26 novembro 2020

Retratando Antonio Conselheiro.

Há desenhistas que arrancam as próprias melenas, às vezes até bem raras, em busca de um estilo pessoal que seja passível de reconhecimento como se dá com sua escrita, cujo modo de delinear as letras as pessoas identificam de pronto. Não foi este o caminho que busquei na minha senda de ilustrador, vez que adoro mudar sempre que possível e o mais que puder, tentar novos rumos, novas linguagens, novas técnicas, buscando fugir da mesmice, de repetitivas soluções gráficas, dos maneirimos, do que é rotineiro. Para mim, fazer a mesma coisa em nome de um estilo pode se tornar algo previsível e mesmo cansativo, desestimulante. Sinto-me mais motivado mudando sempre que possível - geminiano sou - em eterno desafio, tentando surpreender positivamente o público leitor e até mesmo a mim próprio. Nestes retratos de Antonio Conselheiro intentei buscar duas alternativas, dois enfoques diversos. Em uma almejei criar um impacto mostrando em close as marcantes feições de um sertanejo atingido por graves e injustas perseguições que findaram por tirar-lhe a vida. Para tal, utilizei sobre papel ofício uma experimental bisnaga de tinta negra, destas para pintar paredes. Foi uma meleira completa, mas o resultado final me agradou. Na outra, mais clean, usando tinta acrílica fui em busca de um clima semelhante mas agora almejando situar o personagem no seu hábitat recortado por um céu digno de um glauberrochístico filme. Um pincel na mão e uma ideia fixa na cabeça.
(151114)