Onde anda
Dona Esperança, alguém sabe, alguém viu? Eis que o ano de 2016 vai se
encerrando e abrindo caminho para seu sucessor, 2017. A menos que um decreto ou
mais uma das manobras espúrias do congresso nacional ou do senado altere a
ordem natural das coisas, o que não é de se duvidar dado tantos e tantos
descalabros que já vimos acontecer nesse ano tão aziago, tão infausto para
nossa democracia e para nossas vidas pessoais, para o país, ano esse que ora vai
terminando. Se permitirem, repito, se permitirem, pois podem decidir estender
um pouco mais esses dias tão recheados de desmedidos absurdos e ignomínias
inomináveis, justamente para que eles sigam acontecendo, enchendo de júbilo uma minoria para a qual a coisa é boa assim dessa maneira, não se importando se a grande maioria sofre duros revezes que vão enchendo os dias vindouros de
temores, incertezas, maus presságios, que só os absolutamente alienados não
conseguem vislumbrar. Um ano em que Dona Esperança levou um trompaço, caiu de mau
jeito e está custando a se levantar. Amados e idolatrados leitores, já que esse negócio de começar um Ano Novo
com sentimentos negativos, desesperança e falta de horizontes não é nem um pinguinho bom, nós
próprios, com nossas atitudes e iniciativas, temos que nos ajudar e ajudar Dona
Esperança a se reerguer e seguir caminhando ao nosso lado em 2017. Para essa tarefa contamos com o auxílio luxuoso dos versos e da melodia de Juízo Final, metafísica composição de Élcio Soares e Nelson Cavaquinho, ouro puro, verdadeiro tesouro em que reluz a frase "o amor será eterno novamente". Eterno...novamente?! Uau! Pois, para nosso gáudio, Clara Nunes, com toda sua intensa claridade, um dia gravou tal tesouro. Ao ouvir essa música, esse
canto, não há Dona Esperança que não se recomponha.
30 dezembro 2016
18 dezembro 2016
Quem é quem na Velha Jovem Guarda
Recordar é viver, já dizia Lázaro que,
depois de ter estado morto, bem morto, duro, teso e esticadão voltou à vida,
levantou e andou por artes e ordens expressas de um nazareno conhecido por JC,
um cara quase tão famoso quanto os Beatles e que não brincava em serviço quando
o papo era fazer milagres. Então recordemos, pois. Deixe que sua memória o leve
de volta aos cultuados anos 60s, década em que surgiu um movimento musical e
comportamental batizado de Jovem Guarda. Se você ainda não havia nascido naquela
época, não tem problema. É só você recordar-se do que já viu em algum especial
televisivo sobre aqueles tempos de tanto glamour em que jovens e talentosos cantores surgiram
cheios de inovações para ocupar o lugar dos cantantes medalhões na cena
brasileira. E nunca mais saíram dela, tornando-se os medalhões da vez e vai daí
que também tiveram que ceder os holofotes aos novos talentos e sumiram dos
palcos e TVs. Como estarão eles agora? - indagará sua atilada pessoa. Pois
saiba que, aproveitando as ondas de revival, eles continuam muito bem tocando suas
guitarras, cantando e rebolando. Quer dizer, rebolando nem tanto pois nem
sempre as dores articulares características na idade atual permitem. Mister se
faz este singelo e saudosístico preâmbulo para anunciar que as postagens
porvindouras justificarão o título e mostrarão... Quem é quem na Velha Jovem
Guarda.
(100512)17 dezembro 2016
Paulo Paiva, Suely Furukawa, vida, mistérios e os mais sinceros votos de um Feliz Ano Novo!
