30 dezembro 2016

Ano Novo, Brasil, trevas e claridade.

Onde anda Dona Esperança, alguém sabe, alguém viu? Eis que o ano de 2016 vai se encerrando e abrindo caminho para seu sucessor, 2017. A menos que um decreto ou mais uma das manobras espúrias do congresso nacional ou do senado altere a ordem natural das coisas, o que não é de se duvidar dado tantos e tantos descalabros que já vimos acontecer nesse ano tão aziago, tão infausto para nossa democracia e para nossas vidas pessoais, para o país, ano esse que ora vai terminando. Se permitirem, repito, se permitirem, pois podem decidir estender um pouco mais esses dias tão recheados de desmedidos absurdos e ignomínias inomináveis, justamente para que eles sigam acontecendo, enchendo de júbilo uma minoria para a qual a coisa é boa assim dessa maneira, não se importando se a grande maioria sofre duros revezes que vão enchendo os dias vindouros de temores, incertezas, maus presságios, que só os absolutamente alienados não conseguem vislumbrar. Um ano em que Dona Esperança levou um trompaço, caiu de mau jeito e está custando a se levantar. Amados e idolatrados leitores, já que esse negócio de começar um Ano Novo com sentimentos negativos, desesperança e falta de horizontes não é nem um pinguinho bom, nós próprios, com nossas atitudes e iniciativas, temos que nos ajudar e ajudar Dona Esperança a se reerguer e seguir caminhando ao nosso lado em 2017. Para essa tarefa contamos com o auxílio luxuoso dos versos e da melodia de Juízo Final, metafísica composição de Élcio Soares e Nelson Cavaquinho, ouro puro, verdadeiro tesouro em que reluz a frase "o amor será eterno novamente". Eterno...novamente?! Uau! Pois, para nosso gáudio, Clara Nunes, com toda sua intensa claridade, um dia gravou tal tesouro. Ao ouvir essa música, esse canto, não há Dona Esperança que não se recomponha. 

18 dezembro 2016

Quem é quem na Velha Jovem Guarda

Recordar é viver, já dizia Lázaro que, depois de ter estado morto, bem morto, duro, teso e esticadão voltou à vida, levantou e andou por artes e ordens expressas de um nazareno conhecido por JC, um cara quase tão famoso quanto os Beatles e que não brincava em serviço quando o papo era fazer milagres. Então recordemos, pois. Deixe que sua memória o leve de volta aos cultuados anos 60s, década em que surgiu um movimento musical e comportamental batizado de Jovem Guarda. Se você ainda não havia nascido naquela época, não tem problema. É só você recordar-se do que já viu em algum especial televisivo sobre aqueles tempos de tanto glamour em que jovens e talentosos cantores surgiram cheios de inovações para ocupar o lugar dos cantantes medalhões na cena brasileira. E nunca mais saíram dela, tornando-se os medalhões da vez e vai daí que também tiveram que ceder os holofotes aos novos talentos e sumiram dos palcos e TVs. Como estarão eles agora? - indagará sua atilada pessoa. Pois saiba que, aproveitando as ondas de revival, eles continuam muito bem tocando suas guitarras, cantando e rebolando. Quer dizer, rebolando nem tanto pois nem sempre as dores articulares características na idade atual permitem. Mister se faz este singelo e saudosístico preâmbulo para anunciar que as postagens porvindouras justificarão o título e mostrarão... Quem é quem na Velha Jovem Guarda.
(100512)

17 dezembro 2016

Paulo Paiva, Suely Furukawa, vida, mistérios e os mais sinceros votos de um Feliz Ano Novo!

Imenso e indecifrável é o mistério que cerca nossas humanas existências. Por culpa da Dona Cegonha e seu longo bico, ou pela existência do tal conceito de continuação da espécie ou, quem sabe, por sermos mera e simplesmente parte integrante do chamado reino animal, estando portanto sujeitos a atitudes em que a racionalidade é posta de lado e o instinto prevalece, ou quiçá seja mesmo por obra de um Grande Arquiteto, um Supremo Criador, sei lá, o fato é que a gente, sem saber como e nem porquê, é colocado nesse mundo grande e desprovido de porteira, sem panos a cobrir nossas vergonhas e aqui chegando somos recebidos com um doloroso tapa no bumbum dado por um sacripanta embuçado atrás de uma máscara branca. E neste planeta estando, vem a vida, o fado, le destin, the fate, a sina, o destino e a todo instante nos convida a dançar, seja uma lúdica cantiga de roda, um saltitante samba de breque, um instigante rock'n roll, um delirante axé, um sensualíssimo tango e mesmo a indesejável Marcha Fúnebre, valha-me Deus!, Alá nos proteja!, Maomé, Jeová, Buda, Jah, Olorum e Tupã olhem por nós e nos cubram com protetora égide! Não é preciso ser um Nietzsche, um Schopenhauer para tirar da existência tais ilações. À medida que vamos vivendo vamos recebendo nossos quinhões de pequenas ou grandes dores, perdas e frustrações e de inesperadas e inexplicáveis alegrias que nosso peito por vezes parece não saber comportar. Incontáveis vezes a vida nos dói, mas somos a velha raça humana e sendo assim e assim sendo, Esperança é nosso sobrenome. Escrevo essas prosaicas divagações movido pelo fato de que acabo de receber uma mensagem pelo Facebook que me pegou de surpresa, me alegrou e me trouxe intensa emoção. Quem a escreveu foi meu amigo de longa data, o cartunista Paulo Paiva, marido de Suely Hiromi Furukawa, editora, colorista, redatora, enfermeira, amiga, esposa, mãe, avó. Pelos mistérios que nossas existências encerram, Paulo Paiva sofreu há alguns anos um severo AVC. Mas mistérios outros determinaram que Paulo não morreria nos privando de sua agradável presença, de sua alegria, seu humor, de sua privilegiada criatividade. E o apoio da esposa, Suely, da filha Paulinha e agora também de Eric, seu amado neto, ainda um bebê, são fundamentais para Paiva driblar as dificuldades inerentes ao AVC. Confesso que fiquei com os olhos marejados ao ler e reler a mensagem que contém um desenho saído da cuca e das mãos do Paiva que mostra uma criança representando o Ano Novo a nos desejar com um largo sorriso, pleno do mais lídimo sentimento de esperança e de fé, um grande, um muito bom ano novo para todos. Foi fácil decidir que mais uma vez vou me valer do contagiante e elevadíssimo astral de Paulo Paiva e de Suely para estender e desejar a todos os que curtem e acompanham este meu bloguito um graaaaande, um redentor, um felicíssimo, um benfazejo e profícuo Ano Novo. Um 2017 bom demais para todos nós, galera!!
(Publicado originalmente no dia 30/12/14)

