02 dezembro 2019

Aquarela, sketchbook, família e Clarice Lispector.

Alguns artistas não abrem mão de levarem consigo, onde quer que forem, um providencial caderninho, com o fito de fazerem anotações diversas, sendo um valioso auxiliar. É ali que, por exemplo, compositores, escritores e redatores soem anotar ideias que lhes surgem sem hora marcada nem prévio aviso. Se não anotam...puff! Essas ideias se vão e se perdem por aí, sabe lá Deus para onde elas vão. Desenhistas e pintores também costumam utilizar frequentemente seus caderninhos, atualmente rebatizados com um termo da língua inglesa, sketchbook, o que lhes garante uma importância maior nesse país de infindáveis aculturamentos. Nos meus diversos caderninhos há um monte de desenhos que jamais publiquei. São só estudos, divagações gráficas que podem servir de base para novos trabalhos de desenho ou pintura. Entre tais estudos, está este aí em cima, feito em aquarela bem manchada. Manchas à mancheia, como diria o vate. A temática surgiu inspirada em uma velha foto no meu álbum de família e, por isso mesmo, sempre que revejo, me vem à mente Clarice Lispector e eu acabo sentindo, qual ela, uma imensa saudade de mim.
(04/07/14)