27 agosto 2018

Cleomar Brandi: velório e sepultamento festejados com muita alegria

"Notícia não é  folha de outono; não cai no colo." Essa frase, dizia-a Cleomar Brandi, jornalista baiano nascido na cidade de Ipiaú que, acometido de câncer, faleceu em julho de 2011 em Sergipe, onde morava. Fica evidente que, além de periodista, o cara era também escritor e poeta. Não o conheci pessoalmente, mas tivemos amigos em comum, e trabalhei muito tempo no jornal A Tarde com seu irmão, o também jornalista Chico Ribeiro Neto. Por um amigo do IRDEB, Robério, fiquei sabendo que Cleomar, que viveu a vida intensamente, amava sua profissão com todas as forças da alma assim como amava os amigos e a própria vida, era um cara querido e especial. Tão especial que, sabendo que sua morte era iminente, reuniu as forças e escreveu uma carta de despedida reafirmando suas escolhas, seu amor à vida, os bons momentos vividos,  o apreço aos verdadeiros amigos. Edith Piaf em sua canção maior, Rien de rien, dizia que não, não se arrependia de nada e desfilava segurança e ausência de mágoas pelos acontecimentos de sua conturbada existência, desconsiderando cizânias, dores e traições em que porventura fora enredada, minimizando possíveis frustrações ocasionais na longa jornada do viver. Cleomar foi além, deixou determinado e bem claro a todos os amigos que eles deveriam fazer do seu velório não um acontecimento encharcado por copiosas lágrimas, pungentes lamentações que perdas costumam trazer, instantes para tristes e lancinantes lembranças do amigo que partira, mas, sim, uma alegre festa de celebração da vida, da felicidade de viver entre seres amados desfrutando da amizade verdadeira, momentos onde não coubesse nenhum pingo de deprimente tristeza, tudo muito de acordo com a filosofia que ele seguira à risca vida afora. E foi ainda mais longe: sabendo que os amigos, fiéis, iriam em peso ao seu sepultamento, conclamou que todos, depois de saírem do cemitério deveriam ir ao Bar do Camilo onde ele, previamente, deixara paga a conta para uma mais que alegre bebemoração com seus queridos confrades, ainda que ele ali não pudesse estar presente em seu corpo físico. Quem lá esteve, disse que no momento em que bebiam em seu louvor, surgiu no céu um inefável arco-íris duplo, indicativo de que Cleomar não ia perder essa, comparecia espiritualmente e se juntava aos amigos nessa sua retumbante festa de despedida deste mundo. O clima alegre e fraternal que marcou o encontro pode ser visto nestas fotografias que mostram a festa alusiva ao evento pós-sepultamento. Na última delas, uma foto recente do amado Cleomar, um ser humano que soube viver a vida, um anjo radiante em sua derradeira despedida, em sua última saideira. 
(09/08/11)