Um desenho de Paulo Paiva com direito a Happy New Year

Paulo Paiva, meu cartunista de estimação, como é do seu consuetudinário proceder, produz assaz criativos desenhos a todo vapor nos finais de ano. Guardo um deles com especial carinho, que é este aí em cima postado, que me enviou minha chapinha Suely Hiromi Furukawa em que ela própria aparece ao lado de PP e da amada filha deles, Paulinha, vestida com sua vistosa farda de moça-da-lei. Você vê na ilustração um dos gatos da família, mas não vê o Eric, filho de Paulinha, neto de Suely e Paulo Paiva, porque essa postagem é um remake de uma que aqui postei há alguns anos, quando Eric ainda não havia chegado para alegrar um pouco mais esse planeta azulzinho. Sucede que de tanto gostar desta mensagem enviado pela família Paiva-Furukawa, costumo repetir a postagem em natalinas épocas. Também pudera, o desenho de Pepê mostra sua família, que é uma família bem bonita e bem brasileira, que pretendo crer que há de bem simbolizar e adequadamente representar todas as outras deste patropi abençoá po Dê e boni po naturê, como diz e canta o velho e sempre bom Babulina. Paulo Paiva é um cara de astral elevadíssimo e a temática do desenho trata de sinceros votos de um Natal feliz e um Ano Novo massa, que é exatamente o que eu desejo aos amigos e aos meus fiéis e caríssimos leitores que leem este meu bloguito, e é justamente por isso que vou reincidentemente grilando, usurpando o desenho, me apossando mui semcerimoniosamente, remakando uma vez mais, pegando carona no ótimo astral dessa família de meu nobre amigo e editor e aqui postando para que todos que visitem este espaço possam ler e receber bons fluidos e se sentirem em estado de graça.
(Publicado originalmente em 20/12/13)

05 dezembro 2016

Juazeiro, Petrolina e Ilha do Fogo: lá 1964 ainda não acabou

Redigo: a Ilha do Fogo é  um patrimônio legítimo e indissociável do povo, do amável e ordeiro povo brasileiro que habita as vizinhas cidades de Juazeiro, Bahia, e Petrolina, Pernambuco. Bem entre estas urbes, situa-se essa bucólica ínsula fluvial, dividindo ao meio naquele trecho, o histórico e lendário Rio São Francisco. Por quase meio século pescadores e habitantes da região transitaram por suas areias. Eis que então militares pernambucanos botaram enormes e cobiçosos olhos sobre a ilha e decidiram usurpá-las, arrancando das mãos dos pacíficos moradores sob o descabido pretexto de que ali é ponto estratégico, vital para a segurança desse país varonil de Gugu e Clodovil. Pois tais militares, conhecedores da questionável máxima que por aqui impera de que "decisão judicial não se discute, se cumpre", foram a um juiz simpático aos castrenses. Longe vai o tempo em que os brasileiros enxergavam um juiz como um monumento da idoneidade e da imparcialidade, um oceano da integridade moral. Os próprios juízes, fazendo o que muitos, de forma escancaradamente absurda, vêm fazendo, trataram de eliminar em nós outros quaisquer resquícios de crença e de confiabilidade. Sendo assim e assim sendo, procurado pelos militares, o tal juiz foi mostrando logo que sua toga era verde que te quero verde...oliva, foi tratando, célere, de dar parecer legal às pretensões dos militares e autorizando a posse e ocupação da Ilha do Fogo pelos fardados. Tudo feito sem uma prévia consulta popular, sem que as comunidades pudessem ter voz e vez para se manifestar democraticamente, bem ao estilo dos anos de chumbo. Nenhum plebiscito, nenhum referendo popular. Puro arbítrio travestido de legalidade. Um ato bem ao feitio dos negros tempos do nada saudoso regime militar que, iniciado em 1964, golpeou nossa gente por mais de 20 anos e que saudosistas do fascismo insistem em trazer de volta. Lamentável, lamentável. O Rio São Francisco é extenso. A caatinga é vasta. Nas terras do sem fim sanfranciscanas é de notório conhecimento que gentes inescrupulosas mantém plantações de  maconha que geram toneladas da erva-do-capeta que abastecem o mercado das drogas. Por ali, sim, seria de grande utilidade instalação de um batalhão de militares bem armados e preparados. Mas todos sabemos que além de traficantes, jagunços e pistoleiros armados, por ali há cobras, onças, mosquitos e sabe-se lá mais o quê. Ao contrário de todo este inferno, a Ilha do Fogo é lugar mais que aprazível, fica perto da casa dos militares, das suas amadas famílias, de shoppings, do aeroporto e dos bons restaurantes que servem a melhor carne de bode deste orbe. Por tudo isso, certamente a finada apresentadora Hebe Camargo diria que os militares pernambucanos envolvidos nesta questão são uma gracinha. Mas da Ilha do Fogo não arredam de jeito nenhum mesmo diante da justíssima pressão popular. Diante dela estão falando em conceder à população o acesso à Ilha do Fogo nos domingos e feriados, como uma reles espórtula. Quanto ao povo...ora, o povo que vá reclamar ao Papa. Menos mal que o atual Sumo Pontífice sempre mostrou não gostar de injustiças praticadas contra as camadas mais populares e, por providencial coincidência, ele também se chama Chico, um xará do Rio São Francisco, o Velho Chico.
(200913)

01 dezembro 2016

Gonzalo Cárcamo, um caricaturista mais que ingrato / Pintando o Set 2

Até onde vai a sordidez humana? A que níveis rasteiros e mesquinhos podemos descer? Quão baixo, torpe e vil pode chegar a ser o homem, senhoras e senhores? Vocês são testemunhas do meu proverbial esforço para neste blog louvar as pretensas virtudes do caricaturista e do homem Gonzalo Cárcamo. Cordato, ilustrei a postagem com uma caricatura assaz singela e melíflua do referido cidadão. Coisa que qualquer genitora haveria de guardar orgulhosa em seu mais íntimo relicário. E ele me pagou com igual moeda? Nada disso! Avaliem esta caricatura da minha magnânima e irreprochável pessoa em que o supracitado Cárcamo desrespeita minha condição de caricaturista espada e matador e zomba da minha proverbial virilidade. Só uma mente malévola poderia conceber semelhante opróbrio, algo tão repulsivamente ignóbil. É, caríssimos leitores, assim caminha a humanidade. Vejam, meus caros confrades Paulo Caruso, Biratan Porto, Loredano e JBosco, o que tenho de suportar de forma estóica para não pegar em armas. Ah!, bons tempos aqueles retaliativos em que vigoravam as ações do CCC (Comando dos Caricaturistas Caricaturados).
(10/05/2012)

