10 março 2019

Sting: eis que um deus visita o cacique Raoni, distribui carinho e fala de Sir Elton John

 
Quando acontecem noites dos mais radiantes plenilúnios, os nativos do Xingu se reunem em torno de aconchegante lume para ouvir dos lábios dos seus macróbios e sapientes pajés miríades de misteriosas lendas e histórias plenas de magia e encantamento. Uma das mais belas versa que, em ensolarada manhã, um deus da música vindo de muito, muito longe, visitou um dia a tribo. Trazia ele em seu alforje um instrumento musical dantes nunca visto. O nome dessa deidade era Sting. Esse ser superior, de alvinitente tez, trouxe consigo para o Cacique Raoni e toda sua tribo uma canastra repleta de espelhos, colares, contas e miçangas que ele, com semblante sereno e feliz, passou a ofertar aos radiantes silvícolas. Em dado momento, ao abaixar-se para pegar mais bugigangas, o popstar e nume supremo deixou escapar sonoro flato. Sonoro, porém inodoro, como sói ser o flato de um correto súdito britânico. O indefectível ruído não passou despercebido aos atentos ouvidos de um guerreiro espadaúdo, alto e assaz musculoso que aproximou-se e olhando fixamente com seus amendoados e coruscantes zoinhos, sussurrou a Sting: "Índio não quer colar. Índio quer apito!" Inabalável, como bom súdito da Rainha, o camaleônico roqueiro, incontestavelmente espada e matador, redarguiu: "Mister Indian, este negócio de dar apito é com outro inglês, Mr. Elton John, que está vindo logo aí atrás em outra expedição!"
(20/05/14)