Imenso e indecifrável é o mistério que cerca
nossas humanas existências. Por culpa da Dona Cegonha e seu longo bico, ou pela
existência do tal conceito de continuação da espécie ou, quem sabe, por
sermos mera e simplesmente parte integrante do chamado reino animal,
estando portanto sujeitos a atitudes em que a racionalidade é posta de
lado e o instinto prevalece, ou quiçá seja mesmo por obra de
um Grande Arquiteto, um Supremo Criador, sei lá, o fato é que a gente, sem
saber como e nem porquê, é colocado nesse mundo
grande e desprovido de porteira, sem panos a cobrir nossas
vergonhas e aqui chegando somos recebidos com um doloroso tapa no bumbum
dado por um sacripanta embuçado atrás de uma máscara branca. E neste
planeta estando, vem a vida, o fado, le destin, the fate, a sina, o destino e
a todo instante nos convida a dançar, seja uma lúdica cantiga de roda,
um saltitante samba de breque, um instigante rock'n roll, um delirante
axé, um sensualíssimo tango e mesmo a indesejável Marcha
Fúnebre, valha-me Deus!, Alá nos proteja!, Maomé, Jeová, Buda, Jah, Olorum e
Tupã olhem por nós e nos cubram com protetora égide! Não é preciso ser um
Nietzsche, um Schopenhauer para tirar da existência tais ilações. À medida
que vamos vivendo vamos recebendo nossos quinhões de pequenas ou grandes dores,
perdas e frustrações e de inesperadas e inexplicáveis alegrias que nosso peito
por vezes parece não saber comportar. Incontáveis vezes a vida nos dói, mas
somos a velha raça humana e sendo assim e assim sendo, Esperança
é nosso sobrenome. Escrevo essas prosaicas divagações movido pelo
fato de que acabo de receber uma mensagem pelo Facebook que me pegou
de surpresa, me alegrou e me trouxe intensa emoção. Quem a escreveu
foi meu amigo de longa data, o cartunista Paulo Paiva, marido de Suely
Hiromi Furukawa, editora, colorista, redatora, enfermeira, amiga,
esposa, mãe, avó. Pelos mistérios que nossas existências encerram, Paulo
Paiva sofreu há alguns anos um severo AVC. Mas mistérios outros determinaram
que Paulo não morreria nos privando de sua agradável presença, de sua
alegria, seu humor, de sua privilegiada criatividade. E o apoio da esposa,
Suely, da filha Paulinha e agora também de Eric, seu amado neto, ainda um bebê,
são fundamentais para Paiva driblar as dificuldades inerentes ao AVC. Confesso
que fiquei com os olhos marejados ao ler e reler a mensagem que
contém um desenho saído da cuca e das mãos do Paiva que mostra
uma criança representando o Ano Novo a nos desejar com um largo sorriso,
pleno do mais lídimo sentimento de esperança e de fé, um grande, um
muito bom ano novo para todos. Foi fácil decidir que mais uma vez vou me valer
do contagiante e elevadíssimo astral de Paulo Paiva e de Suely para estender e
desejar a todos os que curtem e acompanham este meu bloguito um graaaaande,
um redentor, um felicíssimo, um benfazejo e profícuo Ano Novo. Um
2017 bom demais para todos nós, galera!!
(Publicado originalmente no dia 30/12/14)
Um desenho de Paulo Paiva com direito a Happy New Year
Paulo Paiva, meu cartunista de estimação,
como é do seu consuetudinário proceder, produz assaz criativos desenhos a todo
vapor nos finais de ano. Guardo um deles com especial carinho, que é este aí em cima postado, que me enviou minha chapinha Suely Hiromi Furukawa em que ela própria aparece ao lado de
PP e da amada filha deles, Paulinha, vestida com sua vistosa farda de
moça-da-lei. Você vê na ilustração um dos gatos da família, mas não vê o Eric,
filho de Paulinha, neto de Suely e Paulo Paiva, porque essa postagem é um remake de uma que aqui postei há alguns anos,
quando Eric ainda não havia chegado para alegrar um pouco mais esse planeta azulzinho. Sucede que de
tanto gostar desta mensagem enviado pela família Paiva-Furukawa, costumo
repetir a postagem em natalinas épocas. Também pudera, o desenho de Pepê mostra
sua família, que é uma família bem bonita e bem brasileira, que pretendo crer
que há de bem simbolizar e adequadamente representar todas as outras deste patropi abençoá po Dê e boni po
naturê, como diz e canta o velho e sempre bom Babulina. Paulo Paiva é um cara
de astral elevadíssimo e a temática do desenho trata de sinceros votos de um
Natal feliz e um Ano Novo massa, que é exatamente o que eu desejo aos amigos e
aos meus fiéis e caríssimos leitores que leem este meu bloguito, e é justamente
por isso que vou reincidentemente grilando, usurpando o desenho, me apossando
mui semcerimoniosamente, remakando uma
vez mais, pegando carona no ótimo astral dessa família de meu nobre amigo e
editor e aqui postando para que todos que visitem este espaço possam ler e receber
bons fluidos e se sentirem em estado de graça.