25 novembro 2016

Paulo Paiva, Mestre Shaolindo / Pintando o Set 6

Talento e competência são virtudes que nunca faltaram ao Paulo Paiva em sua longa trajetória no universo editorial dos quadrinhos e dos cartuns onde sempre foi respeitado qual um sábio Mestre Shaolin por todos nós, seus gafanhotíssimos discípulos. But nobody is perfect - como diria Bill Shakespeare - e Paiva não deixa de ter seu lote de pecadilhos. Por exemplo, morando há tanto tempo em Sampa insiste em não ser torcedor do glorioso e retumbante Corinthians, o Campeão dos Campeões eternamente dentro dos nossos corações. Imperdoável. Mas a coisa não para por aí, tem mais, tem mais: Pepê foi sempre um temido criador de abomináveis trocadilhos infames, um martírio para meus refinados pavilhões auriculares de scholar, pessoa com elevada sapiência e dotado de raro refinamento cultural. O mundo deu giros e giros, o tempo passou para todos e muitos que eram aloprados adolescentes amadureceram e hoje são circunspectos senhores. Paiva, no entanto, parece insistir em se perpetuar na adolescência vez que esse sujeito não honra suas cãs, insistindo em ser um cara muitíssimo abusado e forgado o que me deixa assaz indignado. Volta e meia esse sacripanta faz uns desenhos e contando com a cumplicidade de Suely Hiromi Furukawa - um mix de esposa, enfermeira e comparsa - me envia pela Net umas caricaturas da minha intocabilíssima pessoa, coisa que bastante incomoda meu justificadamente inflado ego e que muito me exaspera. Qualé, Pepê? Perdeu a noção do perigo, cara?! Você e Suely em um pretérito dia passaram a lua-de-mel aqui nessa afro-terra chamada Bahia e sua pessoa sabe bem que os legendários Mestres Bimba e Pastinha me ensinaram in persona as artes e as astúcias da capoeira, que sob minha aparência dócil e meu jeito humanitário e pacifista oculta-se um beligerante capoeirista cordão branco, inclemente para com desafetos e desavisados que atravessam meu nobilíssimo caminho. Se liga, meu rei!
PS: Fiéis e preclaros leitores, errar é o Mano (Menezes) e eu errei gravemente. Pepê pode ter todos os defeitos contidos no cardápio da raça humana, mas o imperdoável deslize de não ser corintiano, ele não tem. Pepê é, sim, e com todo orgulho, um fiel torcedor do Todo Poderoso Timão e, portanto, um Bi-Campeão do Mundo tanto quanto o sou. Contrito, peço perdão ao Pepê por tão grave crime de lesa-majestade-torcedor que cometi de forma infame e assaz abjeta devido à minha infalível memória que ultimamente anda falhando muitíssimo. Meus mais humildes pedidos de perdão ao nobre, ao magistral, ao perfulgente Mestre cartunístico e quadrinhístico.
(20/03/13)

16 novembro 2016

Jorge Amado, Zélia Gattai, Gustavo Tapioca e o imaginário popular.

Este lance de imaginário popular é curioso. Aqui no Brasil, quando ouvimos falar em D. Pedro I, nos lembramos de um belo e sorridente jovem, com nigérrimas suiças, feições e corpo capazes de suscitar vívido interesse feminino. Mas se falamos de seu filho, D. Pedro II, o que nos vem na mente é um senhor austero de longas e alvinitentes barbas, parecendo ser ele o progenitor e não o filho nesta história toda. É que fomos alimentados com as imagens que os livros fartamente nos oferecem. Quando ilustrei para Gustavo Tapioca seu belo livro de memórias, Meninos do Rio Vermelho, tive acesso a uma série de fotos pouco divulgadas pela imprensa mostrando Jorge Amado e sua amada Zélia. Muitas dessas fotos aliás, clicadas por ela própria, fotógrafa habilidosa. Fiquei pensando que com Jorge Amado acontece um lance parecido com o dos Pedros, pai e filho. Falamos no escritor e imediatamente nos vem à mente um octogenário de bigodes alvos, farta e branca cabeleira tremulando ao vento, camisas estampadas e boné. Então entre as ilustrações que fiz para o livro de Tapioca, resolvi fazer estas aí, aproveitando fotos que mostram Jorge e Zélia em momentos plenos de jovialidade, um casal feliz cujo amor recém se iniciara mas que é mais que visível em seus rostos sem as marcas do tempo. Destarte as pessoas poderão ter a alternativa de ver assim, belos, apaixonados e jovens Jorge Amado e Zélia Gattai que tanta coisa boa nos transmitiram com suas vidas e seus escritos. O e-mail para os interessados no livro é gustavo.tapioca@gmail.com .
(14/08/13)

10 novembro 2016

J. Jorge Amado e o grande esparro d' umbu


"Nunca vi umbu ser tão grande!"
Esparro frutífero encontrável no livro de João Jorge Amado, Lá ele ( o esparro na Bahia ), do qual já falei aqui neste blog em publicação anterior. Trata-se de uma trabalho dedicado de pesquisa da cultura oral do povo da Bahia. Isso resultou em uma coletânea de esparros. Um esparro é uma espécie de pegadinha oral, feita com frases espirituosas, todas ocultando em si o mais malicioso duplo sentido, fartamente encontrado na boca do povão baiano que adora rir das próprias brincadeiras que faz, como um esparro bem sacana. O livro é um grande saque de J. Jorge Amado, verdadeiro ovo de Colombo, e eu me diverti de montão ao fazer as ilustrações. Se você ainda não leu, já está mais do que na hora. Para ser o feliz possuidor de um exemplar clique no link e contate o pessoal da Editora Publit Soluções Editoriais: http://www.publit.com.br
(30/08/13)

09 novembro 2016

Ronald Searle, cartunista: esse cara só sabia desenhar.

