19 agosto 2018

Partindo para a ignorância com o Paulo Paiva / Pintando o Set 9


Justiça se faça, o cidadão Paulo Paiva - famoso no universo das HQs com o codinome Pepê - é um cara retado. E retado, aqui onde me encontro, neste afro-baiano torrão, significa que o indivíduo assim nominado é um sujeito competente, que sabe das coisas, cheio de denodo e de muita fibra. Fibra, aliás, é coisa que nele sobra, Pepê tem mais fibra que a embalagem de uma tonelada da Aveia Quaker vendida nos supermercados por aí. Tanto é verdade que nem um AVC conseguiu deter este meu amigo. Passado o susto inicial, Pepê - com o auxílio fundamental de sua cara-metade Suely Furukawa - lutou com determinação e foi reassumindo aos poucos seus afazeres que o fizeram tão conhecido e amado. Pois foi este meu amigo que um tempo atrás me pegou de surpresa ao me enviar via internet uma mensagem gravada em vídeo onde aparecia dirigindo-se a mim, falando entusiasmado sobre alguns desenhos meus que lhes havia remetido e que ele viria a publicar em uma das revistas de HQs, textos e cartuns que co-editava à época com Suely. No referido vídeo, mostrou-se mais que satisfeito com a qualidade do material que lhes enviei para publicação e me teceu elogios que um cara durão como sou, um ente machão-porém-mui-emotivo, não pode receber sem se debulhar em lágrimas dignas das vertidas por quaisquer acompanhantes das mais lacrimosas novelas mexicanas. Ah, meu Senhor do Bonfim, se esta história parasse por aqui, seria um final feliz digno de filmes de Hollywood. Mas o caso é que ao retomar suas atividades, além de editar, Pepê também foi voltando a escrever, criar e ainda desenhar. É bem aí, amigos, que reside indesejável cizânia. Tudo solamente porque dentre os confrades que fiz neste grande mulato inzoneiro, Pepê é daqueles que perdem o amigo mas não perdem a oportunidade de sacanear em nome de umas boas gargalhadas. Passado um recesso, eis que ele me enviou, de sua atual lavra, outra caricatura da minha magnânima e régia pessoa, apesar de eu já haver previamente alertado ao meu amigo que não aprecio gestos que tais. Em postagem anterior, cordatamente já o advertira, dei indiretas diretíssimas, já fiz ameaças veladas e outras escancaradas, já blasfemei, já vituperei, já desconjurei, mas nada do Pepê se mancar. Então mister se faz subir o tom. Que Seu Pepê não reclame quando estiver no conforto de seu sacrossanto lar e, sem aviso prévio, receber a contraporra. E se ele não sabe o que é isso, esclareço didaticamente que aqui na Bahia isto é o mesmo que receber a galinha pulando, o que equivale ao vivente se tornar alvo de uns catiripapos muito bem aplicados de sopetão nas fuças, como os que aplicarei resoluto naquela cara de sacana que ele tem assentada em cima do seu pescoço. Sou ainda capaz de fazer coisas mais deletérias. Isto é claro se Suely, mais exatamente Suely Hiromi Furukawa, se distrair por algum momento, pois de besta só tenho a cara. Plenamente cônscio de ser ela uma nissei versada em tradicionais nipônicas artes marciais não sou em quem vai dar moleza e passar de agressor a candidato à vaga em leito de UTI. Para lá quem vai mesmo é o Pepê se continuar a me enviar tantas e tão depreciativas caricaturas de minha augusta pessoa. Abre o olho, seu Pepê! E tenho dito.
(Publ. orig. 25/11/09)