10 março 2023

Paulo Caruso, tenor da caricatura, um virtuose que jamais desafinava/ Pintando o Set


É só Paulo Caruso chegar para a monotonia e a tristeza saírem de fininho. É imensa fortuna ser seu amigo, posto que Paulo é uma festa. Sua catadura de paulistano taciturno oculta um ser humano amabilíssimo de riso aberto e franco e um fino causeur que sabe falar e ouvir na hora certa. Se as coisas estão paradas, toca um instrumento e solta a voz alegrando o ambiente.      Eis que em um dia perdido no tempo, num bar no Recife dos rios cortados de pontes, dos bairros, das fontes coloniais, enquanto traçávamos uns conhaques, Paulo traçou também esta carica minha. Eram os anos 80s e o cartum e a caricatura ainda não haviam me dado fama e fortuna. Em verdade não deram até hoje, mas Manoel de Barros e Cora Coralina, gente da mais elevada estirpe, também tiveram dissabores que tais antes do devido reconhecimento. Olhando hoje esta caricatura, notam os mais argutos que meu charme másculo e minha beleza apolínea só fizeram aumentar em muito com o tempo que passou. Pelo menos uns 20 quilos.

( 27/04/12)