muitos e, ainda que sem ter a mesma aceitação popular de antes, o gênero não morreu. Volta e meia um bom cineasta resolve revisitar o tema. Dois desses moviemakers são Jim Jarmusch, com Dead Man, estrelado por Johnny Depp, e ainda o diretor Quentin Tarantino, com The hateful eight (Os oito odiados), de 2015, que traz um grande elenco, onde se sobressaem Samuel L. Jackson, Kurt Russel, Michael Madsen, Tim Roth, Jennifer Jason Leigh. Quentin Tarantino, em verdade, não é um estreante nos westerns, já havia feito Django Livre, de 2013. Em ambos ele se vale de personagens negros, trazendo à tona as questões raciais, coisa nada encontradiça nos westerns tradicionais - a não ser nos tempos dos Race Movies e na fase Blaxploitation - um ingrediente extra nas suas tramas intricadas, cheias de mistérios e segredos, onde as pessoas nem sempre são o que parecem ser. Em Os oito odiados, a exemplo dos spaghetti westerns, Quentin lança mão de toda sorte de anti-heróis, caçadores de recompensas, quadrilheiros, assassinos frios. A mentira, violência e o sangue jorram fartamente em em meio a um cenário em que toneladas de neve e uma incessante nevasca tornam-se parte importante da trama. Para a trilha sonora, Tarantino chamou ninguém menos do que o consagrado compositor Ennio Morricone, de enorme talento e uma vasta e irretocável contribuição para o cinema, tendo na sua rica bagagem uma expressiva participação nas mais belas trilhas sonoras de westerns made in Italy, como a de Il bello, Il brutto, Il cattivo, que consagrou de vez Clint Eastwood como ator, seguramente a mais bela e conhecida trilha musical já feita para filmes sobre o velho oeste. Essa semana me deliciei revendo o filme de Quentin, uma autêntica jóia da sétima arte. Para você que sabe o que é bom, esse filme é encontrável no Youtube, com direito a áudio original, legendas em espanhol, e imagem em HD. Não importa o gênero que resolva filmar, Tarantino sempre nos brinda com filmes que fazem o deleite dos que amam a grande arte do Cinema.