Ronald Searle sempre foi admirado, cultuado pelo seu talento raro. Tinha um traço pessoal, limpo, expressivo. E um humor refinadíssimo. Aos 91 anos foi-se deste mundo deixando órfãos um monte de fãs do cartum e de cartunistas talentosos de quem, aliás,  sempre foi ídolo. Devemos agradecer aos deuses das artes que ele, sempre profícuo em seu fazer artístico, pudesse ter tido o privilégio de viver uma vida tão extensa podendo produzir miríades de trabalhos maravilhosos para a delícia de nós, viventes. Vale a pena dar uma clicadinha neste link da Revista Piauí e conferir uma matéria sobre Searle que um dia, falando de si mesmo, disse que só sabia desenhar. Só isso. Assim como Pelé só sabia jogar bola.  http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-65/despedida-ronald-searle-1920-2011/eu-so-sei-desenhar
( 16/02/12 )

08 novembro 2016

Mestre Paulo Paiva recebendo o Troféu Angelo Agostini

O mês de janeiro de 2014 foi um mês inesquecível para os amantes das histórias em quadrinhos nesse Brasil brasileiro, mulato inzoneiro. Eis que, entre os premiados do HQMIX no citado ano, estava Paulo Paiva, o Pepê, um cara muitíssimo amado pelos profissionais da área, por tudo que ele fez pelos quadrinhos brasileiros, bem como pelos muitos desenhistas, argumentistas e por todos que militam nessa campo de tantos obstáculos, de tantas pedras, monólitos e pedregulhos pelo caminho. Pepê, além de ser um cartunista talentoso, sempre exerceu um fantástico trabalho como editor da área de cartuns e quadrinhos e faz jus ao título de Mestre que recebeu junto com seu troféu. Postei, no referido janeiro, as fotos e o texto abaixo celebrando esse notável acontecimento. Como se trata do Mestre Paulo Paiva, posto agora de novo, para relembrarmos juntos o que não é para ser esquecido, atilado leitor.
Paulo Paiva, mais lindão que nunca, cheio de fidalguia e elegância, com um boné estiloso, recebendo seu cobiçado Troféu Angelo Agostini hoje à tarde no Memorial da América Latina, em uma evento onde imperou o melhor dos climas, como se vê nesses registros fotográficos. Na foto de baixo, o casal Pepê e Suely posa para a posteridade com a amiga, Dra. Paula Annunciato, neurocirurgiã integrante da equipe do magnífico Dr. Wilson Luiz Sanvito, que operou e salvaguardou a vida de nosso estimado Pepê. Um acontecimento para ficar gravado na memória. Coladinha, toda feliz e orgulhosa, Suely Furukawa, competente editora e redatora, além de ser um mix de esposa, enfermeira, terapeuta e dedicado anjo-da-guarda desse que é o mais novo Mestre do Quadrinho Nacional, Paulo Paiva. Parabéns duplamente ao casal. Um dia chego lá, Pepê!
(o1/02/14)

Biratan Porto, um caricaturista letrado.

Antes de ser amigo do cartunista paraense Biratan Porto, sou um seu admirador entusiasmado e confesso. Bira mata a pau no cartum, na charge, nos quadrinhos e nas caricaturas. E ainda se renova sempre. O livro com sua série de caricaturas feitas com as iniciais dos caricaturados famosos, é de deixar qualquer um de queixo caído. Olha só o "F", de Fidel, servindo de chapéu e perfil. O "C" é a barba hirsuta e já grisalha de el comandante. Este do Chê Guevara , então, está um primor de criatividade. Aquela tal simplicidade dos gênios, de que tanto falam. Sorvam estes aperitivos aê e depois vão lá no blog do Bira pra ver o que é um trabalho bem feito e ver se ainda dão sorte de poder comprar o livro, se ele já não esgotou. Olha o link, galera: http://biratancartoon.blogspot.com/
(071113)

Jim Hopkins e o fabuloso destino d'Amelie, de Jennifer Aniston e Salma Hayek.

 
1. Salma Hayek  2. Jennifer Aniston 3. Audrey Tautou
Curto muito o belíssimo trabalho de caricaturas e ilustrações do norte-americano Jim Hopkins, um cara talentoso, mas que ainda não é muito conhecido aqui no Brasil. Por enquanto, por enquanto. Jim tem trabalhos maravilhosos e diversificados, é um verdadeiro homem-dos-sete-instrumentos, um factotum das artes, e eu já postei vários desenhos dele aqui neste bloguito. Para esta postagem, estimado leitor, escolhi uns trabalhos em que ele usou como modelos um trio de belas garotas, sendo todas elas atrizes mui famosas, que Jim Hopkins caricaturou com sua habitual competência. Entre elas, a uvinha mexicana chamada Salma Hayek. Também fez a darling dos ianques, Jennifer Aniston, além da francesa Andrey Tautou que, entre outras coisas, fez a cativante e deliciosa Amélie Poulon, em Le fabuleux destin d'Amelie Poulon, inesquecível. Você gostará, estou certo, e aí poderá ver e curtir muito mais acessando um blog do Jim, através do link http://mugitup.blogspot.com/
(110914)

03 novembro 2016

Cangaceiro, pássaro, Floriano Teixeira

Cangaceiro é um tema recorrente na minha faina pictórica. Floriano Teixeira, maravilhoso ilustrador e pintor, fez diversos trabalhos assim mostrando um momento em que o homem do sertão tem sua dureza quebrada pela interação com o pássaro entre seus dedos acostumados a puxar mortais gatilhos. Eu, que sempre fui admirador incondicional do Flori - meu amigo pessoal, para minha fortuna - volta e meia faço uns desenhos e pinturas mostrando este duo sertanejo. Aqui usei acrílica sobre tela e depois dei umas cacetadas com Photoshop para complementar.
(171214)

29 outubro 2016

Em Terras Americanas: quadrinhos baianos de alta qualidade em dose tripla.

"Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto, lutamos mal rompe a manhã." Lindo, não? Você, pessoinha de alma sensível e de elevada inteligência gostou muitíssimo, não é mesmo? E antes que os mais incautos comecem a achar que sou eu o autor de tal preciosidade, vou logo avisando que a surrupiei de uma poesia de Drummond. Se havia pedras no meio do caminho de sua poesia, o vate itabiranocarioca as retirava e seguia em frente, versejando, tal era sua vontade de exercer o seu ofício de poeta de versos livres. Esse preâmbulo todo é para mostrar que é possível vislumbrar uma analogia entre a luta para fazer poesia e a peleja que é fazer quadrinhos nessas plagas que um dia Cabral achou dando sopa nos trópicos. Fazer quadrinhos por aqui é dificultoso, sim, mas driblam-se os obstáculos e se faz. E é com grata satisfação, respeitável público leitor, que vos anuncio que já foram publicados e podem ser adquiridos três belíssimos volumes de histórias em quadrinhos intitulados Em Terras Americanas. O material publicado, modéstia às favas, é belíssimo, todo made in Bahia, e teve sua publicação viabilizada por haver sido selecionado pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, recebendo recursos do Fundo de Cultura da Bahia. O argumento e o roteiro, levam a assinatura de Tom S. Figueiredo, e são bastante originais, mostrando super-heróis vivendo uma vida em sociedade, misturados aos denominados cidadãos comuns, de uma maneira pouco habitual nas HQs. Escritor premiado, Tom tem ampla experiência no campo dos quadrinhos, adquirida em jornadas empíricas no famoso Estúdio Cedraz, onde labutou por mais de quinze anos. Os desenhos são de Paulo Setúbal, que é -entre outras nobres atividades- presidente, officeboy e moleque de recados deste bloguito, e as cores -belíssimas- são de Vitor Souza, sendo que ambos são profissionais com larga trajetória nos quadrinhos. Antonio Cedraz foi o editor, em um dos seus últimos trabalhos feito em sua vida devotada às histórias em quadrinhos. A Coordenação de Produção do Projeto é de Paulo Milha. Como foram publicadas com numerário advindo de verba oficial, as três revistas estão sendo vendidas por preço mais que acessível, sendo que a renda angariada será totalmente revertida em favor da ONG Centro Comunitário Batista Soteropolitano. Os mais descolados nerds e os amantes mais amorosos dos quadrinhos podem adquirir por preços beeeeeem módicos, todos os três exemplares de Em Terras Americanas ali na Katapow (Av. Octávio Mangabeira, Edifício Privilege, loja 7, Pituba) e na RV Cultura e Arte (Av. Cardeal da Silva, 158, Rio Vermelho), localizadas ambas aqui nessa cidade de Salvador, Bahia, espaços especializados na venda do que há de melhor no universo dos quadrinhos. Leitores que não moram nessa soteropolitana afrocity, ou mesmo os que não têm tempo de passar em uma das lojas citadas, podem encomendar seus exemplares pela Internet através de-mail para http://editora@estudiocedraz.com.br . Nesse caso, o preço vai acrescido do valor do frete. Em Terras Americanas foi feita com especial carinho por profissionais que amam os quadrinhos e é um marco histórico na arte sequencial produzida na Bahia. Fiz um mix com capa e páginas de desenhos da trilogia de Em Terras Americanas para ilustrar esta postagem, quadrinístico leitor, que é para fazer você ficar com água na boca e tratar de encomendar rapidinho os seus exemplares antes que esgotem, já que você não é a única pessoa de bom gosto aqui nessas terras americanas.
(180116)

27 outubro 2016

João Ubaldo Ribeiro no tempo em que era um jornalista, com carteira assinada e tudo.

Antes, bem antes de atingir os píncaros da glória literária e de ser recebido com encarnados tapetes em universidades e palácios primeiromundistas qual um semideus, sendo reverenciado efusivamente em toda parte aonde quer que vá, Oropa, França e adjacências, o cultuado escritor João Ubaldo Ribeiro foi um dia - com direito a somítico salário - redator-chefe do hoje quase extinto periódico Tribuna da Bahia onde eu e Lage atacávamos de rabiscadores. Este jornal, em seus tempos de glória, tinha em seus quadros jornalistas gabaritados, os mais bem humorados com quem eu já trabalhei. Ainda assim nenhum superava o bom humor de Ubaldo que tinha uma risada peculiar, franca, aberta e sonora - uma sonoridade de miríades de decibéis - que ecoava em toda a redação quando ele, atendendo o aviso de algum colega: "Rápido! Está passando o Alberto Roberto na TV!", deixava incontinenti sua pequena sala cercada de vidro batizada de aquário, e vinha lentamente atravessando os mais de 20 metros da sala com seu tonitroante riso, prelibando os momentos de humor que a verve de Chico Anísio lhe traria. Tal proceder valeu-lhe, entre os espirituosos jornalistas, o epíteto de Risadinha. Conhecíamos-lhe e admirávamos o talento invulgar para a escrita - ele já fazia sucesso com o livro Sargento Getúlio - mas ninguém daquela risonha redação poderia prever que nosso bem humorado redator-chefe, unindo seu humor ao raro dom literário, um dia seria capaz de realizar no campo literário façanha tamanha como a que de fato realizou tornando-se um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos. De mero vivente, sujeito a frieiras, coqueluches, tosses-de-cachorro, defluxos, pruridos escrotais e afins, Risadinha sagrou-se um escritor de renome, consagrado em todo esse vasto mundo, com direito a vestir o garboso fardão da ABL, munido de espadim e tudo, convertendo-se, destarte, em um venerável imortal admirado e respeitado em todo este imenso orbe. Viva o povo brasileiro! E, é claro, viva também João Ubaldo Ribeiro, já que Risadinha, qual a Tribuna da Bahia, ficou por aí, em algum lugar do passado.
(10/10/12)

18 outubro 2016

Jayme Cortez: um blog para um grande Mestre


Um dia, ainda bem jovem, Jayme Cortez deixou seu querido Portugal e veio morar no Brasil. Sorte nossa! Jayme tornou-se uma figura fundamental para toda uma geração de desenhistas brasileiros. Vivíamos de copiar os desenhos feitos pelos artistas americanos, éramos desprovidos de personalidade própria, pouco criávamos de nosso. Cortez nos ensinou o caminho das pedras, o desenho feito a partir de modelos vivos, entre outros ensinamentos fundamentais, como reproduzirmos o que tínhamos em nosso âmago, o que nos caracterizava, nossa essência, nossa gente, coisas, crenças, costumes. Guardo em minha memória coisas maravilhosas como a quadrinização feita por ele de uma majestosa página do nosso cancioneiro popular - como diriam certos locutores - uma canção melodramática, com direito a coração que saltita e fala, envolvida em melodia e letra bonitas, tocantes, graves, fortes, contundentes, chamada Coração Materno, sucesso na estentórea voz de Vicente Celestino. O mestre Cortez enxergou a beleza plástica e cinematográfica ali escondida, que ninguém vislumbrava. Tão significativa é a canção que o cultuado Caetano Veloso a gravou em belíssima interpretação. Jayme foi - e ainda é - Mestre maior de pletoras de desenhistas que, seguindo seus ensinamentos, hoje são amados pelo público. Era versátil, culto, inovador, empreendedor. Se hoje desenhamos mais e melhor devemos muito a este alfacinha maravilhoso que, repetindo o que fizera Carmen Miranda, veio das terras lusitanas para se tornar um artista brasileiro fundamental, visceral, inesquecível.
***Para a imensurável alegria dos admiradores de Jayme Cortez, seu filho, Jayme Cortez Filho, uniu-se a Fabio Moraes e ambos criaram e mantém um belo e diversificado blog como uma justa homenagem a tão amado e admirado Mestre, blog em que se podem ver fotos e trabalhos do cultuado artista. Sendo eu um admirador incondicional de Cortez, envio a Fabio Moraes e a Jayme Cortez Filho os meus agradecimentos pela esplêndida iniciativa. Para acessar o blog, clique: http://www.jaymecortez.blogspot.com/
(31/05/14)

