08 outubro 2016

J. Jorge Amado e o esparro na Bahia

Uma das formas mais recorrentes de humor nesta terra achada por Cabral é o emprego de frases de duplo, às vezes triplo ou quádruplo sentido. Aqui no Nordeste, então, nem se fala, temos um arsenal delas que são largamente utilizadas em nosso afrobaiano cotidiano. Nessa coisa de frases de sentido duplo, muita vez o que parece ser uma indagação singela, inocente e despretensiosa camufla uma outra que é puro veneno, malícia, sacanagem. Revelado o logro verbalizado só resta rir junto sem chiar nem espernear. Senão invariavelmente alguém irá dizer que você está louco de raiva. Captou a dubiedade? Tais perguntas, anexins ou mero comentários são batizados aqui na Bahia de esparro e tem há séculos importante papel na nossa cultura oral, apesar de seu tom fescenino e de escracho total que não respeita regras ao utilizar-se do obsceno. Certamente por isto ninguém tivesse ousado até agora colocar o esparro em um livro como o fez o escritor João Jorge Amado em seu livro Lá ele! (o esparro na Bahia), pela Publit Soluções Editoriais. Nele João Jorge prestou um serviço sério aos bem-humorados deste país, coletando, selecionando, analisando e explicando o esparro. Doravante todos, incluindo você que não teve a imensa fortuna de nascer neste afrobaiano torrão, poderão dialogar com qualquer autêntico soteropolitano sem correr o risco de cair em quaisquer esparrísticas armadilhas verbais. Principalmente você, que chegou há pouco de fora. Captou? Captou?
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