19 fevereiro 2017

Curtindo o Sketch Book de Paulo Paiva: cartuns, tiras, quadrinhos e humor do melhor!

Do fundo do meu coração corintiano desejo que você, dedicado leitor, tenha amigos tão generosos quanto os tenho em diversos pontos dessa terra em que um dia tropeçou, distraído, o moço Pedro Cabral. Sabendo que gosto de filmes, DVDs, quadrinhos e cartuns, livros e revistas, esses sempre mui amistosos amigos me enviam mimos, como esse que nesse momento tenho em minhas privilegiadas mãos, o Sketch Book do cartunista Paulo Paiva, o popularíssimo Pepê. A Coleção Sketch Book é uma belezura que a Editora Criativo colocou no mercado para brindar aos leitores amantes de cartuns, quadrinhos, ilustrações e mais um monte sem fim de tesouros gráficos, como esse esplêndido exemplar com os trabalhos do indômito Paulo Paiva. Como um bom apaixonado por desenhos de quadrinhos e cartuns, tenho enorme prazer de ver cada etapa da faina criadora dos desenhistas e esse Sketch Book traz uma bela coletânea dos trabalhos de Pepê. Rafes, esboços, layouts, artes-finais, estudos a lápis de personagens ou de tiras e HQs, desenhos com canetas de tinta nanquim ou de pontas porosas, cartuns, caricaturas, histórias em quadrinhos, tiras, ilustrações e até páginas com argumento e seus respectivos desenhos rafeados feitos para o personagem Penadinho, de Maurício de Souza. O traço de Paiva é pra lá de soltíssimo, feito com uma falsa displicência, tem por vezes um aspecto graficamente “sujo”, descuidado, como algo feito às pressas, a toque de caixa, mas que na verdade fica perfeitamente integrado ao humor paiviniano, tão gostosamente peculiar. Sejam nos desenhos, acompanhados ou não de um texto, de um trocadilho sacana, o resultado é invariável: uma fartura de gostosas gargalhadas, uma marca registrada de Paiva. Um dia, ainda adolescente, Pepê trabalhou fazendo argumentos para o hoje lendário Maurício de Souza. Depois foi para a Editora Abril escrever histórias de Zé Carioca e de um monte de personagens de Walt Disney, que eram feitas dentro das dependências da editora, dos quais eu era um inveterado consumidor. Um dia Paiva uniu-se a amigos, fundou sua própria editora e passou a publicar trabalhos de um monte de artistas que almejavam um veículo onde pudessem publicar seus desenhos, além dos próprios trabalhos paivinianos, é claro. Escrevendo, desenhando, editando quadrinhos, tiras e cartuns, assim foi Pepê levando a vida. Uma trajetória brilhante de tanto anos, tinha mesmo que merecer o tributo que a Editora Criativo presta a Paulo Paiva, na forma de um belo exemplar dessa notável coleção de sketchbooks. Coleção cujo elogiável projeto e direção editorial é de Carlos Rodrigues. Marcial Balbás faz um belo trabalho na direção de arte, sendo que a logo da série é fruto da competência gráfica de Eduardo Nojiri. A incumbência de produzir os sketchbooks ficou a cargo do desenhista e editor Franco da Rosa, sempre um guerreiro na sua batalha pelos quadrinhos. E como sem dinheiro não se produz quadrinhos, nem cartuns, nem nada, a direção financeira está a cargo da incansável e eficiente Esilene Lopes de Lima. Um belo texto de Franco da Rosa na quarta capa traça em rápidas pinceladas um retrato de Paulo Paiva em um texto elucidativo e feito com evidente carinho ao sempre cultuado cartunista. 
****Os interessados em adquirir exemplares do Sketch Book de Paiva e de outros artistas, como Mozart Couto, Mike Deodato, Ataíde Braz, Walmir Amaral, Messias de Mello, Júlio Shimamoto e tantos mais (Êi, Franco, senti muitíssimo a falta do grande Mestre Flávio Colin.), pode acessar o site da Editora Criativo: http://www.EDITORACRIATIVO.com.br   

12 fevereiro 2017

Pablo Lobato, artista gráfico argentino, uma fera da caricatura.

1. O melhor do mundo da bola 2. O primeiro Presidente negro lá deles 3. Sparrow 4. Potter
Em nome de uma nada salutar rivalidade, tempos houve em que nesse Brasil brasileiro, mulato inzoneiro, era terminantemente proibido tecer elogios a qualquer vivente nascido na Argentina, notadamente os que com suas chuteiras adentravam os gramados de futebol e nos faziam passar por tortuosos e inacabáveis momentos, tornando cada jogo muito mais que uma mera disputa esportiva, um embate acirrado, uma batalha épica digna de Titãs ou dos 300 de Esparta. Reconhecer que Maradona era um jogador fantástico era algo impensável. Podia-se até considerá-lo como tal, mas dizer, jamais. Hoje em dia, dentre nós, até os mais fanáticos  baixam a crista concordando com o fato de que os grandes arsenais de craques brasileiros sumiram de cena de há muito. Deixando um pouquinho de lado o formidável craque luso Cristiano Ronaldo, reconhecemos como o melhor jogador do futebol em todo esse vasto planeta um argentino chamado Lionel Messi, cracaço de la pelota, cheio de admiradores aqui nesse auriverde país, gente que dá um tempo no que estiver fazendo para ver os jogos em que ele atua pelo seu clube europeu. É, os tempos mudaram e mudaram muito no chamado esporte bretão. Mas nas artes do desenho, da caricatura, do cartum, da ilustração e da pintura as coisas continuam as mesmas já que de há muito temos os argentinos na conta de grandes mestres dessas artes todas aí. Taí o maravilhoso trabalho do craque platino Pablo Lobato que já publicou nas maiores revistas desse planeta, digno de figurar em qualquer lista do tipo top-10, sempre dando um inebriante show de bola. Salve, salve Pablo Lobato!
(21/05/15)

10 fevereiro 2017

Capinan, Itamar Tropicália, o Olodum, os versos corrigidos

Quando o consagrado movimento batizado de Tropicália foi criado, o inspirado poeta José Carlos Capinan era um dos mais notáveis participantes escrevendo belas e definitivas letras para canções que entraram para a história da MPB. Anos depois, um outro poeta, Itamar Tropicália - que de forma significativa trazia em seu próprio nome o nome do movimento - homenageou Capinan na canção "Alegria Geral", em que escreveu versos que também louvavam Dona Canô, Tom Zé e o Olodum, internacional bloco afro do Pelô: "O Olodum está hippie, o Olodum está pop... " escreveu Itamar. O povo escutou, assuntou e sem pestanejar, pelas ladeiras e vielas baianas, corrigindo os versos que o vate escrevera, convicto entoou: "O Olodum tá rico, o Olodum tá pobre..." Lá no céu, onde agora vive, Itamar Tropicália deve ter gostado.