12 outubro 2016

Setúbal e Valtério: quimioterapia e caricaturas no CICAN

Como cartunista sempre procurei fazer trabalhos para entidades diversas que lutam para dar aos brasileiros uma existência melhor, um país mais justo, mais ético, melhor de se viver. Notadamente para aquelas pessoas de maior carência que não encontram moleza nessa vida. É uma forma que muitos que pensam da mesma forma que eu, encontram de mostrar solidariedade e pensar no coletivo num mundo muita vez duro, onde as pessoas estão ficando cada vez mais competitivas no pior dos sentidos, muito mais individualistas, para ficar por aqui e não dizer mais. Well, well, há uns quinze dias meu amigo, o talentoso escritor fluminensoteropolitano Nivaldo Lariú, colocou-me em contato com a Dra. Eliana Lobão, que integra uma equipe de profissionais do CICAN - Centro Estadual de Oncologia, aqui na Bahia. Da doutora e de Lariú surgiu um convite para que caricaturistas da terra expusessem seus desenhos no corredores do Centro, como parte de um projeto, sendo que os que se julgassem disponíveis, fossem fazer caricaturas de pacientes que estão se tratando com quimioterapia no CICAN, lutando com todas as forças para curar-se de tão grave enfermidade, contando com a valiosa ajuda de médicos e de toda a dedicada equipe do Centro e, uma vez curados, poderem retomar a vida dita normal. Eu e Valtério Salles topamos de cara, combinamos e no dia 11 de Maio lá estávamos nós caricaturando uma notável galera que está sob tratamento, enfrentando com coragem a quimioterapia, todos a personificação da tal "brava gente brasileira", da letra do nosso Hino da Independência. De quebra caricaturizamos boa parte da equipe. O resultado foi maravilhoso, indo muito além das boas expectativa que tínhamos eu, Valtério e Vera - sua esposa sempre de alto astral, que nos acompanhou no seu nobre posto de fiel escudeira de Valtério sempre que mister se faz. Jornais e TVs por vezes mostram com fartura fatos desabonadores ligados ao seguimento médico, como a tal Máfia de Branco, que, para nossa tristeza, de fato existe. Mas há, felizmente, profissionais maravilhosos e dedicados atuando na área médica, que lutam com denôdo, consciência ética, como preconiza Hipócrates, e com notável amor ao próximo, como estes da equipe do CICAN a quem somos gratos pela oportunidade de vivenciar uma experiência humana única que muito nos comoveu e alegrou. Hoje, da Dra. Eliana Lobão, que articulou nossa ida e participação, recebi esta mensagem que repasso aqui para você, leitor. A ela e todos da equipe meu abraço mais afetuoso e minha admiração. 
"Bom dia, Setúbal.
Foi realmente mágico o que você e Valtério proporcionaram na Quimioterapia do CICAN. Simplesmente sensacional o que presenciamos: alegria, descontração, beleza e harmonia. Pacote completo e que não é tão comum naquele local. Obrigado, amigo. Contar com vocês foi o sucesso do nosso evento. Valeu! Bjs. Seguem fotos. Eliana Lobão."
(15/05/12)

"Jayme, um Leão na charge..." por Bira Dantas.

Jayme Leão sempre arrasou fazendo ilustrações maravilhosas que arrancavam das pessoas os mais rasgados elogios. Vi no Face esse texto de Bira Dantas postado em 12 de março de 2014, em que Bira presta uma mais que merecida homenagem a Jayme. Copiei o texto e devidamente não autorizado, em nome da amizade e da estima por ambos, reproduzo aqui neste bloguito para os leitores saberem um tantinho mais do trabalho de Jayme, um cara que arrasava ao ilustrar e que fazia isso com a maior simplicidade do mundo, sem ostentação, sem narcisismos ou egolatrias. Acompanhando o texto de Bira vai aí uma carica que ele próprio, eclético que é, fez de Jayme Leão, essa fera. 
"Conheci Jayme Leão através de suas capas no jornal Movimento nos idos de 1980, quando resolvi virar chargista. A sua arte-final perfeita reforçava o conteúdo de suas charges e ilustrações, carregadas com todas suas ideias socialistas, libertárias, solidárias.
Jayme era alguém que abraçava a causa dos oprimidos no primeiro momento, ou até antes disso, quando ninguém ainda pensava em fazê-lo.
Eu o conheci novamente nas reuniões da AQC em 1984. Um excelente e apaixonado orador, com seu sotaque mezzo nordestino, mezzo carioca. Antes de tudo, um defensor do Quadrinho nacional.
Quando colaborei com o jornal 
Retrato do Brasil, juntamente com o Luiz Carlos Fernandes, sob a batuta de Raimundo Pereira e Elifas Andreato, recebemos a sua visita, lembra Fernandes? E ele cobrou da gente: "Informação, posicionamento, combatividade e excelência gráfica!"
Comprei todos seus incríveis posteres de apoio a Nicarágua, El Salvador e Palestina.
Mudei pra Campinas em 1988 e perdi contato.
A capa da Circo editada pelo Toninho Mendes, me fez relembrar de sua técnica maravilhosa com o aerógrafo e as pinceladas. Alguém intimamente ligado as cores. Cores de luta!
Voltei a acompanhar seus trabalhos através de livros que amealhei aqui e acolá, assim como pelos "Arquivos Incríveis" do 
João Antonio Buhrer, um expert em artes gráficas.
Com a Pizzada dos Cartunistas organizada pelo 
Custódio Rosa em 1999 eu o reencontrei. Ele me contou de sua dificuldade com as editoras de livros. De como ele teve que pular do papel, aerógrafo, pincéis... para a arte digital, exigência editorial. Mas esse percalço ele resolveu com louvor, já que dominou também o photoshop. Ele me falou que queria mudar de Sampa, perguntou como era em Campinas... Pensou até em mudar pra cá. Na ocasião fiz a caricatura abaixo, onde o Mestre aparecia com outras dezenas de quadrinhistas.
Finalmente chegou o dia do 
Gualberto Costa entrevistá-lo no "Sábados das Artes Gráficas", saí de Campinas, mas só cheguei a tempo de lhe dar um abraço.
Foi um grande abraço!
A última notícia que recebi foi através do cartunista 
Edsondias Dias, que falou da dificuldade que o Jayme estava tendo, com os frilas e com a saúde.
Um artista deste quilate...
Deixa muita saudade."
Bira Dantas, cartunista, quadrinhista, ilustrador e amigo de Jayme Leão.

