27 novembro 2018

Norman Rockwell / Uns caras que eu amo 3

Na Internet temos todos acesso a um incalculável número de belíssimas ilustrações digitais. Artistas realmente habilidosos produzem-nas com inegável competência e é sempre bom ver muitas delas porque são realmente magníficas, deliciosas. Mas uma ideia me ocorre sempre: Norman Rockwell era um artista fantástico que fazia tudo isso que fazem os grandes ilustradores de agora, mas fazia sem utilizar computador algum. Não usava nada além de prosaicos pincéis, tintas e telas. Para ele isto bastava para atingir a fama incontestável de gênio que a faz jus. Com uma vantagem sobre os atuais ilustradores e pintores: ele não se limitava a fazer reproduções perfeitas como muitos o fazem, ele ia muito, muito mais além, tendo uma capacidade de transmitir em minúcias, cenas do sonho americano, o tal american way of life, os anseios, alegrias, emoções de pequenos instantes da vida comum dos cidadãos aos quais dava uma dimensão sem precedentes. A paixão, o preconceito, as descobertas de infância e adolescência, a solidão, os temores, o amor materno e todos os demais amores, a ansiedade, a angústia, a maledicência, a solidariedade, o preconceito mais indizível, a comoção, as certezas, as esperanças. Tudo isto e muito mais traduzindo como ninguém o sentimento do americano médio, do pobre, do rico e da raça humana como um todo. Mostrava ele um olhar atento ao seu tempo, à vida como um todo. Sem jamais esquecer apaixonantes pitadas de humor e a mais refinada ironia. Fazer belos trabalhos gráficos muitos fazem e o computador em muito ajuda nisto. Mas ter o olhar atento e aguçado e ser tão talentoso quanto Norman Rockwell, bem... aí é outra história.
(040513)