11 abril 2019

Desenhos de Setúbal para trilogia de quadrinhos Em Terras Americanas

 
Antonio Cedraz, o aclamado Mestre baiano dos quadrinhos, emérito criador do personagem Xaxado, em uma dessas segundas-feiras de céu cinzento me telefonou e disse que o a Editora Cedraz tinha um projeto para fazer três histórias em quadrinhos aguardando o resultado de uma licitação da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Falou que se o projeto fosse escolhido O Estúdio receberia recursos do Fundo de Cultura do Estado, que as chances de escolha eram grandes e, melhor ainda, que eu seria um dos participantes na feitura das HQs. Diante de tão alvissareira notícia o tom cinza do céu desvaneceu-se imediatamente para mim. Contou-me Cedraz que ele e Tom Figueiredo, escritor, argumentista e seu braço direito no Estúdio, haviam me escolhido para desenhar a trilogia batizada de Em Terras Americanas que seria realizada em uma linha diferente daquela dirigida para o público infantil habitualmente adotada pelo Estúdio Cedraz e que o tornou um desenhista admirado em todo o Brasil. O estilo a ser empregado seria aquele que costumeiramente se vê nas revistas de super-heróis em que os desenhistas mostram conhecimentos de anatomia e domínio de sombras e iluminação, movimentos, indumentárias, expressões fisionômicas. Passou-se um tempo e o melhor acabou acontecendo: o projeto do Estúdio Cedraz foi realmente selecionado. Agora restava apenas aguardar a chegada da verba oficial para podermos tocar o trabalho. Enquanto isso não acontecia tratei de intensificar meus treinos de desenho de anatomia, mergulhando em livros que tenho sobre o assunto, rabiscando em toneladas de papéis e procurando ver o que estava se publicando de novidade nos quadrinhos na linha pretendida, os conceitos mais em voga, os novos grafismos utilizados. Todo esforço e treino para aprender a desenhar corretamente a anatomia é pouco. Há que se empenhar muito, copiar dos livros adequados mãos, pés, pernas, olhos, narizes, bocas, fazer, refazer, treinar compulsivamente dias e dias buscando aprender tudo sobre cada músculo do corpo humano, movimentos, expressões fisionômicas. E há ainda as sombras, ângulos, enquadramentos diversos, entre otras cositas, detalhes que exigem uma dedicação e uma perseverança que existem somente nos que gostam muito de desenhar e pretendem melhorar o próprio desempenho. Por fim, Tom Figueiredo anunciou que havia chegado a hora de iniciarmos o trabalho que foi feito em uma equipe composta pelo próprio Tom, na qualidade de autor do argumento, do roteiro e até mesmo dos providenciais rafes, aqueles desenhos rápidos feitos para orientar os desenhistas de quadrinhos. De posse do material passado por Tom tratei de iniciar o trabalho de desenhar as mais de sessenta páginas que continham as três histórias de Em Terras Americanas e de suas respectivas capas, todas feitas em pranchas de papel em formato A3, como manda o figurino tradicional. Desenhar histórias em quadrinhos pode ser algo divertido e compensador, mas como já disse antes e repito agora, é também um trabalho árduo que exige uma boa dose de rigor, disciplina e uma dedicação exclusiva ou quase isso. Umas bronquinhas do Tom, também contam muito para a celeridade do processo. Vale dizer que o sempre presente trabalho da coordenação de produção foi fundamental também para que eu pudesse trabalhar com a necessária segurança e tranquilidade. Não sei dizer aqui o quanto demorei desenhando e artefefinalizando com nanquim a primeira das revistas, mas tão logo terminei passei incontinente para Vitor Souza, o colorista encarregado de enriquecer com suas cores as HQs, para que ele desse início à sua própria maratona colorindo sozinho as mais de sessenta páginas, uma equipe de um homem só. Enquanto Vitor coloria a primeira das revistas passei a desenhar e artefinalizar a segunda. E assim a coisa caminhou até que finalmente concluímos as três HQs para a alegria da equipe e para a felicidade geral desse povo varonil que com justificável júbilo oscula o auriverde pendão da minha terra que a brisa do Brasil beija e balança. Bom é saber que por terem sido publicadas com numerário advindo de verba oficial, as três revistas estão sendo vendidas por preço mais que acessível, sendo que a renda angariada será totalmente revertida em favor da ONG Centro Comunitário Batista Soteropolitano . Os amantes dos quadrinhos interessados podem adquirir por módicos R$12,00, todos os três exemplares de Em Terras Americanas ali na KATAPOW (Av. Octávio Mangabeira, Edifício Privilege, loja 7, Pituba) e na RV CULTURA E ARTE (Av. Cardeal da Silva, 158, Rio Vermelho), localizadas ambas nessa cidade de Salvador, Bahia, espaços especializados na venda do que há de melhor no universo dos quadrinhos (Um rápido e necessário PS: a loja KATAPOW já deixou de existir, mas a RV continua firme, para alegria dos quadrimaníacos). Os leitores que não moram em Salvador ou mesmo os que não têm tempo de passar em uma das lojas citadas, podem encomendar seus exemplares pela Internet enviando o pedido em e-mail para editora@estudiocedraz.com.br. Nesse caso o preço é R$18,00, com o frete incluso. Enquanto você não adquire seus exemplares, usando de minha proverbial generosidade, postei acima uma capa e duas páginas das HQs para permitir que você, leitor amado, possa aqui e agora prelibar alguns momentos de Em Terras Americanas.