08 outubro 2016

J. Jorge Amado e o esparro na Bahia

Uma das formas mais recorrentes de humor nesta terra achada por Cabral é o emprego de frases de duplo, às vezes triplo ou quádruplo sentido. Aqui no Nordeste, então, nem se fala, temos um arsenal delas que são largamente utilizadas em nosso afrobaiano cotidiano. Nessa coisa de frases de sentido duplo, muita vez o que parece ser uma indagação singela, inocente e despretensiosa camufla uma outra que é puro veneno, malícia, sacanagem. Revelado o logro verbalizado só resta rir junto sem chiar nem espernear. Senão invariavelmente alguém irá dizer que você está louco de raiva. Captou a dubiedade? Tais perguntas, anexins ou mero comentários são batizados aqui na Bahia de esparro e tem há séculos importante papel na nossa cultura oral, apesar de seu tom fescenino e de escracho total que não respeita regras ao utilizar-se do obsceno. Certamente por isto ninguém tivesse ousado até agora colocar o esparro em um livro como o fez o escritor João Jorge Amado em seu livro Lá ele! (o esparro na Bahia), pela Publit Soluções Editoriais. Nele João Jorge prestou um serviço sério aos bem-humorados deste país, coletando, selecionando, analisando e explicando o esparro. Doravante todos, incluindo você que não teve a imensa fortuna de nascer neste afrobaiano torrão, poderão dialogar com qualquer autêntico soteropolitano sem correr o risco de cair em quaisquer esparrísticas armadilhas verbais. Principalmente você, que chegou há pouco de fora. Captou? Captou?
Para conseguir seu exemplar do livro joãojorgeamadiano com ilustrações setubalescas, acesse o site da Publit: http://www.publit.com.br

29 setembro 2016

Mark Ulriksen, norte-americano, e seu belo trabalho de ilustrações, pinturas e caricaturas



 

Comprei uma The New Yorker só porque, ao folheá-la em uma banca de revistas,  vira uns desenhos que muito me agradaram de um artista chamado Mark Ulriksen. Pelo nome achei que o cara devia ser europeu, talvez sueco. Mas na Net vejo que ele é americano e trabalha tendo como base a bela São Francisco, na Califórnia. Mark não é dado a grandes experimentalismo e inovações, sendo até um tanto ortodoxo, fazendo uso apenas de pincéis e tinta acrílica como material de trabalho. O que importa é que o resultado é de grande beleza e deixa transparecer uma pessoa que sabe pensar de forma diferenciada e construir uma arte cujo resultado agrada aos olhos tendo uma qualidade inegavelmente maravilhosa. Não é à toa que a The New Yorker o exibe em todas as suas edições ocupando grandes espaços dessa mundialmente consagrada revista. Acima, nas imagens que colhi, Michael Jackson, cães (algo recorrente nas ilustrações feitas por Mark) e Hank Williams ao lado de Patsy Cline, a cantora folk que tem a melhor interpretação que eu já ouvi de Crazy, canção-ícone dos acometidos de dor de cotovelo crônica. Awesome, Mark! O link para o site é: http://www.markulriksen.com
(Publicado originalmente em 22/02/14)

31 agosto 2016

O caricaturista Jim Hopkins, Barack e Michelle, Democracia, EUA, Brasil.

Fui buscar entre os trabalhos do grande Jim Hopkins, de New York, essa bela caricatura do casal Obama, Michelle e seu esposo-Presidente, Barack. Um presidente norte-americano negro era algo impensável há bem pouco tempo atrás. Como era algo improvável uma mulher ser presidente do Brasil. Bom, malgrado todo tipo de racismo entranhado no american way of life, os americanos se portaram de forma altamente respeitosa à Democracia, valorizando-a, Barack Obama foi guindado ao poder e nele se manteve mesmo desagradando muitos setores, certamente. No Brasil, lamentavelmente, faltou sentimento democrático e sobraram misoginia e interesses inconfessáveis. Quer dizer, não tão inconfessáveis assim, mas por uma questão de pudor e de boa educação é um assunto que não deve ser mencionado se houver inocentes criancinhas na sala. O fato é que  assim sendo, a Presidenta Dilma está sendo arrancada de seu cargo de uma forma cujas consequências não são nada promissoras e animadoras para grande parte da população brasileira. Deixando de lado tão cavernoso assunto e voltando ao talentoso Jim Hopkins e suas criativas caricaturas, publico também uma do sempre versátil Jack Black e da blond Meryl Streep, ambos atores com vasta filmografia e grande número de admiradores planeta afora.
*****O link para visitar a página da Pinterest com as caricaturas de Jim Hopkins é este: https://br.pinterest.com/pin/15129348726615466/

17 agosto 2016

Jim go bell in New York.

