11 junho 2018

Praias da Bahia, queijo coalho, cerveja e uma meninada que já batalha

Por mandos e desmandos de uma gente mui canalha, aqui nessa afro-baiana metrópole denominada Soterópolis, o desemprego é uma constante e os soteropolitanos das camadas econômicas mais desapetrechadas do metal vil, que nenhum deles jamais viu, viram-se e reviram-se como podem. Sendo assim e assim sendo, em dias solares, enquanto uns, os viventes mais privilegiados dessa urbe baiana, quedam-se mirando o lânguido ir e vir do Atlântico e vão bebericando gélidas cervejotas buscando - com um escopo evidentemente narcisístico - adquirir um êneo tom epidérmico expondo-se ao sol, outros, os desafortunados, dão duro em busca de uns somíticos trocados. Magotes de meninos da periferia, por exemplo, caminham pelas areias quentes entre as barracas das praias no firme propósito de ganharem algumas moedas mercando queijo coalho, que é por eles derretido na hora, à vista do cliente. Para tanto levam em uma mão uma bandeja com o dito queijo, ainda cru, e na outra uma lata cheia de carvão dotada de uma alça de arame que eles balançam no ar para avivar a brasa, qual um turíbulo que sacristãos, oblatos ou coroinhas agitam em missas ou em procissões. Com o calor daí advindo, os guris conseguem - para gáudio do cliente - preparar com sucesso a iguaria queijocoalhística. Aí, gente fina, se a brasa não cair em cima de sua impoluta pessoa, já meio tostada pelo sol ou se você não tomar por descuido uma latada nas fuças, deve louvar grandemente o fato de ser um vivente de sorte e aproveitar, pois o queijinho coalho é acepipe dos melhores, gente boa! 
******A guisa de ilustração, vai aí essa pintura que fiz com a sempre fiel e prestativa tinta acrílica, sobre uma tela nas dimensões 30cm x 30cm, mostrando estes dois meninos com papéis beeeem diferenciados nessa nossa mui desigual sociedade, a baiana e a brasileira.
(24/07/2011)