(Publicado originalmente em 20/12/13)
05 dezembro 2016
Juazeiro, Petrolina e Ilha do Fogo: lá 1964 ainda não acabou
Redigo: a Ilha do Fogo é um patrimônio legítimo e indissociável do povo, do amável e ordeiro povo brasileiro que habita as vizinhas cidades de Juazeiro, Bahia, e Petrolina, Pernambuco. Bem entre estas urbes, situa-se essa bucólica ínsula fluvial, dividindo ao meio naquele trecho, o histórico e lendário Rio São Francisco. Por quase meio século pescadores e habitantes da região transitaram por suas areias. Eis que então militares pernambucanos botaram enormes e cobiçosos olhos sobre a ilha e decidiram usurpá-las, arrancando das mãos dos pacíficos moradores sob o descabido pretexto de que ali é ponto estratégico, vital para a segurança desse país varonil de Gugu e Clodovil. Pois tais militares, conhecedores da questionável máxima que por aqui impera de que "decisão judicial não se discute, se cumpre", foram a um juiz simpático aos castrenses. Longe vai o tempo em que os brasileiros enxergavam um juiz como um monumento da idoneidade e da imparcialidade, um oceano da integridade moral. Os próprios juízes, fazendo o que muitos, de forma escancaradamente absurda, vêm fazendo, trataram de eliminar em nós outros quaisquer resquícios de crença e de confiabilidade. Sendo assim e assim sendo, procurado pelos militares, o tal juiz foi mostrando logo que sua toga era verde que te quero verde...oliva, foi tratando, célere, de dar parecer legal às pretensões dos militares e autorizando a posse e ocupação da Ilha do Fogo pelos fardados. Tudo feito sem uma prévia consulta popular, sem que as comunidades pudessem ter voz e vez para se manifestar democraticamente, bem ao estilo dos anos de chumbo. Nenhum plebiscito, nenhum referendo popular. Puro arbítrio travestido de legalidade. Um ato bem ao feitio dos negros tempos do nada saudoso regime militar que, iniciado em 1964, golpeou nossa gente por mais de 20 anos e que saudosistas do fascismo insistem em trazer de volta. Lamentável, lamentável. O Rio São Francisco é extenso. A caatinga é vasta. Nas terras do sem fim sanfranciscanas é de notório conhecimento que gentes inescrupulosas mantém plantações de maconha que geram toneladas da erva-do-capeta que abastecem o mercado das drogas. Por ali, sim, seria de grande utilidade instalação de um batalhão de militares bem armados e preparados. Mas todos sabemos que além de traficantes, jagunços e pistoleiros armados, por ali há cobras, onças, mosquitos e sabe-se lá mais o quê. Ao contrário de todo este inferno, a Ilha do Fogo é lugar mais que aprazível, fica perto da casa dos militares, das suas amadas famílias, de shoppings, do aeroporto e dos bons restaurantes que servem a melhor carne de bode deste orbe. Por tudo isso, certamente a finada apresentadora Hebe Camargo diria que os militares pernambucanos envolvidos nesta questão são uma gracinha. Mas da Ilha do Fogo não arredam de jeito nenhum mesmo diante da justíssima pressão popular. Diante dela estão falando em conceder à população o acesso à Ilha do Fogo nos domingos e feriados, como uma reles espórtula. Quanto ao povo...ora, o povo que vá reclamar ao Papa. Menos mal que o atual Sumo Pontífice sempre mostrou não gostar de injustiças praticadas contra as camadas mais populares e, por providencial coincidência, ele também se chama Chico, um xará do Rio São Francisco, o Velho Chico.
(200913)
(200913)
01 dezembro 2016
Gonzalo Cárcamo, um caricaturista mais que ingrato / Pintando o Set 2
Até onde vai a sordidez humana? A que
níveis rasteiros e mesquinhos podemos descer? Quão baixo, torpe e vil pode
chegar a ser o homem, senhoras e senhores? Vocês são testemunhas do meu
proverbial esforço para neste blog louvar as pretensas virtudes do caricaturista
e do homem Gonzalo Cárcamo. Cordato, ilustrei a postagem com uma caricatura
assaz singela e melíflua do referido cidadão. Coisa que qualquer genitora
haveria de guardar orgulhosa em seu mais íntimo relicário. E ele me pagou com
igual moeda? Nada disso! Avaliem esta caricatura da minha magnânima e
irreprochável pessoa em que o supracitado Cárcamo desrespeita minha condição de
caricaturista espada e matador e zomba da minha proverbial virilidade. Só uma
mente malévola poderia conceber semelhante opróbrio, algo tão repulsivamente
ignóbil. É, caríssimos leitores, assim caminha a humanidade. Vejam, meus caros
confrades Paulo Caruso, Biratan Porto, Loredano e JBosco, o que tenho de
suportar de forma estóica para não pegar em armas. Ah!, bons tempos aqueles
retaliativos em que vigoravam as ações do CCC (Comando dos Caricaturistas
Caricaturados).
(10/05/2012)
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