When I'm sailing across the mysterious and dangerous websea my chest is full of courage. Poseidon is at my side all the moments and makes me so strong and so brave like a viking. I'm a impavid navigator like Columbus. Or better, like Popeye, the sailor. Without fear I dive in the dangerous webocean and from the deep waters I always emerge with treasures in my hands and in my indefatigable eyes. Recently I got a chest with fantastic paintings and drawings signed from a guy from the Big Apple called Jim Hopkins. Wow! Jim is really a great artist, friends! If you want to see his marvelous works, don't miss your precious time and go to these blogs to see more of the Jim's productions: http://mugitup.blogspot.com/ and http://icecreamnobones.blogspot.com/ . Jim, here from Bahia I send to you my embrace and my huge admiration.
(Publicado originalmente em 22/12/09)

11 agosto 2016

Martíssima, maior camisa 10 do Brasil / Umas minas que eu amo 2

Da cuca criativa e atenta de Nelson Rodrigues, escritor, cronista esportivo e torcedor do Flu, nasceu a definição mais exata sobre o futebol brasileiro para nós, brazucas: "A seleção é a pátria de chuteiras." Uau! O cara sabia o que estava dizendo. O país parava em dias de jogos do chamado escrete canarinho para se inebriar com o show dos nossos craques, verdadeiros artistas que nos encantavam e de quebra encantavam todo este imenso planeta. Infelizmente a nefasta corrupção que assola nosso solo e não nos dá uma trégua, contaminou também o nosso dito esporte bretão e tornou a seleção brasileira este triste arremedo que aí está com direito a Dungadas, Zagalladas, Ricardoteixeiradas, Felipemeladas, Josémariamarinadas, Delneroadas, 
Redegloboadas, Galvaobuenadas, e derrotas humilhantes para Bolívia, México, Japão, times dos quais sempre ganhávamos de 15 ou 20. A zero! Com direito a baile, olés, gols de bicicleta, de letra, de chaleira, de glúteo, de bingolim, e o escambau. Sucedeu, por Elza e mais outras, como diria Mané Garrincha - um destes geniais artistas-jogadores - que fui perdendo, perdendo e perdi, como perdeu grande parte dos brasileiros, esse amor desmedido pela seleção, verdadeira veneração. Eis, no entanto, que nos dias atuais baixa em mim o espírito do engajado gajo Vaz de Camões e eu digo "Cessa tudo que a antiga musa canta que outro valor mais alto se alevanta!" Marta. Martinha. Martíssima. Uma camisa 10 autêntica, de futebol sublime, maravilhoso, empolgante, que joga como quem brinca, como quem cria uma arte, uma canção inebriante que nos vai ao âmago da alma. Jogadoras adversárias parecem parar em campo para vê-la desfilar seu futebol-arte. Marta nos trouxe de volta o tão cultuado futebol brasileiro que o mundo aprendeu a amar com Pelé, Mané, Didi, Vavá. Há uma abissal distância entre Marta e todas as outras jogadoras do futebol feminino em todo o planeta-bola. Uma pena para nós, que na nossa própria seleção, só a excepcional camisa 9, Cristiane, também premiada pela FIFA como uma das gigantes do futebol no mundo, chega bem pertinho do talento que Marta exibe nos gramados. Quanto às demais jogadoras, muito posso me enganar, mas ficam ainda bem distantes do talento da dupla Marta e Cristiane. Considerando-se que essas meninas não contam com o devido apoio e as necessárias condições básicas para desenvolver um futebol mais brilhante, sabemos o quanto são guerreiras e o quanto lutam para se manterem motivadas em um esporte que sofre com o preconceito e a falta de apoio oficial. Sim, temos que ser gratos a todas, reconhecer-lhes o empenho e o amor ao futebol feminino, uma grande paixão. Mas gênios não são produzidos em larga escala. Felizmente esse empenho das demais meninas ajuda em muito, é mesmo fundamental para que Marta possa nos brindar a todos com sua arte e comandar as memoráveis vitórias às quais estamos nos acostumando. Há muito tempo eu não sentia esta empolgação por ver alguém jogar futebol neste país. Pelos motivos supracitados e por culpa de quase todos os que integram o universo do futebol, sejam eles empresários do setor, cartolas ou os da crônica esportiva que criam ídolos de pés de barro com coroas de lata nas cabeças. Mancomunados e visando apenas o lucro pessoal levaram o futebol brasileiro a ser o arremedo que aí está. Mas felizmente há Marta, Martinha, Martíssima. Jogando muito e encantando o público do Brasil e do mundo, batendo recordes, somando premiações, ela conquistou com seu futebol o direito a figurar no glorioso panteão dos grandes craques de futebol do Brasil. Ao lado do maravilhoso Pelé, do estupendo Garrincha e outros, lá está, com todo o merecimento, a maravilhosa e igualmente estupenda Marta. Agora em que escrevo esta postagem, nas Olimpíadas do Rio o futebol brasileiro se faz presente com os times masculino e o feminino. Quem quiser que assista o futebol masculino,com suas estrelas sem brilho. Quanto a mim, já sei aonde estarão minha atenção, expectativa, torcida e alegria. A você, Marta querida, meus agradecimentos do fundo da minha alma por haver devolvido a mim e a tantos brasileiros o nosso verdadeiro futebol e a admiração incondicional do mundo inteiro, longe dos interesses financeiros e dos nefandos labirintos do arrivismo. Viva Marta, viva Martinha, viva Martíssima! 
P.S. Este post já está bem longo mas tenho que registrar que pouco depois da postagem a seleção do Brasil enfrentou a da Austrália em partida eliminatória dos Jogos Olímpicos e empatou no tempo normal, avançando para as seminais do torneio. Na disputa por pênaltis o Brasil venceu por 7x6 e a única jogadora a perder uma cobrança de pênalti por nossa seleção foi justamente a magnífica Marta. O Brasil só seguiu em frente na competição graças à sua goleira Bárbara que fez duas defesaças antológicas e às demais jogadoras designadas para as cobranças, e que fizeram isso com enorme competência. Em momento que a melhor jogadora de todos os tempos falhou, as demais atletas brasileiras brilharam quando mais necessário se fez, heroicas, firmes, precisas, personalíssimas.

31 julho 2016

Ashley Wood, desenhista: um salto da Austrália para o mundo


Quando se ouve falar em Austrália, é inevitável: à nossa mente salta um canguru lépido, exibindo invariavelmente um filhote na bolsa. Num segundo momento vem um ornitorrinco. Em seguida, tais condicionamentos nos levam a pensar no Crocodilo Dundee, com aquela sua cara de pau equilibrada sobre o pescoço, agarrando jacarés no muque. Santos estereótipos, Batman! A Austrália está muito além disso. É país próspero, de gente maravilhosa, com artistas soberbos. Como este ilustrador, diretor de arte e desenhista de comics chamado Ashley Wood. Apesar de jovem, Ashley tem larga experiência e um talento maravilhoso. Seu nome se espalhou pelo mundo como desenhista de Tank Girl mas Ashley vai muito mais além disso. Comprove você mesmo clicando nos links: http://www.ashleywoodartist.com
http://www.ashleybambaland.blogspot.com.
(Publicado originalmente em 12/03/14)