07 julho 2019

Will Esner e The Spirit / Uns cara que eu amo 2

  Dos meus alumbramentos na minha tenra infância ressoa forte uma HQ carregada do mais negro nanquim mostrando uma casa rudimentar em região de inóspito palude. Um ventilador de teto. Um homem com um jornal na mão que mata as moscas que insistem em pousar em sua mesa, em sua roupa e pele. Ele traz na boca um fumegante cachimbo e sua epiderme transpira por todos os poros enquanto se movimenta, impaciente, em ação mostrada do ponto de vista do alto da casa. Puro cinema em cada cena desenhada no papel. Tais imagens, instigantes, impactantes, colaram-se de forma perene na vida de minhas retinas ainda não fatigadas, na minha memória de infante. Cresci e só mais tarde descobri seu autor: Will Esner. O grande, o magistral, um manancial de criatividade extasiante, jorrando fartamente para o deleite de seus felizardos leitores, tanto no texto quanto nas ideias sempre renovadas. Will Esner. No Brasil ele se sentia muito à vontade por comprovar que aqui possuía uma legião incontável de incondicionais fãs de seu cinematográfico estilo. Entre eles, ói eu, embevecido, torcendo pelo Spirit, com sua máscara e um sorriso no canto da boca, sempre rodeado de belíssimas e voluptuosas vilãs como a nada angelical Satã.
                                                                                (30/10/2013)